Quiropraxia pode causar derrame

Por , em 19.06.2012

Médicos alertaram recentemente que a quiropraxia – profissão da aérea da saúde que lida com tratamento e prevenção de desordens do sistema neuro-músculo-esquelético, com ênfase em técnicas manuais como o ajuste e a manipulação articular – pode ter efeitos colaterais adversos, sendo o pior deles derrame.

A atividade é baseada na premissa que subluxações vertebrais ou disfunções das articulações da espinha podem interferir com o sistema nervoso e resultar em muitos problemas de saúde. A quiropraxia enfatiza o tratamento sem o uso de medicamentos e procedimentos cirúrgicos. Sendo assim, a prática é bastante focada em “ajustes” na espinha e outras manipulações das articulações e tecidos moles.

Segundo a Associação Brasileira de Quiropraxia, existem 356 profissionais registrados no Brasil, a maioria no Rio Grande do Sul (187), seguido de São Paulo (104). Portanto, milhares de pessoas devem procurar esse tipo de tratamento no país, principalmente devido a dores no pescoço e costas.

Agora, especialistas dizem que esse tipo de massagem, manipulação e alongamento do tecido mole para corrigir desalinhamentos da coluna vertebral pode não ser seguro e ter efeitos negativos na saúde, o mais grave deles o “arrancamento” do revestimento da artéria vertebral no pescoço, que pode conduzir a um acidente vascular cerebral (derrame). Por conta disso, alguns médicos especialistas afirmam que a técnica é “desnecessária e desaconselhável”.

Os argumentos contra

Segundo o Dr. Neil O’Connell, do Centro de Investigação em Reabilitação da Universidade Brunel (Inglaterra), estudos fornecem evidências consistentes de uma associação entre a lesão neurovascular, incluindo acidente vascular cerebral, e exposição recente a manipulação cervical.

Além disso, as estimativas do número de pacientes que sofrem graves complicações da prática têm aumentado a preocupação de médicos. “A maioria dos casos relatados de complicação surgiu de tratamento quiroprático em vez de osteopatia e fisioterapia, onde a manipulação é usada com menos frequência. O potencial para eventos catastróficos e a clara ausência de benefício exclusivo levam à inevitável conclusão de que a manipulação da coluna cervical deve ser abandonada”, defende o Dr. O’Connell.

Com “clara ausência de benefício exclusivo”, ele quis dizer que a manipulação do pescoço como um tratamento autônomo alivia apenas a dor moderada a curto prazo, em comparação com outras manipulações ou drogas relaxantes musculares, conclusão de um estudo internacional.

Ainda, no início deste ano, pesquisadores britânicos sugeriram que muitos efeitos colaterais da prática não são relatados. O estudo revelou que metade das pesquisas com tratamentos de quiropraxia deixou de mencionar efeitos adversos, embora haja evidências de que pacientes os sofreram.

Os argumentos a favor

Já o epidemiologista David Cassidy, professor da Universidade de Toronto (Canadá), disse que há evidências de que a manipulação do pescoço beneficia pacientes. Também disse que a afirmação de que quiropraxia causa derrames merece dúvida.
Por exemplo, certas dores que o paciente sente e o levam a procurar tratamento podem ser sinais precoces de ruptura da artéria vertebral, e, como resultado, um problema pré-existente pode ser erroneamente atribuído à manipulação quiroprática.

Também, a Associação Quiroprática Britânica disse que a técnica é pelo menos tão eficaz quanto outros tratamentos médicos, e mais segura do que medicamentos. “O termo quiropraxia é muitas vezes mal usado para falar do tratamento realizado por não quiropráticos, o que pode causar confusão”, disse um porta-voz da Associação. Ele ainda acrescentou que “detalhes de pesquisas de má qualidade alarmam desnecessariamente pacientes”.

Quiropráticos também afirmam que uma resposta do corpo à manipulação é esperada, e essa é diferente em cada pessoa. Portanto, pode ser que essa reação aos estímulos no sistema nervoso seja considerada como efeito colateral, como dores e cansaço, mas tais sintomas são na verdade apenas uma resposta do corpo à manipulação. Cada tipo de reação dá uma informação sobre o organismo ao profissional, dando a chance de o tratamento se tornar cada vez mais específico, individual e eficaz.

O que causa derrame?

O derrame ocorre por conta de entupimento (isquemia) ou rompimento (hemorragia) de vasos sanguíneos cerebrais. Segundo os médicos, os principais fatores de risco para derrame são idade avançada, hipertensão arterial (pressão alta), tabagismo, diabetes, colesterol elevado, acidente isquêmico transitório (AIT) prévio, estenose da válvula atrioventricular e fibrilação atrial.

Na literatura médica, vários estudos já relacionaram o derrame com outros fatores de risco. Entre atividades e alimentos que podem proteger o cérebro contra o derrame estão o chocolate, frutas cítricas, frutas e vegetais brancos e pensamentos positivos. Entre fatores que aumentam o risco de derrame estão cigarros mentolados, depressão e café e sexo para algumas pessoas.[DailyMail, Quiropraxia, Quitotherapy, CopacapabanaRunners]

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