Quanto tempo seu filho pode passar na frente de uma tela?
A “onipresença” de aparelhos eletrônicos em lares do mundo todo reforça uma preocupação antiga, surgida na época em que a televisão começou a se popularizar: até que ponto ficar em frente a uma tela de TV ou de computador pode fazer bem a uma criança? Qual seria um limite saudável?
Em seu site GeekDad, David Faith (que é pai de família e nerd convicto) analisou uma recomendação recente da Academia Americana de Pediatria (AAP), segundo a qual crianças com menos de dois anos de idade não deveriam assistir TV ou ficar em frente a um computador, e crianças mais velhas deveriam usar esses aparelhos no máximo durante duas horas por dia.
Longe das telas (por enquanto)
Antes dos dois anos de idade, as crianças não têm uma estrutura neurológica adequada para interpretar objetos tridimensionais retratados em uma superfície bidimensional (uma tela, por exemplo). Sendo assim, não adianta colocá-las para ver programas “educativos”, como o Baby Einstein, lançado pela Disney há vários anos – em 2006, após uma reclamação feita pela Comissão Federal de Comunicações dos EUA, a empresa parou de usar o termo “educativo” no marketing desse produto.
Além de não ter seu conteúdo devidamente “digerido” pelas crianças, a TV pode ser prejudicial. “A televisão tende a atrapalhar a capacidade de se manter concentrado, pois circula por imagens rápido demais para que as crianças as processem, além de distraí-las de suas atividades no mundo real”, alerta Faith.
Nessa fase de desenvolvimento, é mais proveitoso explorar pessoalmente novos locais e conhecer novos objetos, além de interagir com outras crianças, com adultos (pode até ser via Skype ou similares, mas o ideal é “ao vivo e a cores”) e com animais.
Ainda não há consenso a respeito do efeito de aparelhos mais recentes (como tablets e smartphones) sobre crianças, mas recomenda-se a mesma cautela.
Sem exageros
A partir dos dois anos de idade, uma criança já começa a interpretar conteúdos digitais (sejam na televisão ou em um computador). Contudo, como acontece com outros tipos de atividade, o excesso pode ter diversos efeitos negativos: mau desempenho escolar, irritabilidade, falta de atenção e transtornos de comportamento.
Por conta disso, a AAP aconselha os pais a restringirem a exposição a essas tecnologias para no máximo duas horas diárias – divididas entre outras atividades.
“Como um pai geek”, escreve Faith, “eu adoraria poder colocar meu filho pequeno ao meu lado enquanto jogo videogame ou assisto a uma ficção científica. Mas me convenci de que não deveria”. Brinquedos, livros e exposições temáticas, nesse caso, seriam uma solução mais saudável para aqueles que querem colocar seus filhos em contato com o mundo nerd. “A tecnologia moderna nos deu meios fantásticos para nos expressarmos e apreciarmos a criatividade de outras pessoas. Mas isso não é tudo na vida”, comenta Faith.
Diante disso, o Geek Dad está repensando o espaço que a tecnologia deve ter na vida de seu filho (hoje com apenas cinco meses de idade). “Quero que ele aprenda a apreciar o grande mundo tridimensional das pessoas e animais que respiram, dos lugares, e ele não vai fazer isso olhando para uma tela”.
E você, leitor? Assistia muita TV quando era criança? Acha que houve consequências negativas na sua vida? [Geek Dad]