Humanos ainda estão evoluindo, mas de maneiras que podem surpreender você

Por , em 21.11.2016

Quando falamos de evolução humana, alguns exemplos clássicos vêm à mente. Por exemplo, o fato de que mais e mais pessoas estão nascendo sem os dentes do siso, visto que o advento da comida cozida tornou esses dentes pouco necessários à mastigação, e o número de infecções que eles causam têm selecionado para melhor sobrevivência indivíduos que já nascem sem os indesejados.

Mas existem muitas outras ações humanas que afetam o nosso futuro como espécie, ou seja, o curso de nossa evolução.

Os geneticistas encontraram evidências claras de que as escolhas que as pessoas fazem podem ter profundos impactos na evolução de populações inteiras e, em última instância, de nossa espécie também.

Idade reprodutiva

Por exemplo, tanto mulheres como homens estão atualmente sob seleção para idade mais precoce no primeiro nascimento em uma ampla gama de sociedades. Isso significa que a seleção natural está favorecendo quem tem o primeiro filho a uma idade mais jovem.

Outro estudo mostrou que as mulheres estão sob seleção para a idade mais velha no último nascimento em alguns grupos pré-industriais, e uma idade ainda mais velha na menopausa em algumas populações pós-industriais.

O resultado é que, em alguns grupos, o período reprodutivo parece estar ficando mais longo para ambos mulheres e homens.

Altura

Já outras pesquisas mostraram que as mulheres estão sob seleção para aumento de altura em pelo menos uma população pré-industrial e para redução da altura em três grupos pós-industriais.

A tendência para maturação precoce em tamanhos corporais menores pode ser a consequência da diminuição generalizada da mortalidade juvenil resultante de melhorias na higiene, saúde pública e assistência médica.

Evolução em tempo real

Um interessante estudo publicado este ano por uma equipe liderada por Yair Field, da Universidade de Stanford (EUA), estudou o DNA do UK10K Project, um projeto que armazenou informações genéticas de vários indivíduos no Reino Unido, a procura de sinais de evolução recente entre britânicos vivos nos últimos dois mil anos.

A equipe de Field e encontrou evidências de evolução em três importantes conjuntos de genes.

Primeiro, tem havido uma forte seleção nos genes de lactase, associados à capacidade de uma pessoa de digerir leite e outros alimentos lácteos. Assim, a tolerância a produtos lácteos tem aumentado ao longo dos últimos dois mil anos na Grã-Bretanha, talvez juntamente com níveis crescentes de consumo de leite.

O segundo conjunto é dos chamados genes HLA, que desempenham um papel no sistema imunológico humano.

Embora a causa possível para essa seleção seja menos clara, pode ser devido ao aumento dos níveis de exposição a doenças infecciosas a partir de um maior número de imigrantes, como os romanos que ocuparam a Grã-Bretanha há cerca de 2.000 anos e muitos grupos que vieram para a região depois.

Seleção sexual

A descoberta mais surpreendente, no entanto, foi de que os genes para cabelos loiros e olhos azuis estiveram sob seleção nos últimos dois milênios.

Nesse caso, parece que a seleção sexual, em vez da seleção natural, é o que impulsionou um aumento no número de pessoas portadoras dos genes para essa combinação.

Ou seja, no Reino Unido, pelo menos nos últimos 2.000 anos, parece que os homens realmente têm preferido as loiras.
Longe de ser bizarro, esse tipo de pesquisa mostra como as decisões que tomamos sobre como vivemos, o que comemos e até mesmo com quem nos casamos podem ter impactos duradouros em nossa evolução, mostrados em nossos genes. [IFLS]

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