5 formas bizarras que o cérebro humano está destruindo a economia

Por , em 1.10.2013

Sempre que a economia vai mal, todo mundo trata de arranjar algum culpado para responder pelos problemas: políticos, banqueiros, reptilianos transmorfos, etc. Enquanto em alguns casos existem motivos para botar a culpa em alguém (exceto, talvez, no caso dos reptilianos transmorfos), em parte o problema é resultado da maneira com que nosso cérebro funciona.

Se olharmos para trás, quase tudo que a gente pensa que faz parte de uma vida “normal” — educação, carreira, finanças — é tudo uma invenção recente, e quando colocamos na equação coisas como juros de financiamento estudantil e bônus de fim de ano, nosso cérebro de caçadores-coletores faz todo tipo de erro ridículo. Veja:

5. O medo de uma economia ruim nos torna empregados piores

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Sempre que nos sentimos ameaçados, nosso corpo reage escolhendo entre “fugir ou lutar”. Só que os perigos de hoje são diferentes dos de antigamente. Ao invés de um animal selvagem, tememos o desemprego, e a reação que apresentamos a esse perigo financeiro constante é que ficamos menos certos de nós mesmos, menos agressivos e piores em tudo que fazemos.

Isso é ruim para o mundo todo, pois uma força de trabalho cansada e desanimada não é o tipo de coisa que uma economia com problemas precisa. Atualmente, cerca de metade dos trabalhadores americanos está estressada demais para fazer um bom trabalho, e as empresas americanas estão perdendo cerca de US$ 300 bilhões (R$ 600 bilhões) todos os anos por causa disso.

E este “congelamento” do cérebro acontece também quando chega a época de fazer o imposto de renda, ou quando algo ruim acontece com nosso dinheiro: a produtividade cai. Em outras palavras, nós não conseguimos lidar com a pressão de um sistema que a gente mesmo inventou.

4. A maioria dos empregados não liga para seus empregos (e pode até sabotá-los)

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Mesmo em um sistema perfeito, nem todo mundo vai fazer o que gosta. Afinal de contas, o mundo precisa mais de atendentes de call-centers do que de gente para passear com cachorrinhos. Mas, mesmo com os números ruins da economia, uma pesquisa do Gallup descobriu que 70% dos empregados não ligam para seus empregos, e 1 entre cada 5 dos empregados odeia tanto o que faz que tenta ativamente sabotar a companhia em que trabalha.

E o curioso é que os empregados menos satisfeitos são os que melhor ganham: jovens do sexo masculino que têm nível superior. Aparentemente, muita gente acredita que um curso superior garante um bom emprego, quando da verdade ele garante boas oportunidades de emprego. Quando descobrem a verdade, ficam decepcionados e resolvem se vingar.

Com apenas 30% dos empregados gostando do que fazem, somos não só ruins em colocar as pessoas certas nos lugares certos, como começamos a fazer isso cedo, dando a eles expectativas irreais sobre como funciona o mundo.

3. Dinheiro destrói a criatividade

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Este é um fato interessante: quanto mais dinheiro você ganha com um trabalho, pior você se torna nele, pelo menos se o trabalho requer alguma criatividade e capacidade de solução de problemas. Estudos já mostraram que se o trabalho for colocar fichas em ordem alfabética ou encerar o chão, um bônus vai fazer você trabalhar mais rápido. Mas se o trabalho for criar uma nova ficha ou descobrir uma maneira de encerar melhor o chão, a promessa de mais dinheiro vai atrapalhar seu cérebro.

Considere quantas inovações recentes foram feitas sem custo: 1 em cada 4 servidores corporativos está rodando Linux, um sistema operacional desenvolvido gratuitamente. A Wikipédia, apesar do que o seu professor possa pensar a respeito, é uma das maiores fontes de conhecimento na história da humanidade, e praticamente todo o conteúdo lá foi escrito de graça.

Mas isto não quer dizer que a resposta para a criatividade seja a miséria. Já vimos que quando alguém está com receio de perder o emprego ou está preocupado financeiramente, o cérebro “para de funcionar”. O que é preciso são pessoas mais preocupadas com o projeto do que com o emprego ou dinheiro.

Para alcançar tal resultado, não prometa dinheiro; pague-as de cara. Isto, é claro, não funciona para trabalhos de baixo nível, só para os trabalhadores que precisam ser mais autônomos e criativos — pague-os bem e deixe-os fazerem o trabalho deles.

2. Medo da velhice causa decisões estúpidas

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Vários estudos mostraram que trabalhadores que estão entre os 60 e 74 anos são mais produtivos, mais leais e produzem mais lucros que seus colegas mais jovens.

A má notícia é que os empregadores não pensam assim. A maioria acredita que empregados mais velhos são lentos e podem ocasionar um atraso na produtividade. Com isto, geralmente os empregados mais experientes (e produtivos) são os primeiros a serem descartados quando a empresa precisa reduzir pessoal.

Mas por que os empregadores são tão estúpidos? Na verdade, evoluímos para sentir receio de pessoas velhas. A velhice nos lembra nossa própria mortalidade — somos todos muito egocêntricos, e ao ver alguém mais velho, nosso primeiro pensamento não é sobre a experiência que esta pessoa acumulou, mas para o fato que nós também ficaremos velhos. O resultado é que quando a economia fica ruim, as empresas ficam cheias de gente jovem e inexperiente, e as pessoas experientes ficam desempregadas por mais tempo.

1. Os hormônios controlam o mercado de ações (e sempre pioram tudo)

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A maior parte das pessoas pensa que o mercado de ações é uma entidade supernatural controlada por acordos por baixo dos panos. Na verdade, é algo mais estúpido que isto: os hormônios é que estão arruinando a economia.

Como todos os apostadores, os operadores são escravos de suas emoções: quando tudo vai bem, o cérebro é inundado de testosterona, o que faz com que eles assumam mais riscos. Quando as coisas vão mal, o cortisol domina, e eles correm menos riscos.

Com o tempo, o cérebro dos operadores enlouquece, e as respostas emocionais acabam piorando os problemas econômicos. Um indício de crise faz com que o cortisol tome o controle e todo mundo se torne cauteloso demais, impedindo mudanças e garantindo que a crise venha com força total. Da mesma forma, quando o mercado tem uma alta, a testosterona sobe e todo mundo acaba correndo riscos tolos, causando uma nova crise.

Com tudo isto, dá para perceber que aquele órgão esponjoso e cinzento não é a melhor ferramenta para controlar a economia do século 21. Tem algum argumento melhor do que este para entregar a economia para robôs sem sentimentos? [Cracked]

10 comentários

  • Fernandes:

    Engraçado colocar a culpa nos economistas. Políticos e empresários tomam suas decisões sem consultar ninguém.

  • pmahrs:

    Considerando a situação na Europa e EUA onde a maioria dos habitantes pagam muito mais valor de dinheiro em impostos per capita do que a maioria no Brasil tem de renda familiar e mesmo assim estão mergulhados em deficit maiores que seus PIBs, eu diria que estatisticamente consultar o economista ou um oráculo, não difere muito. Um médico, engenheiro, encanador, mecânico, eletricista quando contratamos, normalmente esperamos que resolva o problema ou fala não que tem jeito. Economistas são cheios de soluções. Tem algo errado em economia, parecem mais acreditarem em livros e teorias como monges do que analisarem e questionarem como cientistas e matemáticos.

  • Bellon:

    “Tem algum argumento melhor do que este para entregar a economia para robôs sem sentimentos?”. Me lembrou Isaac Asimov.

    • Edgardo Aquiles Prado:

      JÁ ENTREGAMOS… A Bolsa já é pilotada no automático 90% do tempo.

  • Rogerio79:

    Muito Interessante.impressionado com o 2 ( Medo da velhice causa decisões estúpidas)

  • pmahrs:

    Ótima matéria. De fato a relação capital x trabalho remunerado ainda é relativamente novo na humanidade; ainda há muito o que apren-dermos nisso e na economia cujo suas leis não são como as da física e matemática imutáveis e válidas em todo universo, além de manipuláveis e maquiáveis. Efeito psicológicos ainda influi muito na economia. Para um avião de toneladas sair do chão precisamos considerar as leis da física e criar meios para trocas de energia em ação e reação e gerar forças mecânicas que vença o atrito em energia cinética até que transforme a resistência do ar em pressão aerodinâmica vertical que gere empuxo suficiente para vencer a lei da gravidade. Não se pode simplesmente promover maxidesvalorização da gravidade, esconder a massa ou diminuir a oferta de atrito para valorizar artificialmente o empuxo. Por isto, mesmo com os computadores modernos, fazer previsões econômicas é ainda quase como vencer a teoria do caos devido a tanto fatores humanos envolvidos. Quem garante que amanhã as pessoas comecem a não querer Coca-cola ou apareça um refrigerante que muitos achem melhor e mais saudável, um sistema operacional ; ou de repente revoltas generalizada contra possíveis reptilianos, demônios, infiéis, iluminattis, comunistas, corruptos, vampiros, zumbis, fundamentalistas, que “justifique” loucos “libertadores da humanidade” Dom Quixotes, usarem força, leis marciais ou armas nucleares. Rsrsrs!!!!!

  • Caroline Todeschini:

    Um dos grandes desafios da ciência econômica é prever o comportamento dos agentes de forma correta ou, pelo menos, o mais próximo da realidade possível. Infelizmente, a maioria dos modelos de previsão ainda parte do pressuposto de que os agentes são ‘racionais’. Na minha opinião, não existe fórmula certa para o bom andamento da economia, visto que ela é movida por milhões de consumidores, investidores, empresários e eleitores que agem individualmente e que, como seres humanos que são, não são totalmente previsíveis. Enquanto isso não muda, a culpa é dos economistas! =P

    • pmahrs:

      Concordo plenamente que a culpa é dos economistas. Se de fato soubessem alguma coisa como a ciência a Europa e EUA não estariam assim, tenho a impressão que economistas são mais treinados a acreditarem em mestres como faz monges, do que analisar e questionar pela lógica desta dimensão como fazem matemáticos e cientistas. Quem matematicamente atento acredita em “Diminuir impostos e ao mesmo tempo investir mais em saúde, educação, transporte, infraestrutura, ciências e em tudo” rsrsrs!!!

    • João Farias:

      Acabou de descrever a Escola Austríaca.
      Então, não são os economistas (todos)…
      Diria mais que são os políticos que precisam manter seu rebanho de votos e aprovam leis que alegram o povo.

    • pmahrs:

      Tantos políticos quanto economistas são financiados por grandes capitais. Se pobres são induzíveis podem o ser pelos dois lados ou qualquer corrente política, mas obviamente, mais pelo lado que detém o poder da mídia.

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