Cientistas descobrem que sons não verbais são mais eficientes na hora de comunicar uma emoção

Por , em 26.01.2016

Talvez falar sobre nossas emoções não seja a melhor forma de fazer com que as outras pessoas nos entendam. Leva apenas um décimo de segundo para nossos cérebros começarem a reconhecer emoções transmitidas por vocalizações e outros sons, de acordo com pesquisadores da Universidade McGill, no Canadá.

Não importa se os sons não verbais são grunhidos de raiva, risos de felicidade ou gritos de tristeza. Mais importante: os pesquisadores também descobriram que nós prestamos mais atenção quando uma emoção (como felicidade, tristeza ou raiva) é expressa através de vocalizações do que fazemos quando a mesma emoção é expressa em palavras.

O objetivo da pesquisa era descobrir se o cérebro respondia de forma diferente quando as emoções eram expressas através de vocalizações (sons como grunhidos, risos ou soluços, desde que sem palavras) ou através da linguagem. Os pesquisadores se concentraram em três emoções básicas – raiva, tristeza e felicidade – e testaram 24 participantes com uma mistura aleatória de vocalizações e falas absurdas (os pesquisadores usaram frases sem sentido, a fim de evitar quaisquer pistas linguísticas sobre as emoções).

Eles pediram aos participantes para identificar quais emoções os oradores estavam tentando transmitir e usaram um eletroencefalograma para gravar a rapidez e de que forma o cérebro respondia conforme os participantes ouviam os diferentes tipos de sons vocais emocionais.

Eles foram capazes de medir: como o cérebro responde às emoções expressas por meio de vocalizações em comparação com a linguagem falada com precisão de milissegundos; se certas emoções são reconhecidas mais rapidamente através de vocalizações do que outras e produzem respostas cerebrais maiores; e se as pessoas ansiosas são particularmente sensíveis às vozes emocionais com base na força de sua resposta cerebral.

No princípio não era o verbo

Os pesquisadores acreditam que a velocidade com que o cérebro “pega” estas vocalizações e a preferência dada a elas em relação à linguagem é devido ao papel potencialmente crucial que decodificar sons vocais tem desempenhado na sobrevivência humana. “A identificação das vocalizações emocionais depende de sistemas no cérebro que são mais velhos em termos evolutivos”, diz Marc Pell, Diretor da Escola de Ciências da Comunicação e Distúrbios da McGill e autor principal do estudo, que foi publicado recentemente na revista Biological Psychology. “Compreender as emoções expressas na linguagem falada, por outro lado, envolve sistemas cerebrais mais recentes que evoluíram conforme a linguagem humana era desenvolvida”, explica.

Entre as descobertas do estudo, está o fato da raiva deixar traços mais duradouros, especialmente para aqueles que estão ansiosos.

Os pesquisadores descobriram que os participantes eram capazes de detectar vocalizações de felicidade (ou seja, o riso) mais rapidamente do que sons vocais de raiva ou tristeza. Mas, curiosamente, eles descobriram que os sons raivosos e o discurso irritado faziam com que a atividade do cérebro em curso durasse mais tempo do que qualquer uma das outras emoções, sugerindo que o cérebro presta especial atenção para a importância dos sinais de raiva.

“Nossos dados sugerem que os ouvintes se envolvem no monitoramento contínuo de vozes raivosas, independentemente da forma que assumam, para compreender o significado de eventos potencialmente ameaçadores”, diz Pell.

Os pesquisadores também descobriram que os indivíduos que são mais ansiosos têm uma resposta mais rápida e mais elevada para vozes emocionais em geral do que as pessoas que são menos ansiosas. “Vocalizações parecem ter a vantagem de transmitir significados de uma forma mais imediata do que a fala”, diz Pell. “Nossas descobertas são consistentes com estudos de primatas não humanos, o que sugere que as vocalizações que são específicas a uma espécie são tratadas preferencialmente pelo sistema neural em relação aos outros sons”. [Medical Xpress]

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