Por que algumas pessoas se lembram dos seus sonhos e outras não?

Por , em 19.08.2013

Hoje de manhã, você acordou com uma forte lembrança de se preparar para um concurso de beleza nos cassinos de Las Vegas enquanto procurava um smoking barato pelas lojas da cidade. Ontem, porém, você teve um pesadelo no qual você estava em uma casa assustadora com um velho que parecia ser apenas um esqueleto. Você conta seus sonhos loucos para seus amigos, que nunca se lembram de sonho algum. Mas por que isso acontece? O que faz com que algumas pessoas se lembram dos seus sonhos e outras não?

É difícil dizer por que alguns dias temos a nítida sensação de que nosso sonho foi verdadeiro, e conseguimos lembrar muito bem de detalhes dele, enquanto outras vezes recordamos apenas uma sensação boa ou ruim – e, em outros dias, não nos lembramos de absolutamente nada.

Cientistas têm estudado há muito tempo nossos sonhos, mas a verdade é que não compreendemos por completo a ciência cognitiva que existe por trás deles. Nós não sabemos exatamente como ou quando os nossos cérebros produzem sonhos enquanto dormimos, e não sabemos por que algumas pessoas se lembram dos seus sonhos o tempo todo, enquanto outros raramente se lembram deles.

No entanto, de acordo com um novo estudo sobre a neurofisiologia do sono, a função do cérebro difere significativamente entre aqueles de nós que se lembram dos sonhos mais vividamente e aqueles que apenas vagamente lembrar do que sonharam, numa média de uma ou duas vezes por mês. As pessoas que são melhores em recordar seus sonhos acordam mais vezes durante a noite, além de responder mais prontamente ao som do seu próprio nome – tanto quando estão dormindo quanto acordados.

Em um estudo do Centro de Pesquisa de Neurociência em Lyon, na França, cientistas levaram 36 indivíduos jovens e saudáveis para dormir em um laboratório durante uma noite, ligados a sensores de eletroencefalografia EEG. Eles também usavam fones de ouvido que ocasionalmente emitiam diferentes estímulos auditivos em intervalos esparsos, incluindo uma gravação de uma voz masculina dizendo primeiro o nome dessa pessoa, bem como um nome desconhecido.

Metade dos indivíduos só se lembra de um sonho uma ou duas vezes por mês e a outra consegue recordar seus sonhos quase todos os dias. O primeiro nome dos participantes foi escolhido como um estímulo, porque são sons complexos aos quais as pessoas parecem apresentar uma grande resposta.

“Em resposta aos primeiros nomes, os dois grupos produziram ondas cerebrais diferentes”, conta Perrine Ruby, o principal autor do estudo. “Os participantes que frequentemente lembram os sonhos parecem reagir muito mais ao ambiente que os cerca. Os demais participantes se mostraram muito mais resistentes a estímulos externos”, diz.

Esta alta capacidade de reação pode estar relacionada às razões pelas quais o primeiro grupo acorda mais frequentemente no meio da noite, durante o sono – um processo que provavelmente explica por que eles se lembram mais dos sonhos quando acordam, pela manhã. “Há uma hipótese forte de que o despertar durante o sono facilita que o sonho permaneça em nossa memória”, explica.

Ruby esperava ver as diferenças no EEG entre os dois grupos de pessoas quando eles escutavam os próprios nomes enquanto estavam dormindo. Todavia, ela se surpreendeu ao descobrir que as pessoas que lembram mais dos sonhos também apresentaram maior atividade elétrica no cérebro, em comparação com o outro grupo, quando ouviam seu nome estando acordadas.

“Nós pensamos que talvez se o primeiro grupo estava sonhando muito mais, o sonho poderia interferir no processamento dos sons externos, mas durante o período acordado não havia razão alguma para esperarmos diferenças”, relata.

Estes resultados indicam que existem diferenças no funcionamento do cérebro entre as pessoas que se lembram de seus sonhos e aqueles que não o fazem. Porém, uma maneira de o cérebro reagir não é necessariamente melhor do que a outra. “Não é um bom ou mau funcionamento, é apenas uma maneira diferente no processamento de informações”, explica Ruby. “Essas diferentes formas de processamento parecem facilitar – ou atrapalhar – a ligação entre o sonho e a memória”. [Popsci]

4 comentários

  • David Quirino:

    Serei honesto em meu comentário, confessando não ter me dado ao trabalho de ler qualquer explicação aqui dada, pois cheguei a conclusões a respeito de mim mesmo, que, creio, não se aplicam a todas as pessoas: …costumo lembrar-me de meus sonhos, quando, tendo, já, dormido e descansado o necessário, volto a dormir. Concluo, desta forma que: Estando em sono profundo… necessário para recuperar-me de uma exaustiva vigília, e com minha consciência totalmente, ou quase totalmente, desligada, esta, não consegue, portanto, registrar as fantasias de meu subconsciente. Porém, estando, já, descansado e com minha consciência ansiosa por voltar à sua plena atividade, é comum que esta… embora ocupada em tentar tirar-me do estado letárgico em que me encontro, tome conhecimento do que se passa em meu subconsciente, observando e registrando; fazendo com que eu me recorde ao ver-me totalmente desperto. …É por isso que sempre desperto durante um sonho: …lembro-me apenas do que estava a sonhar quando atingia o limiar de minha consciência plena para o estado de vigília. O que passou-se quando em níveis mais profundos do sono, minha consciência plena nunca se recordará. Poderá até mesmo ficar arquivado nos escaninhos de minha mente e em uma ou outra ocasião combinar-se em uma montagem de uma recordação de algo que nunca aconteceu realmente, mas, isto já é outro assunto.

  • Leandro Pinheiro Gomes:

    O impressionante é que sua rotina diária é muito parecida com a minha, e concordo plenamente que a quantidade de horas dormidas interfere diretamente com a capacidade de lembrarmos do sonho, e acredoito
    Que deve-se partir do seguinte princípio de que devemos dormir um número consecutivo de horas de sono tranquilo para que o cérebro seja capaz de armazenar toda a informa do sonho.

  • Alexandre g:

    No meu caso percebo que os sonhos que eu normalmente lembro são aqueles que ocorrem próximo ao horário de acordar naturalmente.

    TALVEZ essas pessoas que não lembram dos seus sonhos, o motivo pode ser que elas estão dormindo pouco, menos do que o necessário.

    Qdo digo naturalmente me refiro sem a interferência de despertador.

    Durante a semana durmo uma media de 4 a 5 horas por dia, quase nunca lembro dos sonhos.

    No fim de semana chego a dormir 11 a 12 horas pois não ligo o despertador.

    Qdo estou na minha oitava hora de sono percebo que dou umas acordadas, dai em diante começo a ter sonhos nítidos acordando de tempos em tempos.

    • João Pedro:

      Cheguei a mesmo conclusão que você observando meus sonhos, sempre aos finais de semana quando durmo mais que 8 horas antes de acordar lembro do sonho. E se retorno a dormir sonho novamente. Já durante a semana não sonho quase, já que durmo no máximo 6 horas, 00:00 as 6:00.

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