Esferas BeLaU: Tecnologia Alienígena ou Contaminação Terrestre?

Por , em 19.11.2023
Um close-up de uma das esferas metálicas 'anômalas' retiradas do Oceano Pacífico em junho de 2023. Objetos como estes são abundantes e quase impossíveis de rastrear. (Crédito da imagem: Avi Loeb/Medium)

Esferas metálicas minúsculas encontradas no Oceano Pacífico provavelmente são resultados da atividade industrial humana e não fragmentos de um meteorito interestelar, como apontam pesquisas recentes.

Avi Loeb, um físico astrônomo de Harvard especializado na busca por fenômenos extraterrestres, sugeriu inicialmente que estas pequenas esferas de metal, localizadas no fundo do mar perto da Papua Nova Guiné, seriam restos de um meteorito interestelar, possivelmente contendo indícios de tecnologia alienígena. Esta hipótese surgiu durante uma expedição para localizar destroços de um meteoro observado em 2014, que Loeb e sua equipe acreditavam ser de origem interestelar devido à sua alta velocidade. O foco da equipe se voltou particularmente para cinco esferas com concentrações atípicas de berílio, lantânio e urânio, denominadas por Loeb como “esferas BeLaU”.

No entanto, análises independentes sugerem agora que essas esferas são mais provavelmente subprodutos da combustão de carvão na Terra, e não detritos cósmicos. Esta teoria alternativa ganhou apoio de múltiplos estudos recém-publicados.

A veracidade da natureza interestelar do meteoro em si também está sendo questionada. Apenas sensores militares dos EUA registraram o meteoro, levando alguns a especular sobre a precisão da medição de sua velocidade. Além disso, estudos recentes, incluindo um de Steven Desch e Alan Jackson, argumentam que mesmo se o meteoro fosse interestelar, a maior parte dele teria vaporizado ao entrar na atmosfera terrestre, deixando resquícios insignificantes.

Além disso, a dificuldade de vincular as esferas especificamente ao meteoro de 2014 complica ainda mais a situação. O local exato de pouso do meteoro permanece desconhecido, tornando desafiador rastrear essas esferas até esse evento específico. Adicionalmente, esferas metálicas similares são comumente encontradas no fundo do oceano, resultantes de várias fontes, como micrometeoritos, atividade vulcânica ou processos industriais.

Um artigo de Patricio Gallardo, publicado na revista Research Notes of the AAS, lança mais dúvidas sobre a hipótese extraterrestre. Ele destaca a semelhança entre a composição das esferas e os poluentes de cinzas de carvão, sugerindo uma origem terrestre.

Embora a possibilidade de uma origem extraterrestre para as esferas não seja totalmente descartada, as evidências atuais apontam fortemente para uma fonte terrestre. Esse sentimento é ecoado por Caleb Scharf, astrobiólogo da NASA, que observou que a descoberta ironicamente aponta para sinais de atividade tecnológica na Terra.

Em resposta a esses achados, Loeb manteve sua posição em uma postagem recente no blog Medium. Ele argumentou que os novos estudos carecem de exame direto das esferas, portanto não podem negar conclusivamente sua possível origem extraterrestre.

Este debate levanta questões significativas sobre a nossa capacidade de identificar e interpretar corretamente materiais de origens diversas. Enquanto a hipótese de Loeb captura a imaginação do público e da comunidade científica, destacando a possibilidade intrigante de tecnologia alienígena, as análises recentes nos lembram da necessidade de rigor científico e da consideração de explicações mais mundanas.

A investigação em torno dessas esferas metálicas ilustra a complexidade de distinguir entre fenômenos naturais e artificiais na Terra e no espaço. Revela também como a atividade humana pode criar sinais que, à primeira vista, podem parecer extraterrestres. Este caso destaca a interseção entre a astrobiologia, a ciência ambiental e a antropologia, onde a busca por vida e tecnologia fora da Terra encontra a análise crítica dos impactos humanos no nosso próprio planeta.

À medida que a pesquisa avança, ela nos oferece uma visão fascinante das maravilhas do universo e da nossa responsabilidade em compreendê-las e interpretá-las com cuidado e precisão. A busca por respostas nos confins do espaço muitas vezes reflete as questões e desafios que enfrentamos aqui na Terra, misturando a exploração cósmica com reflexões sobre nossa própria existência e impacto no meio ambiente. [Live Science]

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