O que acontece ao detonar uma bomba nuclear em um asteroide para salvar o planeta?

Por , em 23.12.2023

Embora seja um tema popular em filmes de desastres, a detonação de um dispositivo nuclear para interceptar um asteroide em rota de colisão é amplamente considerada como uma ideia impraticável na realidade.

Enquanto um asteroide menor pode ser obliterado por uma bomba nuclear, a mesma abordagem aplicada a um asteroide maior resultaria apenas em fragmentação. Esses fragmentos poderiam representar uma ameaça contínua à Terra, potencialmente agravando a situação com múltiplos impactos em todo o planeta.

No entanto, pesquisadores no Laboratório Nacional Lawrence Livermore (LLNL) desenvolveram uma ferramenta de modelagem capaz de simular os resultados da detonação de um dispositivo nuclear acima da superfície de um asteroide. Essa ferramenta aprimora nossa compreensão de como a radiação interage com a superfície do asteroide e examina a dinâmica da onda de choque que afeta o asteroide interno.

A técnica, conhecida como ablação nuclear, envolve a vaporização da superfície do asteroide pela radiação, gerando um impulso explosivo e alterando sua velocidade. O modelo incorpora várias condições iniciais representando diferentes tipos de asteroides, oferecendo insights para os cientistas planetários lidarem com uma ameaça iminente de asteroide.

“Se houver tempo de aviso suficiente, poderíamos potencialmente lançar um dispositivo nuclear a milhões de quilômetros em direção a um asteroide que está se dirigindo para a Terra”, explicou a pesquisadora Mary Burkey, do LLNL. “A detonação do dispositivo poderia tanto desviar o asteroide, proporcionando um impulso controlado para longe da Terra e mantendo-o intacto, quanto desintegrar o asteroide em pequenos fragmentos em movimento rápido que também passariam longe do planeta.”

A missão Double Asteroid Redirection Test (DART), que envolveu o impacto deliberado de um impactor cinético em um asteroide, forneceu informações valiosas sobre como redirecionar asteroides perigosos. O recém-desenvolvido modelo de deposição de energia de raios-X complementa as descobertas do DART, explorando a ablação nuclear como uma alternativa viável às missões de impacto cinético.

Burkey enfatizou o potencial dos dispositivos nucleares, citando sua alta densidade de energia por unidade de massa, tornando-os ferramentas valiosas na mitigação de ameaças de asteroides. Os pesquisadores, conforme detalhado em seu artigo publicado no The Planetary Science Journal, destacaram a importância de simulações precisas de múltiplas físicas para prever a eficácia de missões potenciais de desvio ou desintegração nuclear.

A equipe reconheceu a complexidade dessas simulações, abrangendo várias ordens de magnitude e exigindo recursos computacionais significativos. Seu objetivo era criar uma abordagem de modelagem eficiente e precisa para o desvio nuclear, considerando uma ampla gama de propriedades de asteroides.

As simulações de alta fidelidade desenvolvidas por Burkey e seus colegas conseguem rastrear fótons que penetram em materiais semelhantes a asteroides, como rocha, ferro e gelo, ao mesmo tempo que consideram processos complexos como a reradiação. A natureza abrangente do modelo o torna aplicável a várias situações potenciais de asteroides.

No caso de uma emergência real na defesa planetária, Megan Bruck Syal, líder do projeto de defesa planetária do LLNL, enfatizou o papel crítico dessas simulações de alta fidelidade em fornecer informações acionáveis e informadas sobre riscos. Essas informações podem ser cruciais para evitar impactos de asteroides, proteger infraestruturas essenciais e, em última análise, salvar vidas. Bruck Syal reconheceu a baixa probabilidade de um grande impacto de asteroide durante nossa vida, mas destacou as potencialmente devastadoras consequências se tal evento ocorresse. [Science Alert]

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