Você já viu um sprite? Fotógrafo capta incrível fenômeno

Por , em 7.05.2019

Se você já viu uma luz vermelha gigante iluminar o céu noturno por uma fração de segundo durante alguma das tempestades que já presenciou na vida, pode ficar tranquilo: não significa que o apocalipse está começando ou que você está vendo coisas. O que você testemunhou provavelmente foi um sprite, uma descarga elétrica parecida com um raio que acontece na parte alta da atmosfera. Sprites são os mais conhecidos entre os fenômenos chamados Eventos Luminosos Transientes, descargas elétricas que produzem emissões ópticas de curta duração no céu.

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Fotografar um sprite é o objetivo de vários fotógrafos. E foi isso o que fez o fotógrafo americano Paul Smith. Ele capturou o fenômeno na noite de quarta-feira (1 de maio), quando tempestades atingiram o noroeste do estado americano de Oklahoma. Smith posicionou-se cerca de 160km a sudeste das tempestades, na cidade de Anadarko, uma pequena comunidade a oeste de Oklahoma City, com uma população de pouco menos de 7 mil pessoas. Normalmente, essa distância é muito grande para tirar fotos de raios – a menos que você esteja procurando flashes de luz para iluminar nuvens distantes. Mas Smith não tinha sua câmera voltada para as tempestades. Seu foco estava acima delas, onde os sprites se formam.

Ao invés de nascer dentro das nuvens, eles distribuem suas cargas cerca de 50 a 80 km acima delas –  jatos comerciais, para efeitos de comparação, voam a uma altitude de nove a onze quilômetros de altitude. Os sprites ocorrem na mesosfera, local mais alto onde meteoros que chegam até a Terra entram em combustão.

“Corri um risco ao deixar minha câmera sozinha no escuro 1 milha longe de mim, mas acho que valeu a pena”, diz Smith em um Twitte com uma de suas fotos


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Embora seja difícil dizer por fotos, os sprites são muito grandes. Um relâmpago comum tem cerca de uma polegada de espessura e alguns quilômetros de comprimento. Sprites, por outro lado, podem chegar a quase 50 quilômetros de diâmetro. Os sprites possuem uma variedade de formatos. As fotos tiradas por Smith parecem ser da variedade jellyfish (águas-vivas), a maior. Mais tarde naquela noite, ele também pegou alguns sprites em forma de coluna. “”Eu peguei meu primeiro sprite em 2017 e tenho sido obcecado desde então. Capturei alguns sprites durante 2018, mas este último passeio foi um dos meus favoritos. Foi muito desafiador com uma lua quase cheia nas minhas costas”, disse Smith em matéria do jornal The Washington Post.

Eletrodinâmica atmosférica

Os sprites não são completamente compreendidos, mas a explicação para a sua existência passa necessariamente pela eletrodinâmica atmosférica. Sprites são frequentemente causados por um clarão forte de um raio comum perto do solo. Acredita-se que eles são um mecanismo de equilíbrio que a atmosfera usa para dispensar cargas verticalmente. É um processo rápido que leva menos de um décimo de segundo, o que torna a caça por sprites tão difícil.

Sprites não eram conhecidos até 1989. Durante décadas, pilotos relatavam enormes explosões de luz acima dos topos das tempestades, semelhantes a fogos de artifício rosa, mas não havia nenhuma comprovação científica da existência destes clarões. Isso só mudou quando o físico John R. Winckler, da Universidade de Minnesota, tirou uma foto de um sprite, e só então os cientistas puderam confirmar sua existência. Winckler estava testando uma câmera de televisão de baixa luminosidade que seria usada para documentar o lançamento de um foguete, quando fotografou acidentalmente o clarão.


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Atualmente, fotos de sprites são frequentes. Caso você queira tentar tirar uma foto de um destes fenômenos, sprites não são muito raros, ficam apenas bem escondidos. É preciso uma visão desobstruída de uma tempestade distante e brilhante. Ela precisa estar escura o suficiente para que a câmera não fique superexposta. Não pode haver muita poluição luminosa. E, claro, você precisa de fortes tempestades para serem suas cobaias.

Sprites alimentam fortes perturbações elétricas perto da superfície. Portanto, quanto mais frequentes e intensos os raios no nível do solo, melhores as chances de ver um sprite. É por isso que grandes aglomerados ou rajadas de tempestades são instigadores mais favoráveis ​​da atividade dos sprites do que tempestades isoladas. [Science Alert, The Washington Post]

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