O que acontece com sua vagina ao avançar dos anos?

Por , em 21.12.2023

O órgão reprodutivo feminino, conhecido como vagina, possui um ambiente complexo que é influenciado pela variação dos níveis hormonais. Essas variações ocorrem ao longo do ciclo menstrual da mulher, bem como durante a gravidez, a lactação e a menopausa.

Com a chegada e durante a menopausa, é comum que ocorram mudanças na estrutura celular da vagina e em seu ambiente microbiano, constituído por comunidades bacterianas. A maioria das mulheres pode não perceber essas alterações. Embora geralmente essas mudanças não sejam sintomáticas ou preocupantes, existem maneiras de gerenciá-las caso causem sintomas.

Este artigo aborda as transformações que a vagina sofre com o passar do tempo, independentemente de serem percebidas ou não.

Esclarecendo a Terminologia

Aqui, o foco é na vagina, um canal muscular que se estende da área genital externa (vulva) passando pelo colo do útero até o útero. Frequentemente, o termo “vagina” é usado erroneamente para se referir à genitália externa, mas, na realidade, são entidades distintas com funções diferentes na saúde feminina.

Mudanças na Vagina ao Longo do Tempo

A vagina, como muitos órgãos do corpo, responde aos hormônios sexuais femininos, que flutuam durante fases da vida como a puberdade, a gravidez e a menopausa.

A menopausa traz uma redução significativa nos níveis de estrogênio e cessa a produção de progesterona. Essas alterações hormonais impactam o ambiente vaginal. Os possíveis efeitos incluem:

  • Redução da umidade vaginal, podendo levar à secura
  • Diminuição do crescimento das células superficiais da vagina, resultando em um revestimento mais fino
  • Mudanças no tecido de suporte, causando menor elasticidade e estreitamento
  • Diminuição dos vasos sanguíneos, que pode explicar o fluxo sanguíneo reduzido após a menopausa
  • Alteração no tipo e equilíbrio de bactérias, modificando o pH vaginal de mais ácido para mais alcalino

Sintomas Potenciais

Embora muitas mulheres possam não notar mudanças significativas na saúde vaginal à medida que envelhecem, também é verdade que essas mudanças raramente levam a sintomas vaginais. Por exemplo, não há evidências diretas que vinculem essas mudanças a infecções ou sangramentos vaginais em mulheres na menopausa.

Algumas mulheres podem experimentar secura vaginal após a menopausa, possivelmente devido à redução das secreções. Isso pode causar desconforto durante o ato sexual. No entanto, o quanto a menopausa contribui para essa secura não é claro, pois também é relatado por mulheres mais jovens. Estudos mostram que cerca de 47% das mulheres sexualmente ativas pós-menopausa e cerca de 20% das pré-menopausa relatam secura vaginal.

Órgãos próximos à vagina, como a bexiga e a uretra, também reagem às alterações hormonais após a menopausa. Algumas mulheres podem enfrentar infecções recorrentes do trato urinário, levando a dor e irritação. Assim, esses sintomas podem se originar do trato urinário e não da vagina.

Experiências Individuais Variam

A percepção das mulheres sobre as mudanças vaginais e o grau de incômodo variam. Por exemplo, mulheres que não são sexualmente ativas e apresentam secura vaginal podem não notar a redução das secreções vaginais após a menopausa. Em contrapartida, algumas mulheres podem experimentar uma secura severa que afeta suas atividades diárias.

Pesquisadores em todo o mundo estão cada vez mais focados nas experiências das mulheres com a menopausa para orientar estudos futuros. Isso inclui priorizar sintomas que mais afetam as mulheres, como secura vaginal, desconforto, irritação e dor durante o sexo.

Gerenciando Sintomas

Sintomas como secura, irritação ou desconforto durante o sexo geralmente são gerenciáveis. Lubrificantes disponíveis sem prescrição podem aliviar a dor durante o ato sexual, e hidratantes vaginais podem ajudar com a secura.

Embora haja numerosos ensaios clínicos pequenos testando vários produtos, a eficácia deles em melhorar os sintomas vaginais ainda não foi definitivamente comprovada.

Em contraste, o estrogênio vaginal mostrou ser eficaz no tratamento da secura e na redução da dor durante o sexo. Ele também diminui o risco de infecções recorrentes do trato urinário. Este tratamento envolve a inserção através de um aplicador algumas vezes por semana e é geralmente seguro, com mínima absorção na corrente sanguínea. No entanto, estudos de longo prazo são necessários para confirmar sua segurança para uso prolongado além de um ano.

Mulheres com histórico de câncer de mama devem consultar seu oncologista antes de usar estrogênio, pois pode não ser adequado para elas.

Explorando Novos Tratamentos

Pesquisas sobre novos tratamentos para a secura vaginal estão em andamento, particularmente no entendimento de como o microbioma vaginal se adapta às mudanças hormonais. Estudos preliminares sugerem que a combinação de probióticos vaginais com estrogênio vaginal em baixa dose pode melhorar os sintomas, mas são necessárias mais evidências antes de essa abordagem ser amplamente recomendada.

Olhando para o Futuro

O processo natural de envelhecimento e a menopausa impactam a vagina.

Embora a maioria das mulheres não enfrente sintomas vaginais significativos durante e após a menopausa, algumas podem experimentar desconforto ou angústia.

Apesar de tratamentos hormonais como o estrogênio vaginal estarem disponíveis, há uma necessidade urgente de mais opções de tratamento não hormonais.

[The Conversation]

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