Tiranossauro é leiloado por US$ 1 milhão, mas venda pode ser ilegal

Por , em 22.05.2012

Tiranossauros são gigantescos dinossauros do período Cretáceo Superior, de 67 a 65,5 milhões de anos atrás, e seus ossos são só o que sobrou para os macacos pelados de hoje escavarem, carregarem daqui para ali, trocarem por papel sem valor, e discutirem qual é o dono daqueles fósseis.

Esta é mais uma destas histórias. Os protagonistas são o esqueleto de um Tyrannosaurus bataar, um vendedor misterioso, um comprador que pagou US$ 1.052.500,00 (cerca de R$ 2,15 milhões) e a casa de leilões Heritage Auctions. Outros personagens que aparecem também são os representantes da Mongólia, alguns manifestantes, e um professor de um museu de história natural.

O T. bataar é um parente asiático do T. rex americano e, portanto, só é encontrado em países como a Mongólia e a China, que tem no seu ordenamento jurídico leis que determinam que os fósseis são patrimônio deles, e não podem sair do país. Muitos turistas foram multados em mais de 10 mil dólares (R$ 20 mil) por comprarem ovos de dinossauro nas feiras livres da Mongólia. Em outras palavras, o T. bataar não poderia ser leiloado, por supostamente se tratar de produto de contrabando.

David Herskowitz, diretor de história natural do Heritage Auctions afirmou, em sua defesa, que o vendedor havia fornecido provas de que o T. bataar era legalmente seu, e que havia sido escavado na Ásia Central, o que pode também significar a China, o que também significa que se trata de um fóssil ilegal. Ele ainda acrescentou que “ninguém sabe ao certo onde o fóssil foi escavado”.

Mark Norell, um paleontólogo de vertebrados do Museu Americano de História Natural em Nova Iorque (EUA) aponta que a casa de leilões não está usando de toda a diligência necessária e não está fazendo as perguntas que deveria fazer (para não saber a resposta, talvez).

Norell também observou que outros fósseis foram oferecidos e descritos como provenientes de um tipo de terreno que só existe na Mongólia, ou seja, mais itens contrabandeados. E que, sobre o T. bataar, os dois únicos terrenos onde já foram encontrados estes dinossauros estão na Mongólia.

As insinuações se acumulam. Herskowitz, do Heritage, faz a curiosa pergunta: “Por que a Mongólia só fez sua reivindicação quando faltavam 48 horas para o leilão, sendo que o leilão estava sendo anunciado fazia 4 meses?”. No dia do leilão, manifestantes mongóis seguravam uma faixa com a foto do Tiranossauro e os dizeres “É um tesouro natural da Mongólia; devolvam nosso tesouro roubado”.

Especialistas acreditam que este tipo de problema vai crescer cada vez mais, com as estradas que cortam o deserto de Góbi facilitando a saída dos fósseis, e os altos preços que eles encontram no mercado internacional. O Brasil também tem o mesmo problema de tráfico de fósseis, e uma lei ainda não regulamentada, o decreto lei 4.146, de 1942. A pena para o tráfico de fósseis é multa de R$ 100,00 a R$ 250,00 ou pena que pode ser cumprida em liberdade pelo contrabando de fósseis que são oferecidos a R$ 1,2 milhão na internet. A famosa frase “o crime não compensa” não pode ser aplicada aqui.

Por enquanto a história está assim: o comprador só vai levar o dinossauro para casa se os tribunais confirmarem a legalidade da venda, respondendo à demanda do representante do governo da Mongólia. Enquanto isto, o dinossauro, com cerca de 80% de suas garras reais e 75% dos dentes também reais, segue morto e esperando para ver quem é o dono dos seus despojos. [LiveScience, LiveScience 2, Livescience 3]

1 comentário

  • Emerson Costa:

    Texto da matéria:

    “Enquanto isto, o dinossauro, …, segue morto…”

    Ainda bem que ele não está andando por aí, enquanto não sai a decisão dos tribunais…

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