Pacientes de derrame voltam a andar após injeções de células-tronco

Por , em 6.06.2016

Um novo estudo conduzido pela empresa SanBio viu melhorias notáveis em força e mobilidade em pacientes que tiveram um acidente vascular cerebral, ou derrame, depois que eles receberam injeções de células-tronco em seus cérebros.

Alguns pacientes até voltaram a andar.

“Uma mulher de 71 anos de idade só podia mover seu polegar esquerdo no início do estudo, mas agora pode caminhar e levantar o braço acima da cabeça”, disse o neurocirurgião e pesquisador principal do estudo, Gary Steinberg, da Universidade Stanford, nos EUA, ao portal New Scientist.

Potencial

Este é o segundo estudo que injetou células-tronco no cérebro de pacientes para ver se melhorava sua recuperação após derrames. Um estudo realizado no Reino Unido no ano passado também mostrou resultados igualmente promissores.

A nova pesquisa foi baseada na Califórnia, e executada pela SanBio. A equipe testou o procedimento em 18 pacientes, e todos relataram melhorias em mobilidade, sendo que sete deles tiveram um progresso “significativo”.

Resultados

Todos os participantes tinham sofrido um acidente vascular cerebral entre seis meses e três anos antes do estudo, e seu progresso tinha estagnado – o que significava que era improvável que melhorassem mais sem esse novo tratamento.

Antes e até um ano depois, os pesquisadores mediram a sua mobilidade em uma escala de 1 a 100 – sendo 100 totalmente móvel – e descobriram que, em média, as pessoas tinham melhorado 11,4 pontos durante a pesquisa, o que é considerado clinicamente significativo.

Como funciona

A técnica utilizada envolveu a injeção de células-tronco através de um furo no crânio dos pacientes, em regiões do cérebro conhecidas por controlar os movimentos motores, e que tinham sido danificadas pelo derrame.

A equipe ainda não sabe exatamente como isso ajuda a mobilidade, mas parece que a chave está em acionar o cérebro para se tornar “jovem” novamente.

As células injetadas são chamadas de células estaminais mesenquimais, que neste estudo foram doadas da medula óssea de duas pessoas saudáveis, e geneticamente modificadas para expressar um gene chamado Notch1, conhecido por provocar o desenvolvimento do cérebro em bebês. Cada paciente recebeu 2.5, 5 ou 10 milhões destas células.

Em ratos, os pesquisadores já sabiam que estas células injetadas não duravam mais de um mês no cérebro, mas, durante esse tempo, pareciam secretar fatores de crescimento que desencadeavam novas conexões entre células cerebrais e regeneração dos tecidos.

“Nós costumávamos pensar que os circuitos cerebrais afetados estavam mortos”, Steinberg afirmou ao New Scientist. “Agora, temos que repensar isso. Pessoalmente, acho que os circuitos são inibidos, e nosso tratamento ajuda a desinibi-los”.

No futuro

Embora seja promissor, ainda há muito a ser feito antes que esse tratamento se torne viável para a população em geral.

Todos os pacientes relataram pelo menos um efeito adverso após a terapia, de modo mais testes precisam ser feitos para mostrar se o procedimento é de fato seguro.

Os pesquisadores por trás do estudo no Reino Unido já estão no meio de um novo ensaio clínico maior, e a equipe da SanBio também está planejando um estudo de acompanhamento, desta vez com 156 pacientes.

Neste próximo estudo, um terço dos pacientes receberão um tratamento placebo, para ajudar a equipe a avaliar o quão eficaz a técnica realmente é. [ScienceAlert]

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