Será que deu certo? O que alcançamos em 30 anos protegendo a camada de ozônio

Por , em 14.09.2017
Blue Atmosphere Space Clouds Flying Milky Way

Esta semana marca o 30º aniversário da assinatura do Protocolo de Montreal, tratado que regula o uso de substâncias que desgastam a camada de ozônio. A assinatura desse protocolo foi um evento político notório. O tratado é o primeiro da história das Nações Unidas a alcançar a ratificação universal. A ciência do meio ambiente fez com que ele fosse colocado em prática.

Cientistas do British Antarctic Survey (BAS) da NERC, Joe Farman, Brian Gardiner e Jonathan Shanklin, descreveram sua observação de grandes perdas de ozônio sobre a Antártida na revista Nature. A descoberta do buraco antártico pela BAS garantiu um aviso prévio do desgaste perigoso da camada de ozônio em todo o mundo.

A pesquisa atmosférica financiada pela NERC, conduzida pelo professor John Pyle, pelo Dr. Neil Harris e por colegas da Universidade de Cambridge e do Centro Nacional de Ciência Atmosférica desempenhou um papel de liderança na demonstração do efeito de gases produzidos pelo homem na camada de ozônio e as consequências à saúde ser humano. Suas contribuições desempenharam um papel fundamental no fortalecimento do Protocolo de Montreal.

Com essa evidência, governos de todo o mundo adotaram medidas e criaram o protocolo em 1987, assinado em 16 de setembro. O tratado, junto a outros trechos da legislação relacionada ao tema, garantiu a rápida eliminação das substâncias que destroem a camada de ozônio.

Avanços observados

Uma análise delegada pela NERC em 2015 descobriu que sua pesquisa de ozônio poupou milhares de vidas e garantiu preços mais baixos aos alimentos, levando a economias de um bilhão de euros a cada ano para o Reino Unido, graças à implementação antecipada do Protocolo de Montreal.

A análise estimou que, se os cientistas financiados pela NERC no British Antarctic Survey não tivessem relatado sua descoberta de um buraco na camada de ozônio em 1985, essa revelação poderia ter surgido com cinco a dez anos de atraso. Em 2030, o custo desse atraso resultaria em mais 300 casos de câncer de pele a cada ano no Reino Unido, custando ao país cerca de 550 milhões de libras por ano (cerca de dois bilhões e trezentos mil reais) na moeda de hoje. A análise, segundo a Deloitte, estima que a descoberta também levou a evitar perdas na produção agrícola no valor de até 740 milhões de libras (aproximadamente três bilhões de reais) por ano.

Jonathan Shanklin, um dos integrantes da equipe de descoberta da BAS, afirmou: “O Protocolo de Montreal é um acordo notável, cujos efeitos já se pode observar. Sinais de recuperação do buraco do ozônio estão se tornando mais evidentes e isso terá grandes benefícios para a sociedade, com menos casos de problemas relacionados aos raios ultravioleta. O caso demonstra que, quando a política e a ciência trabalham juntas, podem resultar em ação efetiva”.

Carolyn Graves, meteorologista da BAS responsável por monitorar medidas diárias de ozônio no verão da Antártica na Estação de Pesquisa Halley, disse: “Sinto-me muito privilegiada em participar do monitoramento do buraco do ozônio, e é especialmente gratificante observar sua recuperação como resultado de uma história de sucesso na política científica “.

Passados 30 anos, o Protocolo de Montreal continua a ser um exemplo fantástico de ação global bem sucedida para enfrentar um problema ambiental que afeta o mundo todo. As observações recentes, que indicam que o buraco do ozônio parece estar no caminho da recuperação, exemplificam esse sucesso.

Sobre o buraco na camada de ozônio

O buraco de ozônio antártico é causado pela acumulação de cloro e bromo na atmosfera, provenientes de clorofluorocarbonos (CFCs) e halons. O buraco em si começa a se formar quando a luz solar retorna, ao fim do inverno antártico, e atinge sua maior extensão a cada setembro, antes de desaparecer novamente em meio ao verão. A quantidade de sobrecarga de ozônio deve seguir um padrão sazonal regular. Foi o que ocorreu durante os primeiros 20 anos de medições da BAS, mas, no final da década de 1970, podem-se observar desvios claros. A cada primavera sucessiva, a camada de ozônio foi se enfraquecendo, e em 1984 ficou claro que a estratosfera antártica estava mudando progressivamente.

Monitoramento do ozono na Antártida

O ozônio estratosférico é medido nas estações de pesquisa Halley e Rothera. As medidas diárias do ozônio são tomadas como parte do monitoramento de longo prazo, financiado pelo NERC. Na Halley, as medidas são tomadas sete vezes ao dia no verão, quando o sol está alto o suficiente para garantir a verificação das dimensões. As medidas de ozônio da Halley Research Station, que foram registradas desde o ano geofísico internacional (IGY) entre 1957-58, levaram os pesquisadores à descoberta do buraco na camada de ozônio em 1985. [Phys.org]

2 comentários

  • Tibulace:

    Tem fatos científicos e ESPERTEZAS, nesse tema:TODOS os gases frigoríficos, ” revelam-se” danosos ao Ozônio, ASSIM QUE VENCE a patente deles

    • Cesar Grossmann:

      Não é verdade. A primeira patente para um CFC foi emitida em 1928, número 1.886.339, para a GM, e a marca Freon foi registrada em 1931. Outras patentes foram concedidas, até o ano de 1935. Estas patentes venceram 20 anos depois, o mais tardar em 1955. Os primeiros estudos apontando que estes gases poderiam ser danosos para a camada de ozônio apareceram 20 anos depois, em 1974.

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