Terapia com ecstasy eliminou trauma em 76% dos pacientes

Por , em 12.02.2019

Pesquisadores confirmando a ideia de que o estresse pós-traumático pode ser tratado com terapia que envolve a metilenodioximetanfetamina (MDMA), conhecida como ecstasy.

O renascimento da ciência dos psicodélicos está trazendo resultados impressionantes em vários campos da psicologia com cogumelos mágicos, por exemplo, “resetando” o cérebro, curando fumantes do vício do cigarro ou até mostrando 4x mais eficácia do que antidepressivos.

O estresse pós-traumático é um problema debilitante caracterizado por emoções intensas negativas, pânico, ansiedade e lembrança invasiva de eventos traumáticos. Nos Estados Unidos, aproximadamente 8% da população (25 milhões de pessoas) vão sofrer com o distúrbio durante a vida. No Brasil, são mais de 2 milhões de casos por ano.

Os tratamentos disponíveis para este problema, porém, não costumam trazer resultados positivos para os pacientes. Pessoas que sofrem com o distúrbio têm como opção terapias psicológicas convencionais ou medicamentos que tratam os sintomas.

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Mas um pequeno estudo publicado na Journal of Psychopharmacology trouxe resultados animadores: entre os 28 participantes do estudo com tratamento com terapia com MDMA, 76% apresentaram melhora significativa nos sintomas.

Estudo

No estudo, os 28 pacientes com estresse pós-traumatico foram divididos em grupos que receberam diferentes doses de MDMA: 100, 125 e 40mg. O medicamento foi administrado durante sessões de terapia de oito horas de duração. Os participantes tiveram entre duas e cinco sessões de terapia com MDMA.

Eles foram acompanhados durante o estudo, um mês depois e também 12 meses depois das sessões de MDMA.

Perfil dos participantes

Os participantes do estudo foram homens e mulheres com mais de 18 anos, não podiam estar grávidas ou lactando, tinham que estar com boa saúde geral e livres de outros problemas psiquiátricos. Eles tinham diagnóstico de estresse pós-traumático por pelo menos seis meses. O estudo aconteceu em uma clínica do estado de Colorado (EUA) entre outubro de 2012 e fevereiro de 2017.

Resultados

Os participantes que receberam as maiores doses tiveram a maior redução de sintomas de estresse pós-traumático. Esses sintomas permaneceram baixos mesmo um ano depois do tratamento, sendo que 76% deles não foram mais consideradas com estresse pós-traumático depois deste período.

Não foram observados efeitos colaterais sérios, e o tratamento foi bem tolerado, segundo descrição dos autores Marcela Ot’alora, Jim Grigsby e Bruce Poulter. Entre os efeitos leves e moderados estavam ansiedade, dor de cabeça, tensão muscular, tontura e cansaço, mas esses sintomas diminuíram até a sessão seguinte.

“Este estudo oferece evidência de que a psicoterapia assistida por MDMA pode ser segura e eficaz em indivíduos com estresse pós-traumático crônico não-responsivo a medicação e/ou psicoterapia”, dizem os autores no trabalho.

Estudo fase II

Este estudo foi de fase II, e o objetivo é que ele prossiga para a fase III em breve. Apenas depois da terceira fase é que os medicamentos podem ser aprovados ou não pelas agências reguladoras de medicamento para serem receitadas por médicos em consultório. [Journal of Psychopharmacology, Futurism]

Não tente fazer em casa

Ecstasy ou Bala comprados recreativamente podem ou não conter MDMA e, quase certamente, conterão inúmeros contaminantes o que os transforma, basicamente, em um grande risco para a sua saúde. Além do mais os voluntários do estudo fizeram viagens guiadas com MDMA e preparação com horas de psicoterapia e acompanhamento posterior.

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