Essa incrível espiral “Fibonacci” foi criada por duas criaturas marinhas

Por , em 10.01.2024
Van den Bemd via Storyful

Como fotógrafo profissional e guia especializado em regiões polares, Piet van den Bemd vivenciou um evento notável ao operar um drone sobre as águas gélidas da Antártica. A câmera do drone registrou um padrão único emergindo das profundezas do oceano.

Esse padrão se manifestava como um espiral de bolhas azul-claras na superfície da água, lembrando muito a espiral de Fibonacci – um padrão reconhecido e frequentemente observado em vários aspectos da natureza, desde plantas até animais.

A origem desse espiral só foi compreendida por van den Bemd quando ele viu de onde ela vinha.

No centro da espiral, emergiram duas bocas enormes, abertas e prontas para se alimentar.

Eram baleias-jubarte.

Em diálogo com a Storyful, uma agência de notícias, van den Bemd compartilhou seu encantamento com o acontecimento. Ele se mostrou especialmente impressionado pela precisão com que a espiral de Fibonacci foi formada, descrevendo-a como “incrível”.

Há mais de trinta anos, cientistas têm conhecimento de que as baleias-jubarte utilizam bolhas como uma ferramenta. Em alguns casos, essas bolhas são usadas para intimidar outros animais, enquanto em outros, as baleias criam grandes barreiras de bolhas que confinam peixes e krill em espaços cada vez menores.

Esse método específico é conhecido como alimentação por rede de bolhas e depende da colaboração estratégica de duas ou mais baleias-jubarte.

Em sua conta no Instagram, van den Bemd descreveu esse método de caça como “a perfeita colaboração da natureza se desdobrando sob as ondas”, uma opinião difícil de ser contestada.

Embora alguns possam interpretar padrões de Fibonacci na natureza como sinal de uma eficiência subjacente, em casos como este, o padrão é simplesmente uma espiral apertada, provavelmente resultado de um timing bem praticado. Isso, no entanto, não diminui sua beleza.

A alimentação por rede de bolhas envolve as baleias mergulhando profundamente e liberando bolhas simultaneamente em direção à superfície. Geralmente, uma baleia lidera na criação da barreira de bolhas, enquanto as outras guiam a presa para dentro desta armadilha temporária.

Uma vez que a presa está densamente agrupada, as baleias abrem suas imensas bocas e começam a engolir, frequentemente passando pelo centro da espiral.

Este comportamento, acredita-se ser transmitido culturalmente, é raramente capturado em câmera devido à natureza elusiva das baleias-jubarte. A maioria dos registros vem de populações de baleias no Hemisfério Norte.

Contudo, o surgimento de drones operados por cientistas cidadãos está revolucionando nosso entendimento sobre o comportamento das baleias. Estas visões aéreas estão fornecendo insights sem precedentes sobre a vida das baleias.

No Hemisfério Sul, os drones capturaram várias instâncias de baleias-jubarte engajadas na alimentação por rede de bolhas em tempos recentes.

Um caso notável ocorreu na costa leste da Austrália, onde até 33 baleias foram registradas participando deste comportamento de caça. Este acontecimento foi particularmente intrigante, pois ocorreu em suas áreas de reprodução, onde se acreditava anteriormente que elas evitavam se alimentar. Isso levou os cientistas a reconsiderar seu conhecimento sobre os padrões migratórios das baleias-jubarte.

A complexidade dessas criaturas inteligentes permanece em grande parte um mistério. Alguns especialistas que observaram o comportamento de sopro de bolhas das baleias várias vezes especulam que isso pode até ser uma forma de recreação.

Doug Perrine, fotojornalista profissional, compartilhou sua experiência na revista Hakai, observando uma jovem baleia-jubarte feminina criando um anel de bolhas na água.

Ele notou a ausência de alimentos ou outras baleias nas proximidades e descreveu como a baleia parecia olhar para cima, aparentemente admirando sua criação. Ele ponderou se esse comportamento era um treinamento para futuras estratégias de alimentação ou simplesmente uma apreciação pela beleza visual dos espirais cintilantes de bolhas.

A compreensão plena desses comportamentos continua a ser um enigma, mas a observação e pesquisa contínuas podem eventualmente revelar mais informações sobre esses seres fascinantes. [Science Alert]

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