Terapia com ecstasy eliminou trauma em 76% dos pacientes
Pesquisadores confirmando a ideia de que o estresse pós-traumático pode ser tratado com terapia que envolve a metilenodioximetanfetamina (MDMA), conhecida como ecstasy.
O renascimento da ciência dos psicodélicos está trazendo resultados impressionantes em vários campos da psicologia com cogumelos mágicos, por exemplo, “resetando” o cérebro, curando fumantes do vício do cigarro ou até mostrando 4x mais eficácia do que antidepressivos.
O estresse pós-traumático é um problema debilitante caracterizado por emoções intensas negativas, pânico, ansiedade e lembrança invasiva de eventos traumáticos. Nos Estados Unidos, aproximadamente 8% da população (25 milhões de pessoas) vão sofrer com o distúrbio durante a vida. No Brasil, são mais de 2 milhões de casos por ano.
Os tratamentos disponíveis para este problema, porém, não costumam trazer resultados positivos para os pacientes. Pessoas que sofrem com o distúrbio têm como opção terapias psicológicas convencionais ou medicamentos que tratam os sintomas.
Mas um pequeno estudo publicado na Journal of Psychopharmacology trouxe resultados animadores: entre os 28 participantes do estudo com tratamento com terapia com MDMA, 76% apresentaram melhora significativa nos sintomas.
Estudo
No estudo, os 28 pacientes com estresse pós-traumatico foram divididos em grupos que receberam diferentes doses de MDMA: 100, 125 e 40mg. O medicamento foi administrado durante sessões de terapia de oito horas de duração. Os participantes tiveram entre duas e cinco sessões de terapia com MDMA.
Eles foram acompanhados durante o estudo, um mês depois e também 12 meses depois das sessões de MDMA.
Perfil dos participantes
Os participantes do estudo foram homens e mulheres com mais de 18 anos, não podiam estar grávidas ou lactando, tinham que estar com boa saúde geral e livres de outros problemas psiquiátricos. Eles tinham diagnóstico de estresse pós-traumático por pelo menos seis meses. O estudo aconteceu em uma clínica do estado de Colorado (EUA) entre outubro de 2012 e fevereiro de 2017.
Resultados
Os participantes que receberam as maiores doses tiveram a maior redução de sintomas de estresse pós-traumático. Esses sintomas permaneceram baixos mesmo um ano depois do tratamento, sendo que 76% deles não foram mais consideradas com estresse pós-traumático depois deste período.
Não foram observados efeitos colaterais sérios, e o tratamento foi bem tolerado, segundo descrição dos autores Marcela Ot’alora, Jim Grigsby e Bruce Poulter. Entre os efeitos leves e moderados estavam ansiedade, dor de cabeça, tensão muscular, tontura e cansaço, mas esses sintomas diminuíram até a sessão seguinte.
“Este estudo oferece evidência de que a psicoterapia assistida por MDMA pode ser segura e eficaz em indivíduos com estresse pós-traumático crônico não-responsivo a medicação e/ou psicoterapia”, dizem os autores no trabalho.
Estudo fase II
Este estudo foi de fase II, e o objetivo é que ele prossiga para a fase III em breve. Apenas depois da terceira fase é que os medicamentos podem ser aprovados ou não pelas agências reguladoras de medicamento para serem receitadas por médicos em consultório. [Journal of Psychopharmacology, Futurism]
Não tente fazer em casa
Ecstasy ou Bala comprados recreativamente podem ou não conter MDMA e, quase certamente, conterão inúmeros contaminantes o que os transforma, basicamente, em um grande risco para a sua saúde. Além do mais os voluntários do estudo fizeram viagens guiadas com MDMA e preparação com horas de psicoterapia e acompanhamento posterior.