É por causa disso que as pessoas têm dificuldade de discernir a direita da esquerda

Por , em 26.09.2017

Você já teve problemas para discernir a direita da esquerda? Por exemplo, numa aula de condução, o instrutor pede que você dê uma volta à esquerda. Você para por uns instantes, lutando para descobrir qual é o lado certo.

Se é assim, você não está sozinho – uma proporção significativa das pessoas expressa dificuldade em definir qual é a esquerda e qual é a direita.

Distinguir ambos os lados é um processo neuropsicológico complexo que envolve várias funções neurológicas superiores, como a capacidade de integrar informação sensorial e visual, linguagem e memória.

Para alguns, o processo soa natural, mas para outros é um desafio considerável. Você pode fazer um teste neste link para avaliar suas habilidades.

Outro grande problema enfrentado por profissionais de saúde é que, quando um médico ou uma enfermeira está diante de um paciente, seu lado direito equivale ao esquerdo da pessoa atendida. Nesse caso, distinguir corretamente ambos os lados em um paciente também envolve a função visual e espacial das imagens que circulam mentalmente.

Trocas equivocadas para erros evitáveis

Não é o fim do mundo se você tomar a direção errada em um determinado caminho, mas há muitas situações em que trocar a direita pela esquerda pode ter consequências devastadoras.

Alguns dos erros mais trágicos na medicina foram registrados quando, na cirurgia, confundiram-se os lados no paciente: remover o rim errado ou amputar a perna saudável.

Embora existam sistemas, verificações e balanços no local para antecipar e minimizar esse tipo de erro, quando ele ocorre, a raiz do problema são os equívocos humanos.

O erro é uma característica intrínseca ao comportamento das pessoas – às vezes, simplesmente fazemos as coisas do jeito errado – mas as confusões entre direita e esquerda podem ser mais sérias do que um acidente isolado.

Evidências sugerem que essa inversão é mais comum nas mulheres. A literatura científica parece sugerir que os homens demonstram um maior grau de função visuoespacial.

O “efeito de distração”

A distinção entre direita e esquerda também nunca ocorre de modo isolado. Hospitais e outras instituições de saúde são locais muito ativos, complexos e agitados para se trabalhar.

Os médicos geralmente estão sujeitos a distrações enquanto trabalham; recebem chamadas telefônicas, monitores cardíacos apitam, colegas perguntam e interrompem a todo momento, há dúvidas de pacientes e de seus familiares – o ambiente clínico pode ser muito desafiador para a concentração.

Em pesquisa publicada na revista Medical Education, médicos exploraram o impacto de tais interrupções na habilidade dos estudantes de medicina de fazer distinções entre cada lado.

Ao medir objetivamente a habilidade de 234 acadêmicos para distinguir a direita da esquerda, os pesquisadores os submeteram ao som ambiente típico de uma sala de enfermaria e interromperam seu trabalho com questões clínicas.

As descobertas foram surpreendentes. Mesmo ruídos ao fundo da ala foram suficientes para distrair alguns deles.

Dirigir-lhes uma série de perguntas enquanto tentavam distinguir a direita da esquerda teve impacto ainda maior. O “efeito de distração” foi mais grave em estudantes mais velhos e do sexo feminino.

A habilidade de um indivíduo para autodeterminar o quão bem ele consegue distinguir a direita da esquerda também se mostrou imprecisa muitas vezes. A maior parte dos estudantes acreditava ser bom na distinção, quando, na prática, não era tanto assim.

Técnicas de oposição

Quem tem dificuldade em distinguir cada lado muitas vezes desenvolve suas próprias táticas – por exemplo, quem se comunica em inglês pode colocar o polegar esquerdo em ângulo reto sobre o dedo indicador para fazer uma representação do “L”, em referência a “left”, lado esquerdo.

No entanto, parece que essas técnicas continuam suscetíveis a falhas e não conseguem solucionar a questão em todos os casos.

Na saúde, o treinamento – que tem início na graduação – precisa tornar os alunos conscientes dos desafios de tomar decisões de direita-esquerda e do impacto que as distrações podem trazer às decisões críticas.

É necessário desenvolver estratégias para reduzir tais situações que provocam de erros e aumentar a conscientização dos alunos e professores sobre o fato de que alguns indivíduos são mais propensos a confundir um lado pelo outro.

Como as pessoas em risco muitas vezes não pensam que têm um problema, o teste da capacidade para diferenciar direita e esquerda – por exemplo, através de exames psicométricos online – pode ser oferecido aos alunos para avaliar sua capacidade.

Aqueles que revelam dificuldades em tomar decisões de direita-esquerda, pelo menos, teriam esta deficiência marcada e poderiam receber vigilância extra em certas situações.

Minimizar distrações também é algo particularmente importante. Durante os momentos críticos de um voo, os pilotos devem abster-se de todas as conversas não essenciais para evitar distrações desnecessárias. Essas regras e outras estratégias podem cair muito bem ao âmbito da saúde.

Artigo originalmente publicado pela The Conversation. [ScienceAlert]

2 comentários

  • Galmont Da Catalunya:

    Triste quando o título promete e a matéria não cumpre! Que preguiça!

  • Chico Lobo:

    Fácil… a direita são os coxinhas que bateram panela e agora arrependidos escondem os cabos da panela onde não bate sol

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