Jogos para o cérebro funcionam?

Por , em 18.04.2013

Quem não gostaria de turbinar um pouco o cérebro? Algumas pessoas por necessidade, outras por vaidade, outras ainda para aprimorar a si mesmas.

As razões para tentar ficar mais esperto e inteligente são as mais diversas, mas, geralmente, todos têm uma coisa em comum: tentam usar jogos de treinamento cerebral para isso.

Para estas pessoas, as notícias não são tão boas. Novos estudos sugerem que os jogos para o cérebro não melhoram os processos mentais ou o QI dos jogadores, apenas os deixam melhores naqueles mesmos jogos.

Os estudos céticos surgem uma década década depois de outras pesquisas sugerirem que jogos para o cérebro funcionavam, o que havia sido acompanhado pela criação de companhias como Cogmed, Lumosity, Jungle Memory e CogniFit, que vendem jogos para crianças, velhos e adultos.

E a nova informação já criou um impasse. Executivos destas empresas insistem que a nova descoberta tem falhas, enquanto os pesquisadores afirmam que é antiético vender um software que não funciona, especialmente a públicos vulneráveis como crianças com problemas de aprendizado ou idosos preocupados com o declínio cognitivo.

Um estudo comparou os efeitos de jogos de treinamento dual n-back, um tipo de programa de treinamento popular no Vale do Silício, com um jogo placebo e com nenhum jogo. Os pesquisadores de três diferentes universidades americanas chegaram à conclusão que o jogo melhorava a capacidade dos jogadores nos jogos, mas não em testes independentes de inteligência fluida, inteligência cristalizada, multitarefas e outras capacidades.

Outro estudo tentou repetir os resultados de pesquisas anteriores que mostravam que certos exercícios melhoravam a inteligência fluida, importante para o aprendizado e associada ao sucesso profissional. O novo estudo não conseguiu repetir tais conclusões.

Por fim, uma revisão analisou 23 estudos anteriores sobre jogos para o cérebro, ponderando as pesquisas pelo rigor de sua execução e pelo número de participantes incluídos. De forma semelhante aos outros estudos, a meta análise descobriu que as pessoas apenas ficavam melhores nos jogos que praticavam, mas estas habilidades não eram transferidas para outras áreas, como habilidades verbais e não verbais, aritmética ou atenção.

Entretanto, estas análises não compararam os resultados dos jogos em crianças saudáveis em comparação com crianças com problemas de aprendizado, ou entre adultos normais e adultos diagnosticados com declínio cognitivo. O primeiro e o segundo estudos trabalharam com jovens saudáveis, e a meta análise examinou estudos sobre jogos que envolveram todo tipo de pessoas.

A conclusão é que, pelo menos para pessoas normais, estudar e jogar xadrez, apesar de ser divertido, só vai te deixar melhor em jogar xadrez. Se você quiser melhorar a memória, terá que fazer caminhadas, dormir bem e praticar técnicas de memorização. [Popsci, The New Yorker]

6 comentários

  • Aliaksandr Yemialyanau:

    Rotação em espaço de quatro dimensões.

    https://youtu.be/vN9T8CHrGo8
    O Pentácoro é um análogo do tetraedro.

  • Vitor Nardini:

    Bem contra os fatos não existe argumento as pessoas que fazem o método supera todas (100%) apresentaram melhora e rendimento em estudos, escolas e outros, vai falar isso no japão!! depois do Brain age da nintendo e essa pesquisa foi lá ?
    É claro que são jogos direcionados com fundamento você pode ser o melhor do mundo em Call of duty e não mudar nada na sua vida.

  • Italo LA:

    Não acredito nessa pesquisa aí… Existem estudos psicológico sobre a construção cognitiva do indivíduo, como as de Piaget, que demonstram que o fator biológico, aptidões inatas e o fator social, a as mediações e estímulos do meio sobre a criança atuam juntos… Contudo a formação literal da capacidade cognitiva da criança se concretiza até (+ ou -) 12 anos, depois disso o aprendizado é uma questão de acúmulo, aprofundamento e organização de conhecimento. Então jogos, que são estímulos visuais, motores, sonoros e de raciocínio para crianças produzem efeitos.
    O Cérebro humano está em formação (+ ou -) até os 25 anos, então pode não ter a mesma eficácia que em crianças, mas com certeza tem influência…
    Mas agora convenhamos, seria muito ilógico, ainda mais se tratando do cérebro, que você treinar uma coisa só vá melhorar naquela atividade específica… o xadrez, por exemplo, não melhoraria a concentração, a velocidade do raciocínio e o pensamento unilateral como um todo? É como pensar que alguém que pratique arqueirismo só iria desenvolver concentração, mira, sensação espacial e destreza só para usar o arco…

  • Paulo Dodt:

    Eu acredito que cada jogo desenvolve uma competência, no caso do xadrez não se melhora a memória e sim a capacidade de sempre procurarmos perceber um passo a frente das situações diversas.

  • Matheus de Moura:

    Definam a esperteza que estavao falando…Pq eu sempre soube que jogos nao melhoram seus reflexos(senao eu seria um ninja),os jogos de variados tipo nao ajudam mais a pensar um pouco mais rapido,gravar melhor as coisas e negocios do genero?

  • Rafael Macário:

    Acho que a questão nisso tudo ai é o quanto de confiabilidade devemos dar aos resultados dessas pesquisas e até no que a ciência diz de modo geral em assuntos em que não temos resultados práticos, pois um diz uma coisa, outro diz outra… E quem quem acompanha os resultados acaba sendo induzido a erro! Está na hora de mais responsabilidade na ciência no que refere a divulgar resultados de pesquisas. Ou será que realmente grande parte da ciência também depende de fé?

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