Os baixinhos têm muitas razões para se sentirem paranoicos

Por , em 17.02.2014

Segundo um estudo da Universidade de Oxford (Reino Unido), a altura física de uma pessoa pode afetar seu estado emocional.

A linguagem atribui um valor positivo sobre as pessoas de alta estatura: os mais altos olham para baixo, em vez para cima, quando estão falando com alguém, o que confere sensação de poder. Mas o contrário também é verdadeiro?

Aparentemente, sim. A nova pesquisa, que utilizou realidade virtual, descobriu que pessoas mais baixas se sentem mais desconfiadas e vulneráveis.

No estudo, 60 mulheres sem histórico de doença mental representadas por avatares passaram por uma experiência virtual de andar no sistema de metrô de Londres em sua altura normal e, em seguida, com uma altura reduzida em 25 centímetros (mais ou menos o tamanho de uma cabeça).

Elas foram capazes de se mover e interagir com outros passageiros virtuais, trocando olhares ou desviando do olhar dos outros, por exemplo. As viagens virtuais duravam cerca de seis minutos cada, e foram programadas de forma idêntica, exceto, claro, pela diferença de altura.

As participantes relataram que, durante a viagem em que foram “diminuídas”, se sentiram mais vulneráveis, mais negativas sobre si mesmas, e tiveram um grande senso de paranoia.

“A chave para este estudo foi que não havia motivos para desconfiança”, disse o psicólogo clínico e principal autor da pesquisa, Daniel Freeman. “No entanto, quando as participantes viram o mundo a partir de uma altura uma cabeça mais curta do que o habitual, pensaram que as pessoas estavam sendo mais hostis ou tentando isolá-las”.

Isso não sugere que as pessoas baixas são sempre mais desconfiadas ou paranoicas. Porém, as descobertas de fato reforçam percepções comuns sobre a altura. “Altura parece afetar nosso senso de status social, e ser mais alto tende a ser socialmente desejável. A implicação é que maior altura pode torná-lo mais confiante em situações sociais”, sugere Freeman.

Ele explica que isso é facilmente observável quando estamos nos sentindo mal, porque tendemos a nos curvar, nos inclinar e ocupar menos espaço, enquanto que quando nos sentimos mais confiantes, nos sentimos mais altos e ocupamos mais espaço.

Uma participante também relatou se sentir como uma criança, fora do lugar, quando notou que estava menor. “Ser menor, em outras palavras, replicou a sensação de vulnerabilidade de uma criança, que ainda não cresceu para a vida adulta”, afirma.

Altura x status

A comparação entre altura e status existe – até aí tudo bem. Mas como e por que nossos cérebros passaram a incorporar tais significados?

De uma perspectiva evolucionária, a época em que os seres humanos eram caçadores nômades pode explicar a vantagem da altura na sociedade.

De acordo com Linda A. Jackson, professora de psicologia da Universidade de Michigan (EUA), que estudou estereótipos de altura, ser mais alto trazia benefícios para capturar presas e evitar predadores, o que proporcionava uma maior probabilidade de sobrevivência para pais altos e sua prole – assim, as mulheres preferiam os mais “esticados”.

Você, sentado na frente do seu computador com seu smartphone na mão, sabe que a sociedade de hoje é radicalmente diferente da era dos caçadores-coletores. No entanto, a altura continua a ter um impacto (pequeno, mas mensurável) sobre a forma como os outros nos veem – especialmente no caso de homens.

Os homens mais altos são percebidos como tendo maior status, habilidades de liderança mais fortes, e como sendo mais bem-sucedidos profissionalmente do que os medianos ou baixos”, explica Jackson.

E, embora a evidência de que tais estereótipos afetam menos as mulheres, as mais baixas também são percebidas de forma menos favorável na esfera do trabalho. Por exemplo, elas não podem ser aeromoças, dentre outros motivos, porque podem não alcançar os compartimentos mais altos de um avião.

Timothy Judge, professor de administração da Universidade de Notre Dame (EUA), que estudou a influência da altura sobre os rendimentos profissionais, acredita que estudos correlacionando altura com sucesso profissional ou pessoal “destacam que somos uma cultura muito baseada na aparência”.

Além disso, conforme nos tornamos mais e mais uma sociedade visual e de base tecnológica, há razões para se preocupar que não haverá muito para retardar julgamentos baseados em aparência. “Por outro lado, se nós só conhecermos as pessoas através do computador, talvez a altura possa se tornar menos importante”, diz. [NatGeo]

5 comentários

  • Ronaldo Rocha:

    Com 16 anos e 1,73 de altura. Será que ainda cresço?

  • Genioso Irreligioso:

    Nem alto e nem baixo… 1,74 😉

  • Onai Serip:

    Com meus 1,67 de altura então… sem comentários, afinal deixamos de ser caçadores, passamos agora a ser caçados. Quem conseguir fugir melhor, a presa pequena ou a grande? kkkkkkkkkkk #toma hehe 😛

  • Nathália Silva:

    Estou muito feliz com meus 1,53 de altura. Beijo recalque :* hahahahah

    • Douglas Rossi:

      Também estou com os meus 1,90 hauahuahau

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