Câmeras escondidas capturam selfies animais e sua diversidade em florestas tropicais

Por , em 27.01.2016

Conservacionistas espalharam câmeras ativadas por movimento em reservas tropicais de todo o mundo, capturando milhões de fotos de animais selvagens desavisados.

Essas imagens vão ajudar os cientistas a vislumbrar a biodiversidade de espécies em áreas protegidas, além de projetar melhores programas de preservação.

A ideia

Em um estudo publicado na revista PLOS Biology, os cientistas contaram a história da biodiversidade global em selfies animais feitas em 15 florestas tropicais da América do Sul, África e Ásia.

Cerca de 2,5 milhões de fotos de mamíferos e aves foram recolhidas a partir de 1.000 armadilhas fotográficas, abrangendo 244 espécies.

As imagens foram em seguida analisadas por cientistas da Tropical Ecology Assessment and Monitoring (TEAM) Network, uma coalizão de pesquisadores que representam uma série de grupos de trabalho para preservação da diversidade animal em estado selvagem, incluindo Conservation International, Wildlife Conservation Society e Smithsonian Tropical Research Institute.

Visão positiva

De acordo com os cientistas, muitas das populações de animais observadas ficaram estáveis e até mesmo se multiplicaram ao longo do tempo, um forte indicador de que as áreas protegidas desempenham um papel fundamental na preservação de espécies ameaçadas e em perigo de extinção.

17% das populações monitoradas aumentaram e 22% permaneceram estáveis. Cerca de 22% mostraram algum declínio, e 39% não foram detectadas com frequência suficiente para suas populações serem calculadas.

No entanto, de forma geral, a distribuição das espécies e seus números nas áreas protegidas não declinou durante o período de avaliação de 3 a 8 anos.

Isso apresenta uma visão positiva do papel das áreas protegidas, já que espécies que vivem em florestas tropicais são especialmente vulneráveis à extinção, conforme explica Lydia Beaudrot, da Universidade de Michigan, nos EUA, uma das autoras do estudo.

Dados muito úteis

O estudo representa o uso inovador de um sistema de análise especializado, aplicado através de uma rede de armadilhas fotográficas para avaliar a biodiversidade.

Jorge Ahumada, diretor executivo da TEAM Network e um dos autores do estudo, disse em um comunicado: “Pela primeira vez, não estamos confiando em fontes de dados diferentes, mas sim usando dados primários coletados de forma padronizada em toda uma gama de áreas protegidas em todo o mundo”.

Isso é importante porque os resultados do estudo podem ser particularmente úteis para a tomada de decisões práticas. Por exemplo, os dados já ajudaram funcionários da Floresta Impenetrável de Bwindi, em Uganda, a identificar o impacto de visitantes do parque em uma espécie particularmente vulnerável, o gato-dourado-africano.

Quando a análise mostrou que os gatos estavam aparecendo com menos frequência em determinadas áreas, a administração do parque fez alterações ao tráfego de visitantes, e os avistamentos dos gatos subiram.

“Com esses dados, nós criamos um recurso público que pode ser usado por governos ou outros na comunidade de conservação para tomar decisões”, disse Ahumada.

Veja alguns dos animais que fizeram selfies inadvertidas:

Queixada

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Ao longo dos últimos anos, as queixadas (Tayassu pecari) foram superadas por caititus nesta parte do Parque Nacional de Manú, Cocha Cashu, no Peru.

Elefante-da-floresta

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Elefante-da-floresta (Loxodonta cyclotis) no parque nacional de Ndoki Nouabale, República do Congo. Esta espécie está listada como vulnerável pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).

Jaguar e presa

A jaguar (Panthera onca) with prey.
A onça-pintada ou jaguar (Panthera onca), o maior felino das Américas, com uma presa na Floresta Nacional de Caxiuanã, Brasil.

Tamanduá-bandeira

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Um tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), a maior espécie de tamanduá viva atualmente, no Parque Nacional Yasuní, no Equador.

Elefante-da-savana

African bush elephant (Loxodonta africana)
Elefantes-da-savana (Loxodonta africana) no parque nacional de Ndoki Nouabale, República do Congo. Esta espécie está listada como vulnerável pela IUCN.

Leopardo

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Um leopardo (Panthera pardus) no parque nacional de Ndoki Nouabale, República do Congo. Esta espécie adaptável ainda sobrevive em algumas partes da África subsaariana onde outros grandes felinos desapareceram.

Urumutum

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Urumutum (Nothocrax urumutum) no Parque Nacional de Yasuní, no Equador, uma das 244 espécies de aves e mamíferos monitoradas.

Caititu

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Caititu (Pecari tajacu), espécie que começou a povoar uma nova área de Cocha Cashu, superando a população de queixada que vivia lá.

Cachorro-vinagre

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Dois cachorros-vinagre raramente vistos (Speothos venaticus) foram registrados pela primeira vez no Parque Nacional de Yanachaga-Chemillén, no Peru, por armadilhas fotográficas.

Dril

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Um dril macho (Mandrillus leucophaeus) visto em close-up em Camarões, com uma fêmea e um filhote no fundo. Esses primatas são nativos de Camarões, Guiné Equatorial e Nigéria, mas a IUCN descreve atualmente sua distribuição como “incerta”.

Jaguar

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A onça-pintada (Panthera onca) já existiu do sudoeste dos Estados Unidos até a bacia amazônica um dia, mas agora é quase ameaçada de extinção. A IUCN crê que atualmente só ocupa cerca de 46% de sua distribuição histórica. Este indivíduo em particular foi fotografado em Volcán Barva, Costa Rica. [LiveScience 1 e 2]

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