Homem trans comemora gestação nos EUA

Por , em 9.06.2017

No último mês de gravidez, Trystan Reese é como qualquer outra gestante: está ansioso pela chegada do filho, está com dor nas costas e precisa fazer xixi a cada poucos minutos. Mas ao contrário da maioria das gestantes de primeira viagem, Reese é um homem transgênero.

Reese, de 34 anos, e o marido, Biff Chaplow, de 31 anos, vivem na cidade de Portland, no noroeste dos Estados Unidos, e têm dois filhos adotivos. O novo bebê deve chegar no próximo mês de julho. “Conforme a gravidez avançava, ficava mais e mais óbvio que ele não era só um cara com uma barriga de cerveja”, brinca Chaplow.

Para “afastar qualquer negatividade” de estranhos, o futuro papai costuma usar várias camadas de roupas em locais públicos, como supermercado, ônibus e trens. A equipe médica que está trabalhando com o casal também passou por treinamento específico para dar o melhor atendimento à família.

Mesmo assim, o casal ainda recebe comentários indelicados e negativos, especialmente pela internet. “Vemos que por trás da anonimidade, as pessoas se sentem empoderadas para nos dizer o que deveria acontecer com a gente, com nossos filhos e com nossa família. A razão pela qual você quer ter um filho é por que você quer ver mais amor no mundo, e lembrar como isso vai ser difícil é complicado”, diz Reese.

“Não tenho problemas em ser um homem com útero”

Apesar de se identificar com o gênero masculino, Reese manteve suas “partes originais”, como ele mesmo descreve. Ele diz que nunca quis mudar o seu corpo. “Acho meu corpo incrível. Sinto que é um presente ter nascido com o corpo que nasci, e fiz as mudanças necessárias para poder continuar vivendo nele, tanto com hormônios como com outras modificações corporais”, explica ele em um vídeo postado no Facebook.

“Eu não sinto que estou fazendo algo que é para mulheres, sinto que estou fazendo algo que geralmente as mulheres fazem, mas que alguns homens fazem também”, explica ele. “Não tenho problemas com meu corpo trans. Não tenho problemas em ser um homem que tem um útero e que tem a capacidade de carregar um bebê. Não sinto que isso me torna menos homem”.

Reese e Chaplow são pais adotivos desde 2011, e queriam passar por uma gestação saudável e responsável. “Nos encontramos com a melhor equipe médica que pudemos achar e descobrimos como fazer isso de forma segura”, explica Reese.

Para engravidar, Reese teve que parar de tomar testosterona. Infelizmente, a primeira tentativa acabou em aborto espontâneo no primeiro trimestre da gestação, em 2016. Enquanto outros casais receberiam a recomendação de aguardar alguns meses antes de tentar novamente, o casal de Portland passou a tentar imediatamente, para Reese não ter que recomeçar o tratamento com testosterona e depois voltar a interrompê-lo. Em pouco tempo, outra gestação teve início, dessa vez sem intercorrências.

Gestação comum

Crédito imagem: Facebook Biff and I

Reese conta que sua gestação é bastante comum, com todas as experiências que outras gestantes têm, como falta de energia, azia depois de comer e desejos no meio da noite. Seu desejo mais recorrente é de batata frita do McDonald’s.

Conforme a data da chegada do pequeno se aproxima, o casal prepara os outros filhos para a chegada do irmãozinho. “Eles não estão empolgados para dividir o tempo dos pais com a nova criatura, mas estão empolgados para ser irmão e irmã mais velhos”, diz Reese. [CNN]

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