Empresa cria ilustrações de suspeitos para a polícia, usando DNA de cenas de crimes
Uma empresa de biotecnologia está oferecendo um serviço totalmente novo para a polícia americana: a reconstrução do rosto de um suspeito baseada nas amostras de DNA retiradas da cena do crime.
O “Snapshot” da Parabon Nanolabs é basicamente um palpite – a reconstrução não é precisa -, mas é bom o suficiente para que já tenha sido usado em 10 casos de diferentes departamentos de polícia dos EUA.
“Está dando aos investigadores novas pistas”, explica Ellen McRae Greytak, diretora de bioinformática da Parabon.
Inédito
O primeiro departamento policial a liberar uma previsão de rosto de um suspeito para o público é o de Columbia, da Carolina do Sul, como é possível ver na imagem acima. O cartaz descreve uma “pessoa de interesse” (homem) no assassinato não solucionado de Candra Alston, 25 anos, e sua filha de três anos de idade, em 2011.
Nos últimos anos, os pesquisadores fizeram grandes avanços em direção a ser capaz de reconstruir a aparência das pessoas a partir de seu DNA. As empresas de biotecnologia Identitas e Illumina já oferecem palpites de cor dos olhos e cabelos, mas a Parabon Nanolabs parece ser a única que oferece uma estimativa de rosto.
Especialistas dizem que a pesquisa em genética indica que não é possível deduzir o rosto de alguém tão facilmente a partir do DNA. Greytak responde que as ilustrações Snapshot são mais precisas do que se poderia pensar e, de qualquer maneira, elas precisam apenas estar próximas o suficiente da realidade para ativar a memória de uma testemunha, por exemplo.
Polêmica
O aspecto mais controverso de Snapshot é a sua previsão da forma de um rosto. A cor dos olhos e a cor do cabelo têm se mostrado cientificamente bastante previsíveis a partir de DNA. No entanto, toda a literatura científica que está disponível publicamente sugere que os pesquisadores estão apenas começando a entender como prever o formato do rosto de uma pessoa a partir de sua genética, por essa característica ser controlada por muitos genes, bem mais do que a cor do cabelo e dos olhos, os quais podemos estar “90% confiantes” a partir de análises.
A Parabon Nanolabs fez uma pesquisa que é um pouco diferente de outros estudos da área. Eles analisaram 1 milhão de letras distintas no genoma humano, chamadas de polimorfismos de nucleotídeo único ou SNPs (na sigla em inglês).
SNPs individuais, assim como combinações de até cinco SNPs, estão associadas com diferentes formas da face. Há uma grande limitação de sua pesquisa, no entanto. Computadores simplesmente não podem testar todas as combinações possíveis. Por exemplo, há 170 quatrilhões de combinações possíveis de três SNPs em um conjunto de 1 milhão de SNPs. Então, a Parabon usa um algoritmo para escolher menores combinações que acredita serem mais importantes para testar.
Não está claro se essa técnica funciona melhor do que as outras, porque a empresa não apresenta seus dados para grupos de fora os verificarem, o que outros cientistas acham ruim. “Se ela não faz isso, está vendendo uma ferramenta opaca que as agências policiais estão usando. Precisamos de validação da ciência”, diz Ranajit Chakraborty, geneticista da Universidade North Texas (EUA).
Prova experimental
Greytak diz que a Parabon Nanolabs frequentemente valida o Snapshot com os seus clientes, que são órgãos federais e estaduais responsáveis pela aplicação da lei, fazendo testes. As agências enviam amostras de DNA de pessoas que conhecem, a empresa gera uma ilustração de rosto e, em seguida, a agência envia as fotos da pessoa real para comparação.
“É um passo que muitas agências percorrem antes de decidir comprar Snapshot para um caso”, diz Greytak. Dependendo de quão volumosas e frescas as amostras de DNA são, uma ilustração Snapshot pode custar até US$ 5.000 (cerca de R$ 16 mil, no câmbio atual) por suspeito.
O que você acha? Que o Snapshot pode se tornar, como Greytak espera, em “um passo fundamental nas investigações” policiais? [POPSCI]