Esse simples sintoma de Alzheimer no começo da doença costuma passar despercebido: estudo

Por , em 24.08.2017
Thinking

Pesquisadores analisaram um indicador de mal de Alzheimer que pode ajudar no diagnóstico precoce e facilitar o acompanhamento da evolução da doença.

Atualmente, o principal sintoma da doença que ajuda no diagnóstico é a falta de memória, mas isso é problemático, porque quando o paciente chega neste ponto, ele já pode estar com a doença há 20 anos, sem saber.

Agora, cientistas da Universidade de McGill (Canadá) estão investigando uma nova forma de fazer um diagnóstico mais cedo, com base na dificuldade do paciente em identificar cheiros.

O trabalho foi publicado na revista Neurology. Nele, pesquisadores estudaram 300 pessoas geneticamente propensas a desenvolver Alzheimer, já que eram filhos de pacientes que sofreram com a doença. Eles tiveram que cheirar várias substâncias, entre chicletes e gasolina, e tentaram identificar o que estavam cheirando.

Além disso, 100 pessoas com média de idade de 63 anos autorizaram que os pesquisadores examinassem regularmente as proteínas do fluido espinhal, que estão relacionadas à doença. Esse teste é feito por punção lombar, um exame bastante desconfortável.

Os pesquisadores observaram que aqueles que tinham maior dificuldade em identificar corretamente os cheiros também apresentavam maiores indicações biológicas da doença.

“Essa é a primeira vez que alguém conseguiu mostrar claramente que a perda da habilidade de identificar cheiros está relacionada com marcadores biológicos que mostram a progressão da doença”, diz a autora principal do estudo, Marie-Elyse Lafaille-Magnan.

“Por mais de trinta anos, pesquisadores têm explorado a relação entre a perda da memória e a dificuldade de pacientes em identificar diferentes odores. Isso faz sentido porque sabemos que o bulbo olfativo e o córtex entorrinal (envolvido com a memória e habilidade de nomear os cheiros) estão entre as primeiras estruturas cerebrais a serem afetadas pela doença.

O teste do cheiro poderia ser usado para identificar a doença antes que outros sintomas sequer apareçam. Este acompanhamento precoce pode também reduzir os sintomas clássicos quando eles aparecerem.

“Se pudermos atrasar o aparecimento dos sintomas em apenas cinco anos, devemos conseguir reduzir a prevalência e seriedade desses sintomas em mais de 50%”, diz o diretor do Centro de Estudos da Prevenção da Doença de Alzheimer na Universidade McGill, John Breitner.

Os pesquisadores alertam, porém, que mais estudos devem ser feitos para confirmar se o alfato das pessoas com Alzheimer diminui conforme a doença evolui. Se a relação entre o olfato e a doença for melhor entendida com novos estudos, pode ser que procedimentos caros e desconfortáveis como a punção lombar sejam substituídos por simples testes olfativos.

Por enquanto, a dificuldade em identificar cheiros não é um sintoma exclusivo do Alzheimer, e pode estar relacionado a outras doenças. Por isso, não deve ser utilizado como substituto dos exames feitos atualmente para o diagnóstico. [IFLScience, Neurology]

Deixe seu comentário!