Estudo brasileiro descobre se a saúde de pessoas obesas pode melhorar sem dieta

Por , em 2.10.2018

Uma pessoa obesa precisa obrigatoriamente fazer uma dieta e perder peso se quer ter uma saúde melhor, certo? Nem sempre. Um estudo da Faculdade de Saúde Pública da USP mostrou que pessoas acima do peso não precisam perder esses quilos a mais para melhorar a capacidade física, saúde cardiovascular e qualidade de vida.

Participaram do estudo 58 mulheres obesas, que foram acompanhadas por sete meses. Nenhuma teve redução de peso, mas saíram da experiência mais ativas e entendendo melhor os sinais da fome e saciedade que o corpo envia. Este trabalho foi publicado na revista PLOS One, e é fruto do doutorado da nutricionista Mariana Ulian.

A base do trabalho foi o conceito Health at Every Size (Saúde em Todos os Tamanhos), criado nos EUA. Esta abordagem prioriza a saúde e o bem-estar geral, e não o peso.

Saciedade e filosofia

As voluntárias tinham entre 25 e 50 anos, índice de massa corporal (IMC) entre 30 e 39,9 e eram sedentárias. Elas não tinham diabetes, doença coronária ou renal, e não usavam remédios para emagrecer, diuréticos ou supressores de apetite.

Elas foram divididas em dois grupos: controle e intervenção. O primeiro grupo participou apenas de palestras sobre o conceito Saúde em Todos os Tamanhos. Já o grupos de intervenção também recebeu esta abordagem, mas também aconselhamento nutricional e atividades físicas variadas – de dança até lutas. Elas também participaram de cinco oficinas filosóficas com um professor com formação em filosofia e educação física. Nessas oficinas foram debatidos temas como desejo e moralização da saúde.

A intervenção não contou com nenhum tipo de restrição calórica. As voluntárias foram orientadas a prestar atenção nos sinais de saciedade e se alimentar com base nisso. Elas também passaram a planejar a alimentação e participar de experiências culinárias.

Muitas participantes relataram no início do estudo que não gostavam de cozinhar e que faziam compras de alimentos sem planejamento.

Resultados

Não houve mudanças significativas no peso das participantes, IMC ou circunferência da cintura ou do quadril, mas houve melhora na capacidade aeróbica e função muscular do grupo que sofreu intervenção.

Elas também passaram a comer menos alimentos ultraprocessados, aumentaram o consumo de frutas e verduras e ficaram mais engajadas em atividades físicas fora do experimento. Elas também aprenderam a identificar melhor os sinais de saciedade e ficaram mais conscientes sobre o “comer emocional”.

A autora do trabalho apontou que as experiências culinárias foram muito importantes para elas, que ficaram mais interessadas em comidas feitas em casa e perderam a aversão por cozinhar. “Quem no começo relatou não gostar de cozinhar, no final da intervenção relatou que estava motivada com isso, que não demandava tanto tempo assim como elas imaginavam e era um jeito interessante delas diversificarem ingredientes e tempero”, conta Mariana.

Portanto, o estudo prova que estudar os alimentos e sua preparação, conhecer melhor os sinais que o próprio corpo manda, trabalhar as emoções e realizar atividades físicas por prazer trazem ótimos resultados, sem precisar cortar alimentos da dieta e focar na perda de peso. [Jornal da USP]

2 comentários

  • Eny Monteiro Cardoso:

    Boa tarde! na realidade gostaria de saber onde e como faz o exame teste de marcador de doença de alzheimer (liquor: B.Amiloide TAO e quanto custa. Por favor é pro meu pai ele tem 84anos e recebe um salario de aposentadoria

    • Cesar Grossmann:

      Eny, você vai ter que procurar a rede pública de saúde para se informar.

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