Origem de sinal de rádio espacial misterioso foi descoberta!

Por , em 6.01.2017

Rajadas rápidas de rádio (FRB, na sigla em inglês), pulsos poderosos de energia de rádio de origem cósmica desconhecida, são uma fonte de fascínio infinito para os astrônomos e de várias teorias da conspiração alienígenas. Mas, enquanto a maioria das FRBs descobertas até agora são eventos únicos, esses fenômenos ficaram mais interessantes no ano passado, quando os astrônomos descobriram o primeiro sinal FRB que se repete. Agora, eles localizaram sua origem.

Sinais de rádio rápidos e repetitivos vindo de fora da nossa galáxia são um mistério

FRB 121102, a única rajada rápida de rádio repetida conhecida pela ciência, está localizada a mais de três bilhões de anos-luz de distância, em uma galáxia anã mil vezes mais fraca do que a Via Láctea, de acordo com uma nova pesquisa. Não só a nova análise confirma que rajadas de rádio misteriosas emanam de uma fonte muito além de nossa galáxia, como significa que podemos começar a desvendar qual é exatamente essa fonte.

Tudo o que sabemos neste momento é que as FRBs estão vindo de algo poderoso. “Esses flashes de rádio devem ter enormes quantidades de energia para serem visíveis a mais de 3 bilhões de anos-luz de distância”, diz o astrônomo da Universidade Cornell, nos EUA, e principal autor do estudo, Shami Chatterjee.

“Eu acho que é algo grande, e estou muito animado com o resultado”, corrobora Peter Williams, astrônomo do Centro de Astrofísica de Harvard, que não estava envolvido no estudo.

Rajadas constantes

Durante a última década, os astrônomos catalogaram mais de uma dúzia de FRBs, flashes aparentemente aleatórios de energia de rádio que aparecem no céu em locais distantes e depois desaparecem. O FRB 121102 foi visto pela primeira vez em 2012, no Observatório Arecibo, em Porto Rico, um dos mais poderosos radiotelescópios do mundo. Mas, ao contrário de FRBs anteriores, 1211102 não foi apenas um flash: observações de acompanhamento em 2015 revelaram dez rajadas de rádio adicionais emanando da mesma região do espaço. “Isso inequivocamente identifica FRB 121102 como uma repetição”, os astrônomos escreveram sobre a descoberta no ano passado na revista Nature.

O fato de que o FRB 121102 se originou de uma galáxia anã foi um pouco inesperado, afirma Cees Bassa, astrônomo do Instituto Holandês de Rádio Astronomia (ASTRON). “Não tínhamos certeza do que esperar, mas acho que toda a equipe ficou surpresa ao ver que nossa fonte exótica é hospedada por uma galáxia muito pequena e fraca”, conta.

Sinais de rádio misteriosos são detectados vindo de um lugar desconhecido no universo

O sinal repetitivo do FRB 1211102 removeu qualquer dúvida de que os astrônomos estão olhando para um fenômeno astrofísico genuíno, em vez de, digamos, rajadas aleatórias de energia do forno de microondas mais próximo. Igualmente importante, o FRB 121102 provou que o que quer que esteja produzindo estas rajadas rápidas de rádio – ou pelo menos, algumas delas – não está sendo destruído no processo.

Ainda assim, muito mais informação era necessária para descobrir o que está causando as FRBs, começando com de onde no universo elas estão vindo. Agora, esse mistério parece ter sido resolvido.

Antes do novo estudo, o remendo de céu associado às explosões poderosas do FRB 121102 tinha vários minutos de arco em diâmetro. Era suficientemente grande para abarcar centenas de fontes potenciais e muitas galáxias. Para encontrar mais precisamente sua localização, Chatterjee e seus co-autores voltaram para o Very Large Array (VLA), no Observatório Nacional de Rádio Astronomia dos EUA. Em 83 horas de observação no ano passado, eles assistiram FBR 121102 disparar nove vezes adicionais, tudo em uma posição consistente do céu. Observações posteriores com o telescópio Gemini North, no Havaí, revelaram uma galáxia anã muito fraca exatamente na localização da fonte.

Mais observações de acompanhamento, com outras redes de telescópios ao redor do mundo, incluindo a Rede Européia de Interferometria de Linha Muito Longa (VLBI), mostraram que os vários sinais FRB estavam ocorrendo dentro de 100 anos luz de distância um do outro. Os astrônomos também identificaram uma fonte de rádio mais fraca e contínua, que também parece estar co-localizada.

“Nós acreditamos que as rajadas e a fonte contínua vêm provavelmente do mesmo objeto ou que estão de algum modo fisicamente associadas uma com a outra”, diz Benito Marcote, pesquisador do instituto comum para VLBI ERIC, nos Países Baixos.

Teorias

Então, agora que sabemos de onde toda essa conversa intergaláctica está vindo, podemos dizer o que está causando este fenômeno? Ainda não – mas a localização do FRB 121102 dentro de uma galáxia anã implica uma possibilidade bastante incrível: um magnetar: uma estrela morta, densa, que gira rapidamente, com um campo magnético poderoso o suficiente para destruir toda a vizinhança cósmica e transformá-la em átomos.

“Eu prefiro a ideia de que eles estão relacionados com magnetars”, diz Williams. Ele observou que as galáxias anãs escuras, como a de onde vem o FRB 121102, também estão associadas a outro estranho fenômeno cósmico, as supernovas superluminais. Ninguém realmente sabe por que as explosões estelares mais brilhantes estão acontecendo nas galáxias mais fracas, mas há razões para suspeitar que tais ambientes também podem ser propício para a formação de magnetares. Outra possibilidade é que o sinal poderia ser associado a um “núcleo galáctico ativo”, com jatos de rádio provenientes de material que envolve o buraco negro supermasivo da galáxia.

Sinais de rádio de Saturno confundem cientistas

Há sempre a possibilidade de que uma civilização alienígena avançada construiu uma máquina para sugar sistematicamente a vida das estrelas próximas, e que a máquina de morte alienígena libere poderosas explosões de energia cada vez que destrói um planeta. Mas, de acordo com os cientistas, não devemos nos apegar a esta ideia. “Eu já brinquei sobre batalhas espaciais e estrelas de morte explodindo, mas achamos que podemos explicar isso com a física comum”, diz Chatterjee. [Gizmodo, Space]

2 comentários

  • ENAX:

    Quando se fala em sinal de rádio, dá a entender que existe uma emissora de rádio em uma galáxia distante enviando sinais através de alienígenas, mas na verdade dentro do espectro de ondas, por acaso a frequência, que poderia ser qualquer outra, é mesma que utilizamos para transmissões de rádio. Isso não tem nada a ver com seres inteligentes emitindo sinais durante uma partida de futebol intergalática. Seria melhor descrever o fenômeno como emissões de sinas na frequência de tantos GHz, MHz ou KHz… Como o sinal é repetitivo fica descartado qualquer fenômeno envolvendo buracos negros já que um buraco negro não se alimenta de uma estrela repetidamente, assim a suspeita recai sobre estrelas de nêutrons e magnetares interagindo de forma a criar sinais com a frequência detectada. O mesmo ocorre quando um raio produzido por uma nuvem interfere no som produzido por um aparelho de rádio. A interferência só ocorre durante a rajada e depois cessa. Com dois magnetares girando em alta velocidade pode haver uma composição de campos magnéticos que provoquem emissão de ondas na frequência que os humanos utilizam para transmitir e receber ondas de rádio e a repetição se dá dependendo da posição dos campos magnéticos dos dois astros em movimento… A repetição se dá cada vez que o movimento dos astros direciona a fonte em nossa direção. Dependendo do movimento a recepção do sinal pode ser repetitivo ou aleatório.

    • Cesar Grossmann:

      As ondas de rádio correspondem a comprimentos de onda mais longos que o infravermelho, e variam entre os 30 Hz e os 3.000 GHz. O sinal detectado varia entre 5 e 8 GHz.

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