Estudo descobre por que uma noite de sono ruim já pode aumentar o risco de Alzheimer

Por , em 22.02.2020

Segundo um novo estudo da Universidade Uppsala (Suécia), uma noite de sono ruim parece já ser suficiente para aumentar o risco de doenças como Alzheimer.

Os pesquisadores descobriram que, após uma noite mal dormida, homens jovens e saudáveis demonstraram níveis maiores de tau no sangue, uma proteína cerebral ligada ao Alzheimer.

Por outro lado, os cientistas não encontraram um aumento semelhante no beta amiloide, outra proteína cerebral relacionada à doença.

Isso está de acordo com os resultados de pesquisas recentes, que têm concluído que a tau parece ter um papel mais importante na demência.

Metodologia

A proteína tau é normalmente encontrada em neurônios ativos e “limpada” do cérebro rapidamente. Em pacientes com Alzheimer, no entanto, ela se acumula e forma emaranhamentos que permanecem no cérebro.

15 homens com uma média de idade de 22 anos que disseram dormir bem regularmente por sete a nove horas por noite participaram do novo estudo.

Eles foram observados durante dois ciclos de sono. No primeiro ciclo, eles dormiram normalmente por duas noites. No segundo, foram privados de sono por uma noite.

Resultados

Quando dormiram bem, os homens tiveram um aumento de apenas 2% nos níveis de tau no sangue.

Já depois de serem privados de sono, os participantes mostraram um aumento de cerca de 17% nos níveis da proteína no sangue.

Não houve alterações em nenhum outro biomarcador associado com demência ou Alzheimer.

Por quê?

Os pesquisadores ainda não podem dizer com certeza por que a proteína tau se acumula no sangue de pessoas que dormem mal, embora tenham algumas ideias.

“Quando os neurônios são mais ativos, eles secretam mais tau. Pode ser que, quando permanecemos acordados por longos períodos – muito mais do que as 15 a 18 horas diárias que deveríamos – então isso aumenta os níveis de tau a um ponto em que excede a capacidade do cérebro de limpá-la efetivamente por um período de 24 horas”, sugere o Dr. Jonathan Cedernaes, um dos autores do estudo.

Pode ser também que a falta de sono simplesmente impeça o cérebro de limpar a proteína tau.

Outra possibilidade é que o cérebro, quando danificado de alguma forma, libera mais tau. É sabido que traumas cranianos aumentam o nível da proteína no sangue. Talvez uma perda de integridade cerebral por falta de sono possa elevar a quantidade de tau no organismo.

Ressalvas

Vale observar que este estudo foi muito pequeno e mais pesquisas são necessárias para confirmar a relação do sono com a proteína tau e o Alzheimer.

“Atualmente, não sabemos exatamente o que essas mudanças representam, nem temos dados indicando que uma ou várias noites de perda de sono levem a algum evento prejudicial permanente no cérebro. Muitas pessoas são forçadas a sofrer repetidas crises de perda de sono e mantêm uma cognição perfeita ao longo da vida”, destacou Cedernaes.

Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Neurology. [WebMD]

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