Tsunamis podem se tornar frequentes em algumas décadas

Por , em 29.03.2016

O especialista em clima James Hansen e seus colegas estudaram as consequências mais fatais da mudança climática. Eles preveem que elas serão sentidas em poucas décadas. A publicação com essa conclusão gerou uma enorme polêmica no meio acadêmico, mas acabou sendo aceita na revista Atmospheric Chemistry and Physics, da União Europeia de Geociências.

O trabalho sugere o colapso de mantas de gelo, supertempestades e ondas gigantescas. O que mais chama atenção nessa pesquisa, porém, é a afirmação de que essas consequências serão sentidas em poucas décadas ao invés de séculos, como normalmente é defendido.

Efeito borboleta

O grupo acredita que o derretimento de mantos de gelo da Groenlândia e Antártica, que já acontece atualmente, altera o padrão de circulação de águas com temperaturas diferentes do mar. Assim que derrete, a água fria das calotas polares fica na parte mais superficial do oceano, sobre a água quente que normalmente ficaria por cima. Isso impede que o calor acumulado nas profundezas seja redistribuído para a superfície.

Assim como no efeito borboleta, que diz que uma pequena ação em um ponto traz terríveis consequências em outro ponto, essa água com mais calor fica presa nas camadas mais profundas do oceano e ajuda a derreter esses mantos pela parte de baixo, fazendo com que mais água doce fria entre no mar, resultando em aumento do nível do mar. Isso vai modificar completamente o padrão das correntes oceânicas.

A corrente do Atlântico Norte, por exemplo, traz calor para o oeste da Europa e leste da América do Norte. Com a mudança, essas regiões sofreriam com invernos mais intensos, mesmo em meio ao aquecimento global. Os trópicos, por sua vez, ficam mais quentes.

O aumento da diferença de temperatura entre as latitudes maiores e o Equador faz com que tempestades intensas acompanhadas de ondas gigantescas sejam mais comuns.

Essas conclusões não foram baseadas apenas em informações do presente e projeções para o futuro, mas também no estudo de um período interglacial que aconteceu entre 80 mil a 130 mil anos atrás, quando a Terra estava apenas levemente mais quente que hoje, mas o nível do mar era entre 6 a 9 metros mais alto que atualmente.

Polêmica

Hansen é um cientista aposentado da NASA e foi um dos primeiros a trazer o aquecimento global para a agenda pública, em 1988. Desde então, ele tem se tornado cada vez mais um ativista político, o que leva os outros pesquisadores a acusá-lo de não ser mais objetivo em seus estudos.

Seu trabalho foi publicado para a imprensa antes de passar pela crítica da comunidade acadêmica, o que trouxe ainda mais reclamações dos outros pesquisadores. Mesmo depois de ser aceito e publicado pela revista europeia, muitos ainda questionam a qualidade do artigo.

Dois cientistas da Universidade da Pensilvânia (EUA), por exemplo, dizem que a quantidade de água derretida das calotas usada nos cálculos parece ser exagerada.

Independente disso, a mensagem final do trabalho parece bastante razoável e importante: “Não é difícil imaginar que conflitos originados de migrações forçadas e colapso econômico podem tornar o planeta ingovernável, ameaçando a civilização”.

Se a migração de refugiados sírios para os países vizinhos e Europa já está tão caótica atualmente, imagine se toda a população dos trópicos fosse forçada a partir para os países do norte ou do sul? [Gizmodo, The New York Times]

4 comentários

  • Tibulace:

    Água FRIA, mais DENSA, DESCE naturalmente, no oceano, não fica POR CIMA de água quente, menos densa, nem a pau, Juvenau!Ativista detected.

    • Cesar Grossmann:

      Alguma explicação para o fato de lagos congelarem de cima para baixo, e de icebergs flutuarem? A única que me ocorre é que a água possui uma anomalia, perto de zero graus ela se torna menos densa que a água mais quente, fazendo com que a água mais fria fique por cima.

    • Romulo A Cheloni:

      Concordo. Assim como em aquecedores solares, a água quente sobe pelo cano e se deposita na caixa dágua própria para a água aquecida, de cima

    • Cesar Grossmann:

      A diferença é que o comportamento da água, perto do ponto de congelamento, é anômalo. Até a temperatura de aproximadamente 5° C, a água mais quente é menos densa, quando chega naquela temperatura, as coisas começam a inverter. A água expande quando congela, por isto arrebenta canos e entorta panelas que você coloque com água a congelar. Acho que não existe outra substância com esta característica.

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