A batalha evolucionária que leva os humanos às alturas

Por , em 8.08.2012

Um novo estudo da Universidade de Groningen, na Holanda, mostrou que um cabo de guerra evolucionista mantém as mulheres baixinhas e os homens altos.

Essa batalha evolutiva dos sexos funciona mantendo os gêneros em um “loop” interminável de variações de altura entre as gerações.

Altura e evolução

Nas modernas sociedades ocidentais, estudos descobriram que as mulheres mais baixas tendem a ter mais filhos, e homens mais altos também. Reprodutivamente falando, a altura é um fator que leva a mais descendentes.

Homens e mulheres são sexualmente dimórficos, ou seja, há diferenças corporais óbvias entre os sexos. Só que também compartilhamos a maior parte de nosso genoma, o que significa que a evolução tem uma caixa de ferramentas limitada para criar essa diferença em forma e tamanho.

Isso pode levar a um conflito em que as forças evolutivas agem em direções opostas nos homens e mulheres.

O estudo

Os pesquisadores acompanharam mais de 10.000 participantes e analisaram dados de pares de irmãos, incluindo 808 pares de dois irmãos, 996 pares de duas irmãs e 1.718 pares de um irmão e uma irmã.

A média das alturas através dos pares deu aos pesquisadores uma melhor ideia da altura média da família, já que esse traço é altamente hereditário e está sob a influência de múltiplos genes. Altura também está correlacionada com a renda, atratividade, saúde, educação e longevidade.

Em seguida, eles analisaram como a altura estava relacionada com o número de crianças em cada família.

Em famílias pequenas, onde o irmão e a irmã eram susceptíveis a serem baixos (abaixo da altura média), as irmãs tiveram mais filhos do que os irmãos. Em famílias mais altas, porém, os irmãos é quem tinham mais filhos.

A batalha dos sexos

Os resultados apoiam a ideia de que os sexos estão envolvidos em um “cabo de guerra”.

Digamos que uma mulher é menor do que a média. Isso torna mais provável que ela tenha filhos e passe seus genes. Se ela tem uma filha e um filho, eles são propensos a ser baixos, graças aos genes de sua mãe. Isso é bom para a filha, mas ruim para o filho.

Este padrão ocorre sobre uma população inteira, não apenas uma única família. O que isto significa é que, como a população como um todo fica mais baixa por causa das mulheres, todo mundo se afasta da altura ideal para os homens. Isso aumenta a pressão evolutiva para os homens, de modo que os caras mais altos se reproduzem mais do que seus irmãos menores,
empurrando a altura masculina da próxima geração.

Como a seleção nesta geração tende, então, a aumentar a média de altura dos homens, a próxima geração vai voltar a ser um pouco mais alta. Isto é, é claro, em detrimento das mulheres, de modo que a pressão de seleção sobre a altura do sexo feminino vai ficar mais forte e levar a uma menor estatura novamente.

Conclusão? Essa batalha evolucionista impede que ambos os gêneros atinjam sua altura perfeita.

E a guerra segue

Segundo os pesquisadores, outras características podem estar sujeitas à mesma batalha evolutiva dos sexos.

Por exemplo, quadris largos são bons para as mulheres no parto, mas não são ideais para a locomoção em homens.

Masculinidade facial é ideal para os homens, já que “cara de macho” os ajuda a se dar bem com as mulheres. Já suas irmãs que herdaram as mesmas características faciais provavelmente não são tão atraentes para potenciais companheiros.

Da mesma forma, traços que fazem mal para um dos sexos, mas não prejudicam o outro podem não ser “eliminados” pela seleção natural.

Por exemplo, não só nos seres humanos, mas em muitas outras espécies, o sexo feminino vive mais do que o masculino. Apesar de fatores externos poderem estar envolvidos, um traço genético beneficia claramente as mulheres: os genes mitocondriais.

As mitocôndrias têm seu próprio DNA, separado do DNA que reside no núcleo da célula (que é o que pensamos quando falamos de genoma). Enquanto as crianças recebem cópias da maioria de seus genes de ambos os pais e as mães, elas só recebem genes mitocondriais de suas mães. Então, se alguma mutação prejudica os homens, mas não as mulheres, as fêmeas não o eliminam, e o passam adiante para seus filhos, seja homem ou mulher.

“Eu acho que é importante reconhecer que os processos evolutivos ocorrem em populações humanas contemporâneas“, disse Gert Stulp, autor do estudo. “A evolução não parou na revolução industrial”.[LiveScience]

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