O xadrez deveria ser uma disciplina obrigatória nas escolas?

Por , em 28.04.2011

Recentemente, uma lei foi criada na Armênia que obriga todas as crianças com seis anos ou mais a aprender xadrez nas escolas. O país acredita que isso fomentará o desenvolvimento intelectual e melhorará as habilidades de pensamento crítico dos alunos.

A Armênia tem motivos de sobra para acreditar no xadrez. O país trata os grandes mestres do jogo de tabuleiro como estrelas do esporte, os campeonatos de xadrez são exibidos em telas gigantes nas cidades, e as vitórias são comemoradas com o tipo de frenesi que ocorre na maioria dos países com o futebol.

O xadrez é nada menos do que uma obsessão nacional. A população pode ser de apenas 3,2 milhões de habitantes, mas a Armênia regularmente bate potências como a Rússia, a China e os EUA. Sua equipe nacional conquistou o ouro na Olimpíada Internacional de Xadrez em 2006 e em 2008. Além disso, o presidente armênio, Serzh Sargsyan, acaba de ser reeleito como presidente da Federação de Xadrez armênia.

Mas será que o xadrez realmente ajuda o desempenho acadêmico e melhora o comportamento das crianças, a ponto de valer a pena que seu ensino seja obrigatório?

Os defensores do xadrez têm algumas evidências de que sim. Um estudo de dois anos realizado nos EUA descobriu que a aprendizagem do xadrez melhora os índices de pontuação e desempenho em testes de leitura e interpretação no ensino fundamental.

Outro estudo concluiu que jogar xadrez pode aumentar as pontuações de QI, reforçar as competências de resolução de problemas, melhorar a memória e estimular o pensamento criativo.

Segundo cientistas, há muitas razões pelas quais o xadrez tem um impacto positivo sobre crianças da escola primária. Não só dá às crianças habilidades de pensamento e melhora sua memória, concentração e cálculo, mas as ensina a assumir a responsabilidade por suas ações.

Há também atitudes comportamentais e atributos sociais. As crianças apertam as mãos no início do jogo e, embora não seja um silêncio mortal durante a partida, a sala fica bastante tranquila e disciplinada.

Além disso, o jogo é uma atividade universal e inclusiva, que pode ser jogado em todos os padrões. Uma pessoa de 4 anos pode jogar com alguém de 104 anos. Pessoas que não podem andar podem ser atletas de primeira classe. Crianças negligenciadas por outros meios, por serem muito quietas ou fisicamente fracas, por exemplo, podem ser as melhores. Sem contar o fato de ser barato, por isso acessível até mesmo a crianças menos favorecidas economicamente.

Segundo pesquisadores, o jogo pode ser difícil para crianças novas, mas na idade de 6 elas já são capazes de entender. É o momento ideal para “selecionar” as pessoas com potencial. O xadrez usa o poder do cérebro, e não a experiência. Se uma criança é boa aos 6 anos, pode ser um grande mestre aos 12.

Seus defensores afirmam que o xadrez é um processo muito viciante, como uma droga positiva para as crianças. Mesmo quando é jogado online, é muito melhor do que videogame ou televisão.

Alguns especialistas, embora pensem que o ensino de xadrez nas escolas pode ser benéfico, acreditam que não é necessário torná-lo obrigatório. Há muitas outras coisas que poderiam se beneficiar de serem obrigatórias também, mas a questão é: seria adequado?

Na Armênia, o governo está batendo em uma porta aberta. O xadrez é super entranhado na cultura local. Em outros países que também incentivam o xadrez, como o Reino Unido, torná-lo obrigatório pode ter um efeito contrário, como desanimar as pessoas.

E os professores? O que acham disso? Muitos educadores percebem facilmente como o jogo pode ser uma ferramenta útil. O xadrez é uma habilidade: o que você tem a perder em estimular uma habilidade?

Porém, apesar de concordar que o fornecimento de xadrez nas escolas (ou seja, estimular sua prática, seja através de clubes ou aulas) é útil, muitos professores não acreditam que o melhor caminho sejam aulas obrigatórias.

Os educadores não têm certeza se isso teria um impacto positivo. A ideia é de que haja a opção, para as crianças que achem a atividade interessante. Em um currículo já lotado de prioridades, não há espaço para mais disciplinas obrigatórias. Mas sempre há espaço para o conhecimento.

[BBC]

17 comentários

  • Leonardo Castro:

    De vez em quando, alguém quer que uma nova disciplina seja obrigatória. Por que obrigatória? Para haver mais alunos contrariados? Ofereçam-nas como optativa. Xadrez, Gamão, Mahjong, Teoria dos Jogos, Economia, Direito, Ginástica, Latim, Grego, Sânscrito, Japonês, Tupi, etc…

  • Pedro Barreto:

    concordo que o xadrez tem uma capacidade de acréscimo ao raciocínio lógico, e que deveria ser estimulado sim como uma atividade complementar. Mas, não concordo com o assunto relacionado com o QI, por que a inteligencia está totalmente ligada à memória, não é inata, é desenvolvida com o decorrer de aprendizados. discussões a respeito do QI estão contidas no livro renomado, do Daniel Goleman, “inteligencia emocional”. Mas enfim, hoje agradeço a minha facilidade de raciocínio em situações problemas ao xadrez e à matemática.

  • daniel:

    Eu jogo muito bem xadrez… Devia sim ser obrigatória

  • Chessmaster_17:

    Discordo quanto à obrigatoriedade, o efeito seria desastroso, assim como acontece com a literatura, o aluno apreciará enquanto o interesse for espontâneo.

  • Yumi:

    Eu jogo xadrez na minha escola durante as aulas de educação física,mas em 50 minutos (o tempo de uma aula) não dá tempo nem de arrumar direito as peças,imagina se daria para terminar uma partida?Mas se fossem 2 ou 3 aulas poderia até dar certo

  • anderea:

    xadrez n pode tornar uma pessoa genial alias pode ajudar a memoria mais a memoria não é importante pra mudar um mundo o xadrez pode melhorar criatividade porem menos do que video games talvez só calculo mesmo mais isso é mto pouco motivos para torna-lhe obrigatório

  • Carol rs.:

    Cesar está certo, eu tive xadrez na 5º e 6º serie, o professor era extremamente chato, a gente só não odiava porque podia conversar enquanto jogava xadrez.

  • eduardo:

    Tb não sou a favor da obrigatoriedade… mas sim como um complemento das atividades escolares…

    Acho que o que deveria ser obrigatório é faculdade de política, pra “peneirar” melhor o nosso governo… pq hj qualquer um pode ser deputado…

  • PredadorXD:

    @Cesar se fosse as crianças do Brasil isso seria verdade, graças a nossa cultura de malandros!!!

  • Jardel:

    Hoje eu agradeceria se houvesse tido essas aulas quando eu estava no primário.

    Mal não faz.

  • Alter ego: Estudante:

    O Xadrez traz muitos benefícios para o cérebro, aumentar o Q.I. por exemplo, mas acho que não deve ser uma matéria, e sim uma atividade complementar.

  • Silvio RC:

    Nada que é obrigatório torna-se prazeroso. Muito pelo contrário.

    Ademais, as crianças precisam de brincar, correr, exteriorizar a agressividade natural, dar vazão à imaginação e não serem obrigadas a passarem horas sentadas e concentradas num tabuleiro, cujas regras do jogo não se pode mudar.

    Os famosos campeões de xadrez (a maioria com cara de nerd) sempre foram somente famosos campeões de xadrez. Nada mais além disso.

    Não se destacaram brilhantemente em outras profissões e atividades, (criadores de softwares, Nasa, Pentágono, Cia, Forças Armadas, nem como amantes calientes, escritores, roteiristas, cientistas, atores, compositores, cantores) conforme apregoado no que lemos sobre os “benefícios” do jogo. Só no xadrez e pelo xadrez.

    O jogo é agradável para nós, como distração, quando disputado por parceiros da mesma idade ou do mesmo nível de habilidade.
    Fora disso torna-se uma chatice, pois o mais adiantado sempre vence facilmente a partida, o que lhe acaba diluindo a sensação de disputa.

    Concordo com o texto no que se refere às crianças com problemas de relacionamento, isolacionamento, com alguns problemas de locomoção e acrescento…Aos aposentados.

    Mas por outro lado, os jogos de computador (excessão aos mortais) produzem o mesmo efeito de desenvolvimento do raciocínio, adicionados ao puro prazer.

    • Gileno Amaral:

      Silvio RC,

      Lamento em dizê-lo que você está inteiramente enganado. E o pior de suas alegações é que elas parecem, apenas parecem, vir de alguém com conhecimento sobre o assunto, mas que não resiste a um rápido escrutínio.

      É um direito seu opinar, entretanto se você não é um profissional da Educação, suas opiniões possuem pouco ou nenhum valor. A não ser que você as fundamente adequadamente.

      Você DEMONSTRA grande ignorância acerca da história desta produção pluricultural humana, que é o jogo de Xadrez. Desconhece os trabalhos que envolvem o Xadrez como ferramenta no âmbito escolar. Desconhece (completamente) sobre a vida privada e pública dos ex-campeões mundiais. Nada sabe pelo visto, sobre as pesquisas científicas envolvendo as expertises e a cognição humana, e igualmente nada sabe sobre as pesquisas envolvendo a IA – Inteligência Artificial, onde, em ambos os casos, o Xadrez serviu e serve como modelo parametrizador.

      Você é muito peremptório em suas afirmações e isto é no mínimo temível para alguém que se apresenta em um grande estado de ignorância sobre um tema tão complexo que é o jogo de Xadrez, especialmente em sua vertente mais nobre que é o seu uso no âmbito educacional.

      Da próxima vez pesquise antes de afirmar, afim de não escrever baboseiras.

    • William Alves:

      Gileno, seu argumento além de descortês e prolixo é cheio de ataques Ad Hominem.

  • Dr. Laboceta:

    EU JOGO XADREZ TODOS OS DIAS , E NÃO ME CONFORMO COMO PODE UM JOGO VICIAR TANTO… REALMENTE EU CONCORDO QUE SEJA UMA DISCIPLINA OBRIGATORIA… MUITO BENÉFICO

  • Marcelo Ribeiro:

    Penso que apesar de obrigatório não ser o caminho, talvez fosse melhor se a disciplina de xadrez não reprovar nenhuma criança, desta maneira se aplica mais quem tem mais interesse. Mas não sei como a lei será aplicada. Cesar, ri alto sobre o seu comentário.

  • Cesar:

    Tornar o xadrez obrigatório vai fazer com que nasça o impulso de “matar” as aulas de xadrez nas crianças…

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