Não fazemos ideia de qual é a força misteriosa que alimenta as auroras de Júpiter

Por , em 11.09.2017

As auroras fascinantes de Júpiter são as mais poderosas de todo o sistema solar, e já faz um tempo que os cientistas estão tentando desvendá-las.

Agora, novas observações feitas pela sonda espacial Juno, da NASA, revelaram que esses shows de luz cósmica são gerados por uma fonte de energia completamente inesperada, bastante diferente do fenômeno que ocorre aqui no planeta Terra.

“Em Júpiter, as auroras mais brilhantes são causadas por algum tipo de processo de aceleração turbulenta que ainda não entendemos muito bem”, explica o principal pesquisador do estudo, Barry Mauk, da Universidade Johns Hopkins (EUA).

O registro

O Instrumento de Detecção de Partículas Energéticas de Júpiter, da Juno, registrou assinaturas de energia acima do polo norte do gigante de gás quando a sonda passou por ele a mais de 160.000 km/h.

A essa velocidade, o dispositivo teve apenas alguns segundos para fazer suas medidas, mas nos deu a primeira chance de observar diretamente os processos por trás das emissões aurorais de Júpiter.

Em nosso planeta, os brilhos aurorais mais intensos são criados por “poços” de eletricidade, que aceleram os elétrons para a superfície ao longo das linhas no campo magnético da Terra.

Quando essas partículas carregadas colidem com gases na atmosfera superior, as moléculas de gás liberam fótons, que produzem brilhantes e turbulentas luzes no céu acima das regiões polares.

Já em Júpiter…

Os elétrons na atmosfera de Júpiter são acelerados em direção ao planeta em energias de até 400.000 elétron-volts, o que é até 30 vezes maior que o observado na Terra.

Em outras palavras, a luz acima dos polos de Júpiter é dez vezes mais brilhante do que a vista aqui, e deve ser muito mais do que estupenda.

À medida que esses elétrons no campo magnético de Júpiter adquirem mais energia, tornam-se instáveis, com ondas de turbulência aleatórias.

Essas ondas podem acabar por impulsionar os próprios elétrons – como surfistas em uma onda do mar -, e a equipe de Mauk sugere que isso é responsável pela produção das exposições brilhantes de Júpiter.

Mais observações

Por enquanto, essa é apenas uma hipótese, já que a equipe ainda não entende direito o que está ocorrendo nas auroras jupterianas.

Mas este movimento baseado em ondas é a melhor explicação que temos, por enquanto.

“Isso é muito emocionante porque significa que temos muito mais trabalho pela frente para descobrir o que está acontecendo exatamente”, disse o astrofísico Jonathan Nichols, da Universidade de Leicester (Reino Unido), que não participou do estudo. “Júpiter não vai entregar seus segredos tão facilmente, parece”.

As descobertas foram relatadas na revista científica Nature. [ScienceAlert]

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