Fomos projetados para a monogamia?

Por , em 18.04.2008

Apenas 3 ou 5% das quase 5 mil espécies de mamíferos (incluindo os humanos) formam laços duradouros e monógamos com os mais notórios sendo os castores, lobos e alguns morcegos.

A monogamia social é um termo que se refere a criaturas que formam casais e criam seus filhotes, mas ainda tem “casos” extraconjugais. Casais sexualmente monógamos se acasalam apenas com um parceiro. Portanto um marido que trai a esposa com outra relação romântica e volta para casa em tempo de colocar as crianças na cama seria considerado socialmente monógamo.

Além disso, a definição de monogamia, para os cientistas, varia.

Psicólogos evolucionários já sugeriram que os homens tem maior possibilidade de ter sexo extraconjugal, parcialmente devido à necessidade masculina de “espalhar os genes” através da disseminação de esperma. Tanto mulheres como homens, dizem estes cientistas, tentam melhorar seu progresso evolucionário ao procurar parceiros de alta qualidade, embora o façam de maneiras diferentes.

A parceria comprometida entre um homem e uma mulher evoluídos, dizem alguns, é para o bem-estar das crianças.

“As espécies humanas evoluíram para formar compromissos entre homens e mulheres com o propósito de cuidar das crianças, portanto isso é um laço”, disse Jane Lancaster, uma antropóloga evolucionária da Universidade do Novo México (EUA). “No entanto esse laço pode se enquadrar em todo o tipo de padrões de casamento: poligamia, pais e mães solteiros, monogamia.”

A espécie humana é única entre os mamíferos no fator investimento dos pais ao criar os filhos.

“Nós sabemos que com os humanos há um laço entre o casal que é bastante forte, e há mais investimento paterno do que na maioria dos demais primatas”, disse Daniel Kruger, psicólogo social e evolucionário da Universidade de Michigan (EUA). “Nós somos especiais neste aspecto, mas ao mesmo tempo, como a maioria dos mamíferos, nós somos uma espécie polígama.” Daniel disse que os humanos são considerados “levemente polígamos”, pois os homens se acasalam com mais de uma fêmea.

Se as pessoas casadas ou com outros tipos de compromissos procuram por mais sexo, isso depende dos custos e benefícios.

“Há bastante evidência de que os homens têm menos a perder do que as mulheres ao ter sexo extraconjugal”, disse Jane. “Por ter menos a perder é mais fácil para que eles o façam.”

As mulheres, no entanto, podem perder os recursos do “papai” no que tange a cuidar dos filhos. “Para a mulher o bem-estar das suas crianças não é maior por causa da promiscuidade”, disse Jane ao LiveScience.com.

Alguns cientistas vêem tanto a monogamia social como a sexual em humanos como estrutura social ao invés de como um estado natural.

“Eu não acho que sejamos animais monogâmicos”, disse Pepper Schwartz, professora de sociologia da Universidade de Washington em Seattle, EUA. “Um animal realmente monogâmico é o ganso, que nunca se acasala novamente mesmo que seu parceiro (a) seja morto (a).”

Ela adicionou que a “monogamia é inventada para haver ordem e investimento, mas não necessariamente porque é `natural´.” [Fonte]

14 comentários

  • F.I.D.E.L.I.D.A.D.E:

    De boa? Vamos ser francos e parar de ser hipócritas (canso de ouvir essa palavra). Deixe de lado agora a sua imagem diante da sociedade e me diga: Qual é o homem que não se interessa em transar com uma mulher gostosa (ao seu estilo de perfeição) mesmo estando com outra?

    Por mais que você esconda isso a todo custo de sua namorada/esposa, no fundo, você sabe que não resistiria caso surgisse uma oportunidade perfeita onde não estaria comprometendo a sua relação! Aposto que você já se fantasiou com uma terceira pessoa mesmo estando comprometido…

    Nunca que fomos feitos para ficarmos apenas com uma parceira/parceiro. Porque se fossemos, não ouviríamos tantos relatos de infidelidade. Sabemos que parte de nós quer mais de uma experiência (extinto) e a outra (razão), na qual fomos obrigados e forçados a aderirmos de acordo com a nossa cultura/educação desde pequenos, deseja seguir os padrões impostos pela sociedade para não sermos visto como “incomum” ou acusado de “infiel”. Digo que “fomos forçados a aderirmos de acordo com a nossa cultura/educação”, pois existem países onde é permitido o casamento, por exemplo, com meninas virgens com menos de 12 anos e, em outros, onde é permitido o casamento com mais de uma mulher ao mesmo tempo, como acontece na Arábia saudita onde a poligamia é permitida.

    O que acontece é que as pessoas, por respeito, tabu, medo, influência de terceiros (família), necessidade de manter o “status” e aparência, se submetem ao casamento e a fidelidade para o resto da vida. Mas, uma vez perdido esse respeito, tabu, medo etc., a pessoa volta à suas origens e interesses verdadeiros, que todos nós sabemos qual é: R.E.P.R.O.D.U.Ç.ÃO.

    Nós vivemos para que? A resposta: Reproduzir!

    Nós trabalhos, estudamos, nos dedicamos dia-a-dia, durante vários anos para que? A resposta: conseguir dinheiro para ter acesso mais fácil e chamar a atenção do sexo oposto! Resumindo: Reproduzir!

    Você se maquia, vai à academia, usa roupas de marcas, faz cirurgias plásticas, coloca silicone, pinta o cabelo, enfim, tenta parecer o mais bonito/bonita e saudável possível, para que? A resposta: Para transar, fazer sexo, ou seja: Reproduzir!

    O que move o mundo não é o dinheiro e sim o sexo, pare para pensar: Tudo o que fazemos, nos tornamos, pensamos e falamos é com o objetivo de conquistar o maior número possível de fêmeas/machos. Para tanto, precisamos ter dinheiro e sermos reconhecidos como tal. Qual é a maior felicidade/benefícios de um rico ou famoso? Poder ser reconhecido e ter aos seus pés o maior número possível de mulheres/homens simultaneamente e poder escolher a dedo qual vai levar para a cama na hora e dia que quiser.

    Mesmo sabendo de tudo isso, estando compromissado e também tendo essa vontade constante de me relacionar com várias mulheres que considero bonitas a meu ver, continuo indo contra o meu extinto e necessidade e me mantenho fiel até hoje!

    Meu motivo? Simples: Pela razão e ordem moral. Caso o sexo seja banalizado e a fidelidade definida como coisa do passado. Aí sim teremos um problema sério. Viraremos animais! Literalmente! Pois o que nos torna mais humanos é a razão.

    Você já IMAGINOU como seria um mundo onde o sexo fosse tido como tão comum quanto ir ao banheiro ou tomar água? A sua mulher ou filha iria para um dia no trabalho/escola e no caminho, seria “abusada” (coloco entre aspas, pois não sei se abusado seria o termo correto a ser utilizado numa época onde o sexo é liberado) no mínimo umas 3 vezes por dia, levando em consideração que ao longo do trajeto vários homens passariam por elas.

    Por isso evoluímos, por isso existem os tabus, a ordem, as punições para estupradores e a repreensão.

    Nada mais correto que: Ordem e Progresso!

    Pena que não é levado tão a sério assim…

    • Falcone Big:

      E salve Freud.

    • Wesley Ribeiro:

      Não responda por mim, sou um Homo Sapiens do sexo masculino, heterossexual e não me encaixo de maneira nenhuma na sua descrição feita acima.

      O Comprometimento e a exclusividade não são frutos de uma manipulação social e nem da vaidade de se ter um status social. O Comprometimento, a exclusividade, a lealdade, o respeito, o carinho, a fidelidade são oriundas do ”AMOR VERDADEIRO”!

      Quando se ama de verdade, naturalmente, não há a necessidade de buscar o carinho e o amor, ou o saciamento dos desejos sexuais em outra pessoa. Amor é uma sensibilidade abstrata e não concreta, não há explicações químicas para o amor. Amor não é causado por mecanismos fisiológicos envolventes de hormônios ou células nervosas. Hipócrates estava errado ao dizer: “Os homens devem saber que do cérebro, e só do cérebro, derivam prazer, alegria, riso e divertimento, assim como tristeza, pena, dor e medo”. Não há influencias da dopamina, da norepinefrina e nem serotonina neste sentimento. O que há então? Há uma grande confusão do que seja Amor e Paixão.

      Amor é um sentimento totalmente divergente de Paixão, a Paixão envolve reações eletroquímicas de neurônios transmissores e receptores, envolve ocorrências biológicas atreladas também a atração sexual, mais a paixão não envolve apenas atração física. Paixão envolve um encanto, o gosto pelo jeitinho que a pessoa tem, os gestos, o sorriso, todos esses encantos e o sentimento drasticamente forte são a Paixão. Por isso existe paixão a primeira vista, é possível que você ao ver primeiramente alguém, se apaixona, mesmo sem conhece-la, afinal, foi seu cérebro que selecionou aquela pessoa como um possível companheiro ou parceiro de reprodução.

      Amor é diferente, é bem mais forte, é exponencialmente e extremamente envolvente e poderoso, é extraordinariamente diferente de Paixão e atração física. Quando se ama alguém de verdade você se trava com outras pessoas, os casos de infidelidade são explicados pelo seguinte motivo: ”A Massa dominante dos casais atuais, não se amam de verdade”, acham que amam, mais não amam…. por isso existe a traição, que nada mais explicaria melhor ela do que a ”falta de amor”.

      Enfim, o Amor não é cientificamente explicável, porém existe ainda em algumas pessoas, e nessas ele funciona. Não há desejo que o supere!

    • Rogerio Luiz Trevizan:

      Belo texto. Se o Wesley nao se enquadra fazer o que?

  • Jerah del Valle:

    Acho que a verdadeira coisa em questao, quando se fala em poligamia / monogamia, e o “motivo” da coisa, em si.

    E tao facil achar perfeitamente natural quanto e facil odiar a ideia da coisa toda. Portanto, pensando logicamente, o fator determinante nao esta no meio externo, mas, sim, dentro de nos.

    Todos usamos mascaras para esconder aquilo que sentimos, pelo menos, e, mais ainda, criamos verdadeiras muralhas para evitar que alguem nos “atinja aonde doi” e e nesse ponto que a coisa se explica.

    Nao e nada assim tao estranho que sua mulher ou seu marido se envolva com outra pessoa. Esse fato, voce pode encara na boa e, para alguns, e ate excitante. O que acontece e que voce SE COMPARA aquela pessoa em questao e, como nao se pode enganar a si mesmo, quando voce conclui que o objeto de interesse do seu parceiro possui QUALQUER caracteristica que voce julga nao ter, tem-se o problema.

    O ser humano nao quer se sentir trocado por alguem que seja mais jovem, mais rico, mais bonito, mais atletico, mais exotico, etc…esse e a verdadeira questao.

    O modelo da poligamia, na MINHA opiniao, tira dos ombros de uma pessoa, seja ela o homem ou a mulher, a obrigacao de ser “quase perfeito”. Penso que, hoje em dia, ha uma exigencia tao grande de ambas as partes que faz com que seja quase impossivel encontrar-se tudo numa so pessoa… Todavia, essa escolha das possiveis 3a, 4a pessoa, etc, NAO PODERIA, JAMAIS, SE BASEAR EM FRIVOLIDADES. Ter-se-ia que escolher um parceiro/a seguindo RIGOROSAMENTE as mesmas normas de respeito e cortejo que se utilizou para escolher o primeiro. E dar-se, consequentemente, o mesmo tratamento, em todos os sentidos. Isso, sim, seria o que eu considero a poligamia “natural” da nossa especie, sendo manifestada corretamente.

    O contrario, seria apenas sacanagem, falta de respeito e inseguranca reprimida, mesmo. 😉 Nao confundam. 😉

  • Victória.:

    Sobre esse assunto, a sociedade humana evolui para depois regredir? Sermos monógamos é questão ética evolutiva racional, somos dependentes de fatores psicológicos que nos afetam drasticamente, isso que nos diferencia de outras espécies.

  • rafael:

    Sera que isso nao tem a ver com a igreja? Se nao me engano eu li uma reportagem que falava que o pudor pela nudez por exemplo era fruto da igreja. A igreja tambem eh contra a poligamia acho, tendo inclusive um dos mandamentos tratando um pouco sobre isso.
    Enfim, nao sei como começou a monogamia humana, se foi antes da igreja até ou nao, talvez alguem ai saiba.

  • Ninja:

    O negócio é virar putão !

  • Flávia:

    Fantástica reportagem!
    Sou bióloga e sempre discuto bastante sobre tal assunto, uma vez que ao observar o comportamento de outros mamíferos, primatas, por exemplo, vejo grande semelhança. Verifico que apesar do cuidado parental, entre os Homo sapiens sapiens ocorre uma busca constante, mesmo que ivoluntária, do parceito com melhores caracteristicas genéticas, como beleza, postura, inteligência, dentre outros.
    Daí, vejo a monogamia como uma forma social de manipulação comportamental. E observo também que hoje estas imposições estão se perdendo, uma vez que, com a independência financeira feminina, e, consequentemente sua capacidade de cuidar da prole sem a dependência do macho, estas vem seguindo seus instintos na busca de reprodutores “ideais”.

  • ju rigoni:

    Concordo com Pepper Schwartz.
    Acredito que a monogamia é invenção do homem, é fruto da sua capacidade de pensar e intervir no mundo que o cerca, – intervenção que traz em seu bojo principalmente interesses de ordem social e econômica, totalmente em desacordo com as leis da natureza.
    Excelente o post! Bjs e inté!

  • Margareth Bravo:

    A monogamia é algo que vem da ordem do construto histórico-social, que passa por diversas fases. Desde a Grécia com o Banquete de Platão ao amor cortês da Idade Média ( explorado por Lacan para embasamento de suas teorias) que trouxe a elevação da condição feminina, ao mito do amor romântico no séc. XVIII. O fato é que a ordem social estabeleceu que era útil e agradável o acasalamento legitimando assim pelo consenso coletivo (ou inconsciente coletivo) o casamento monogâmico. Mas deixando de lado análises históricas, culturais, antropológicas, religiosas e tantas mais; o que percebemos é que embora nós tenhamos certa autonomia para escolhermos qualquer modelo, temos nos inclinado a relações românticas e acredito que ninguém possa afirmar que é indiferente a infidelidade e que ela não gere sofrimento (mesmo que isso seja meramente cultural). Penso que não há nada mais confortante ante a angústia humana de existir e ser tão completamente só, que poder confiar na lealdade e fidelidade de outro ser humano, seja na relação de amizade ou entre pais e filhos, entre irmãos, entre sócios, ou casais. E se vivemos com base nos limites dos valores universais, o que resta é a escolha honesta de cada casal (hetero ou homossexual), considerando e se responsabilizando pelas conseqüências dessa escolha para si mesmo e para a sociedade. No mais a relativização desses limites, só pode gerar aberrações, das quais muitas têm nos aterrorizado no noticiário internacional.
    Por fim, concordo coma Pepper, professora de sociologia: “Só o ganso é realmente monogâmico!” E isso me impressiona demais! Será que a fidelidade do ganso tem a motivação da nossa noção de fidelidade? O que move o ganso a ser tão fiel?
    Desculpe ter me alongado tanto, te agradeço pelo tema tão instigante! Um abraço

  • Robson Canuto:

    Poligamia.
    Acho que todos nós seres humanos somos poligamos, porque as vezes sentimos atrção por mais de uma pessoa, não vejo nada de errado em isso acontecer, claro que só deve ser aceito qaundo o seu parceiro(a) também aceita.

  • Haddammann:

    Por certo que homem e mulher se procuram por uma infinidade de razões, motivos, e circunstâncias. O laço de parceria para procriação é um dos ítens dum relacionamento. Mas a confusão e completo despreparo do ser humano quanto ao modo de encarar a energia sexual é causa de problemas gravíssimos na Sociedade, sendo que o embelezamento favorecido pela troca da energia sexual humana é algo que o ser sapiens pouco sabe, em contrapartida a sacanagem generalizada e o tutelamento religioso castrador da libido e escravizador enfeia a espécie e a torna dissaborida frente à vida, entre outros irreparáveis prejuízos, com dramáticos exemplos como demência, preguiça, euforias psicóticas (comum devido aos falsos ensinamentos religiosos), etc etc, etc. Homens e mulheres livres e conscientes atam-se por amor, mas amor não significa ligação de posse. O elo sexual é importantíssimo entre parceiros que convivem, mas o calor útil que une prazerosamente casais, filhos e amigos vale-se de muito mais que só sexo, e em todos os instantes de fato ninlguém é deveras monogâmico, pois mesmo sob essa imposição os devaneios afloram demonstrando que nossa espécie não encontrou ainda a sua sadia vivência por causa do terror religioso que não tem nada a nos acrescentar a não ser uma psiclolgia estúpida e coercitiva que nos degenera como espécie.

  • Dr. Jairo:

    Acho que depende muito da educacao que a pessoa recebeu dos pais…

    se para ela/ele a poligamia for aceitavel, natural ou positiva, teremos um traidor.

    ja se para a pessoa a traicao for uma coisa errada (desonestidade com o sentimento do parceiro), ela nao tera dificuldade nenhuma em ser fiel… mesmo que o relacionamento nao de certo, ela ira primeiro terminar o atual para depois procurar uma nova pessoa.

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