Nanopartículas de Plástico e o Cérebro: Ligação com Parkinson e Demência
As nanopartículas de plástico demonstraram interagir com uma proteína específica do cérebro, o que pode acarretar em desenvolvimento de doenças como Parkinson e certos tipos de demência. Essa descoberta, proveniente de um estudo conduzido pela Universidade de Duke e publicado na revista Science Advances em 17 de novembro, sinaliza um caminho inovador para pesquisas relacionadas à influência de elementos ambientais na saúde humana.
O professor Andrew West, Ph.D., do Departamento de Farmacologia e Biologia do Câncer da Escola de Medicina da Universidade de Duke, destaca a crescente prevalência da doença de Parkinson em todo o mundo. Ele enfatiza a suspeita de que fatores ambientais tenham um papel significativo nesse aumento, apesar de muitos desses fatores ainda não terem sido identificados.
Este estudo revela como os plásticos, quando descartados de maneira inadequada, se fragmentam em partículas extremamente pequenas, contaminando fontes de água e alimentos. Pesquisas recentes indicam que essas partículas estão presentes no sangue da maioria dos adultos.
West sugere que a presença crescente de micro e nanopartículas de plástico no meio ambiente pode representar uma nova ameaça tóxica, especialmente no que se refere ao risco e progressão da doença de Parkinson, considerando o aumento previsto desses poluentes em nossas fontes de água e alimentos.
A equipe de pesquisa, incluindo membros da Escola Nicholas do Meio Ambiente de Duke e do Departamento de Química do Trinity College of Arts and Sciences, descobriu que nanopartículas do plástico poliestireno — comumente utilizado em produtos de uso único, como copos descartáveis e talheres — favorecem o acúmulo da proteína alfa-sinucleína.
O estudo aponta para uma ligação surpreendentemente forte entre o plástico e a proteína dentro dos neurônios, mais especificamente na região do lisossomo.
Experimentos realizados em tubos de ensaio, neurônios cultivados e modelos de ratos da doença de Parkinson mostraram esses acúmulos de plástico-proteína, levantando questões sobre como tais interações ocorrem em humanos e se o tipo de plástico influencia.
West ressalta a importância de examinar os contaminantes de micro e nanoplasticos por seus potenciais efeitos em doenças como câncer e distúrbios autoimunes, enfatizando a necessidade de avaliar o impacto do aumento da poluição por nanoplasticos no risco e progressão da doença de Parkinson e demência.
Ele observa que a tecnologia atual para monitorar nanoplasticos ainda está em seus estágios iniciais e não pode responder a todas as perguntas. Contudo, há uma expectativa de avanços rápidos nessa área para entender melhor os efeitos dessas partículas, possibilitando medidas de proteção sem abrir mão dos benefícios dos plásticos.
Além disso, vale ressaltar a importância dessa pesquisa no contexto ambiental e de saúde pública. À medida que a sociedade se torna cada vez mais consciente dos impactos do descarte inadequado de plásticos e de sua presença em nosso meio ambiente, estudos como esse destacam a necessidade urgente de repensar nossos hábitos de consumo e descarte.
A investigação de como as nanopartículas de plástico interagem com os componentes biológicos é crucial para compreender as implicações a longo prazo desses materiais em nossa saúde. A interação entre as nanopartículas de plástico e a proteína alfa-sinucleína no cérebro é apenas um exemplo de como os resíduos plásticos podem ter um impacto direto e significativo na saúde humana. [Medical Express]