Seis mundos alienígenas têm ‘dançado’ em perfeita sincronia por 4 bilhões de anos
Cientistas espaciais identificaram um arranjo celestial extraordinário composto por seis planetas, cada um distinto dos presentes em nosso sistema solar. Estudos recentes revelaram que esses corpos celestes giram em torno de uma estrela comum, mantendo uma ressonância orbital consistente ao longo de bilhões de anos.
Essa ressonância orbital única resulta no planeta mais distante completando uma revolução em torno da estrela ao mesmo tempo que o planeta mais próximo completa seis revoluções. Os outros quatro planetas exibem padrões orbitais sincronizados semelhantes, executando uma precisa “valsa” espacial.
Esse sistema distinto, conhecido como HD 110067, foi detalhado em um artigo publicado em 29 de novembro na revista Nature.
Hugh Osborn, pesquisador da Universidade de Berna e coautor do estudo, comunicou-se com a Live Science por e-mail sobre a singularidade do sistema HD 110067. Ele destacou duas características notáveis: a perfeita ressonância orbital entre todos os seis planetas, uma raridade por si só, e o brilho excepcional da estrela, tornando-a a estrela mais luminosa descoberta com mais de quatro planetas em trânsito.
Explorando um Sistema Planetário Harmonioso
Esses seis exoplanetas orbitam uma estrela amarela e brilhante, localizada a aproximadamente 100 anos-luz da Terra na constelação de Coma Berenices. Os tamanhos dos planetas variam entre a Terra e Netuno, classificando-os como mini-Netunos ou “sub-Netunos”.
Embora tais sub-Netunos sejam prevalentes na Via Láctea, nosso sistema solar não possui nenhum. O sistema HD 110067 oferece uma oportunidade única para os astrônomos entenderem a evolução de exoplanetas semelhantes e a ausência de planetas de tamanho similar em nosso sistema solar.
A contínua alinhamento rítmico desses seis planetas indica sua história estável. Normalmente, planetas formados em órbitas ressonantes ao redor de estrelas jovens podem perder essa harmonia devido a eventos cósmicos disruptivos. No entanto, a natureza inalterada dessas órbitas ao longo de bilhões de anos sugere que não ocorreram grandes perturbações, como mudanças orbitais ou colisões.
Osborn esclareceu que essas ressonâncias são formadas durante a formação planetária, indicando que esses planetas permaneceram em grande parte inalterados.
A equipe de pesquisa iniciou seu exame detalhado desse sistema em 2020. O Satélite de Levantamento de Exoplanetas em Trânsito (TESS) da NASA observou uma diminuição no brilho da estrela HD 110067, sugerindo um planeta não descoberto passando à sua frente. Outras diminuições detectadas pelo TESS levaram a observações mais próximas com o Satélite de Caracterização de Exoplanetas (CHEOPS), confirmando a existência de seis planetas em trânsito.
A ressonância entre esses planetas é tal que o planeta mais próximo da estrela completa sua órbita em 9,1 dias terrestres, com os planetas subsequentes orbitando em 13,6, 20,5, 30,8, 41 e 54,7 dias, respectivamente. Isso estabelece uma ressonância de 6:1 entre o planeta mais interno e o mais externo, com outras ressonâncias sendo 3:2 e 4:3 entre diferentes pares de planetas.
Características Planetárias e Perspectivas Futuras
Rafael Luque, autor principal do estudo da Universidade de Chicago, discutiu em uma coletiva de imprensa (em 28 de novembro) a natureza distinta dos planetas do HD 110067. Estes planetas têm dois a três vezes o diâmetro da Terra e são possivelmente compostos de gelo ou rocha, com densidades baixas sugerindo atmosferas extensas de hidrogênio e hélio. O sistema pode abrigar planetas adicionais.
O trânsito desses planetas na frente de sua estrela brilhante os torna alguns dos exoplanetas mais fáceis de estudar. Osborn expressou confiança de que o Telescópio Espacial James Webb em breve observará suas atmosferas, possivelmente detectando sinais de oceanos subjacentes, como metano.
A descoberta do HD 110067 oferece informações valiosas sobre formações planetárias e ressonâncias, contribuindo significativamente para nossa compreensão dos sistemas exoplanetários. [Live Science]