Veja as primeiras fotos da primeira sonda humana que acabou de pousar no lado oculto da Lua
Pela primeira vez na história, pousamos no lado “escuro” da Lua. Quem chegou lá foi a missão chinesa Chang’e 4. A sonda aterrissou na Cratera Von Kármán, de 186 quilômetros de largura, na noite de 2 de janeiro. A Chang’e 4 realizará uma variedade de trabalhos científicos nos próximos meses, ajudando os cientistas a entender melhor a estrutura, a formação e a evolução do satélite natural da Terra, mas esta é também uma conquista simbólica: além de ser um avanço pioneiro para o projeto espacial chinês, a façanha torna também a lista de locais inexplorados em nosso sistema solar um pouco menor.
Vídeo: NASA filma o lado oculto da lua
“Parabéns à equipe chinesa Chang’e 4 pelo que parece ser um pouso bem-sucedido no outro lado da Lua. Esta é a primeira vez para a humanidade e uma conquista impressionante!”, disse via Twitter Jim Bridenstine, da NASA, na noite de quarta-feira, depois que a notícia começou a circular nas redes sociais.
Uma foto tirada e enviada de volta à Terra logo após o pouso da Chang’e 4 mostra uma pequena cratera e uma superfície estéril que parece estar iluminada por uma luz do explorador lunar. O nome da missão vem de uma deusa chinesa que, segundo a lenda, viveu na Lua por milênios.
Lado desconhecido
Apesar de ser chamado de “lado escuro”, o lado oposto do nosso satélite recebe a mesma luz do sol do que o lado mais próximo. Nós nunca o vemos porque a Lua leva a mesma quantidade de tempo para girar uma vez sobre seu eixo e para orbitar a Terra: 27,3 dias. Por causa desse “bloqueio de maré”, nós só vemos uma face do nosso satélite, e o chamamos de lado mais próximo. Esse lado familiar acolheu muitos visitantes ao longo dos anos, tanto robóticos quanto humanos. Todas as seis missões tripuladas da NASA na superfície lunar pousaram no lado mais próximo. O lado mais distante é um alvo muito mais difícil para a exploração de superfície, porque o volume rochoso da Lua bloquearia a comunicação direta com qualquer veículo.
Para lidar com essa questão, a China lançou um satélite de retransmissão chamado Queqiao em maio de 2018. Queqiao se estabeleceu em um local chamado Ponto de Lagrange 2, um ponto gravitacionalmente estável além da Lua, a partir do qual ele pode manter contato entre o Chang’e 4 e a Terra. O Chang’e 4 foi lançado em 7 de dezembro e entrou na órbita lunar 4 dias e meio depois. A missão possui oito instrumentos científicos: quatro em um veículo estacionário e quatro em um móvel. Abaixo, uma imagem do veículo móvel da Chang’e 4:
Com seus instrumentos, alguns deles fornecidos por Alemanha e Suécia, o Chang’e 4 será capaz de caracterizar seus arredores em grande detalhe, sondando a composição da superfície, bem como a estrutura em camadas do solo sob seus pés. Tais observações podem ajudar os pesquisadores a entender melhor por que os lados lunar próximo e distante são tão diferentes. Imagens feitas de cima mostram, por exemplo, que planícies vulcânicas escuras cobrem muito do lado próximo, mas estão quase ausentes do outro lado.
A missão chinesa deve fazer imagens também da Cratera de Von Kármán, que fica dentro da bacia do Polo Sul-Aitken, uma das maiores marcas de impacto no sistema solar. A bacia do Polo Sul-Aitken mede incríveis 2.500 km de borda a borda e tem cerca de 12 km de profundidade. Além disso, o Chang’e 4 realizará um experimento biológico, que irá acompanhar como os bichos-da-seda, os tomates e as plantas Arabidopsis crescem e se desenvolvem na superfície lunar. A missão também fará observações de radioastronomia, aproveitando a excepcional paz e tranquilidade do outro lado.
Espaço chinês
O Chang’e 4 é apenas o mais recente passo no programa de exploração lunar e espacial da China. Anteriormente, os chineses haviam lançado Chang’e 1 e Chang’e 2 em 2007 e 2010 para orbitar a Lua, e conseguiram um pouso no satélite com a missão Chang’e 3 em dezembro de 2013.
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A China também lançou uma cápsula de retorno em uma viagem de oito dias ao redor da Lua em outubro de 2014, uma missão conhecida como Chang’e 5T1. Esse foi um teste para o Chang’e 5, missão que pode ser lançada já neste ano.
O país também tem ambições para missões lunares tripuladas, mas seu programa de voo espacial humano está focado mais na órbita da Terra no curto prazo. A ideia é instalar uma estação espacial lá no começo dos anos 2020. [Phys.org, Space, Cnet]