Visão humana: como as cores ganharam seus nomes?

Por , em 17.04.2012

Segundo um novo estudo, a ordem em que as cores são nomeadas por todo o mundo parece ser devido à forma como nossos olhos funcionam.

A pesquisa foi feita através de simulações de computador com pessoas virtuais. As descobertas sugerem que comprimentos de onda de cores que são mais fáceis de ver ganharam nomes antes, na evolução de uma cultura.

Então, um pouco depende da física, da anatomia. Mas todo mundo vê a mesma coisa?

Essa pergunta comum na filosofia, se todos nós vemos o mundo da mesma maneira, ainda não está de todo respondida.

Uma estratégia que os cientistas usaram para investigar essa questão é estudar se as cores têm nomes diferentes em culturas diferentes. Curiosamente, pesquisas anteriores descobriram que cores familiares para uma cultura podem nem ter nome em outras, sugerindo que diferentes culturas, de fato, têm formas diferentes de compreender o mundo.

A hierarquia das cores

Um mistério que os cientistas descobriram é que os nomes de cores parecem sempre aparecer em uma ordem específica de importância entre as culturas: preto, branco, vermelho, verde, amarelo e azul.

“Por exemplo, se uma população tem um nome para o vermelho, também tem um nome para preto e branco. Se tem um nome para o verde, também tem um nome para o vermelho. Mas se uma população tem um nome para preto e branco, não significa
necessariamente que tem um nome para o vermelho”, explicou a pesquisadora italiana Francesca Tria.

Para resolver o enigma desta hierarquia dos nomes das cores, Tria e seus colegas criaram uma simulação de computador com pessoas virtuais, ou “agentes”, que não tinham o conhecimento dos nomes das cores.

Um agente, o orador, observava dois ou mais objetos, inventava um nome para uma cor para descrever um dos objetos, e se referia ao item por essa cor. O outro agente, o ouvinte, então tinha que adivinhar qual item e, assim, a qual cor, o orador estava se referindo.

Os cientistas repetiram isso até que todos os agentes chegassem a um consenso sobre os nomes das cores.

Uma característica fundamental desta simulação foi a sua adesão aos limites da visão humana. Nossos olhos são mais sensíveis a alguns comprimentos de onda de luz, ou cores, do que outros. Os agentes na simulação não foram obrigados a distinguir entre tons que o olho humano não poderia distinguir.

Os pesquisadores descobriram que os agentes precisaram de um tempo para atingir um consenso sobre um nome de cor, e esse processo caiu em uma hierarquia distinta: vermelho, magenta, violeta, verde-amarelo, azul, laranja e turquesa, nessa ordem.

Esta hierarquia se aproxima ou coincide com a ordem que as cores recebem nomes nas culturas reais. Esta hierarquia de cores também coincide com os limites da visão humana, com o olho humano sendo mais sensível a comprimentos de onda vermelhos do que os do azul, e assim por diante.

“Os seres humanos reagem mais a certas partes do espectro de cores, muitas vezes, selecionando exemplares para eles e, finalmente, vem o processo de nomeação de cores, que adere aos padrões universais, resultando em uma hierarquia”, conclui Tria.[LiveScience]

7 comentários

  • Italo LA:

    Bom D.R.

    Teorias que expliquem cada um desses fenômenos separadamente, eu sei que tem. Mas aí já seria da alçada da biologia evolutiva, algo que eu não conheço muito bem.

    Mas partindo de um pressuposto que a máxima ” toda o processo de evolução biológica é uma resposta à necessidades do animal” é verdadeira, cremos que até os fatores conciência, sentidos e emoções são escencialmente úteis para nossa sobrevivência.

    Recomendo a leitura do livro ” O povo do Lago” de Richard e Leakey e Roger Lewin. É uma obra de paleontologia, nos primeiros capítulos ele fala sobre o surgimento do homem na África, mas nos capítulos seguinte eles fazem análises antropológica e biológica da evolução. Por exemplo, explicando o surgimento de comportamentos como a vivência em grupo e o nômadismo e a utilidade de emoções como o altruísmo, vergonha, violência e etc.

    Na teoria existencialista de Sartre, a relação intersubjetiva (sujeito-sujeito)primeiramente se compreende pela relação ojetiva(sujeito-objeto). Entendendo- se que essa relação sujeito/objeto – sujeito/objeto é a base da conciência do homem. Então supomos que da mesma forma que é necessário uma captação de sinais externos que codificamos nos sentidos para compreender viver a relação homem-objeto, é necessária um refinamento dessas percepções e junto com a emoções expressae e responder à complexidade das relações sujeito-sujeito.

    desculpa o texto gigante, mas o assunto é interessante ^^

  • D. R.:

    A maior questão em tudo isso é:

    POR QUÊ SENTIMOS AS CORES?

    Um dos maiores mistérios, além da origem do universo e da origem da vida, é a origem da consciência.

    Por quê nós sentimos, vemos e ouvimos?

    Que arranjo de neurônios há no cérebro ou que elemento químico há dentro dele que nos faz não só interpretar e processar sinais eletroquímicos; mas ver, ouvir e sentir dor de verdade, sentir alegria e tristeza, amor e raiva, etc?

    Penso que os sentimentos não são coisa deste mundo físico, lógico e matemático em que vivemos. Se existe realmente a alma, os sentimentos devem ser parte de seus atributos e não do nosso corpo físico.

    A alma, talvez, seria o nosso verdadeiro eu e o nosso cérebro e corpo seria apenas uma interface entre o mundo espiritual e este mundo físico, lógico e matemático em que vivemos (quem sabe até sendo executado num tipo de “computador divino” tipo Matrix)!

    Talvez isso seja apenas especulação minha, sem sentido ou fundamento científico nenhum. Mas chego até a duvidar (até prova em contrário) de que algum dia um robô será capaz de ter sentimentos reais, em vez de apenas processar informações!

    O que será que é mais sensato dizer:

    “PENSO, LOGO EXISTO” ou “SINTO, LOGO EXISTO”?

    • Italo LA:

      DR, pelo minha imterpretação… um fator primordial para a evolução humana foi o desenvolvimento da relações sociais. O surgimento dos sentimentos e das emoções foi uma resposta biológica para o refinamento dessas relações.

      Conforme as relações se tornando mais complexas mais era necessário refinar os sentidos e a capacidade de interpretação, com isso os sentimentos e emoções. E conforme a subjetividade se refinavam, mais a dinânmica social se refinava também. Como quase tudo na vida, isso é um ciclo

      E creio eu a persepção das cores está embricada nessa subjetividade… Toda evolução biológica é uma resposta a necessidades.

    • D. R.:

      Italo, a minha dúvida é como isso é possível e como tal processo realmente funciona?

      Não adianta muito pensar que a evolução tornou isso possível, se ela não explicar como.

      Quado olhamos para um objeto ou uma luz, não apenas interpretamos sinais luminosos, nós realmente os sentimos. E isso foge de qualquer explicação pelas leis da física.

      Estamos tão acostumados com a consciência da visão e dos outros sentidos, que nem sequer percebemos o quanto isso é algo realmente espantoso.

      É mais fácil fazer um robô ou programa de computador pensar do que sentir algo de verdade (se é que isso será algum dia possível). Para mim, essa é a grande diferença entre um ser humano e uma máquina; entre ser vivo ou não!

    • Robermar Vieira:

      Não pretendo responder a sua questão, contudo, a que trago é, de certa forma, semelhante. Sendo assim, passo a expô-la: 1)Nos processos de percepção, através dos sentidos básicos,tudo é transformado em sinais eletroquímicos (o fazimento e o desfazimento de substâncias), que nos propiciam perceber e interagir com o meio, contudo, restaria a pergunta: como tudo isso é integrado – sinais eletroquímicos – para que percebamos imagens, líquido, gasoso, sólido. Como isso é revelado à consciência. Consegui me fazer entender? O que no nosso cérebro transforma esses sinais eletroquímicos na percepção do ambiente a nossa volta? Tudo seria uma corrente elétrica a qual descodificamos de alguma forma para termos as sensações-percepções que temos, construindo, assim, a nossa realidade. (Poderíamos considerar que construímos os computadores de modo análogo: sinais elétricos são transformados em imagens, textos, etc…A outra questão, a relativa aos robots, creio que nossa biologia, no processo de construção evolutiva, fez da eletricidade um meio de transporte da informação, de amperagem e voltagem diminutas – de certa forma, nos circuitos dos computadores o mesmo sistema é usado: amperagens e voltagens menores que aquelas utilizadas normalmente em macromáquinas: motores elétricos, por ex., fazem funcionar “micromáquinas”, os chips. Qual seria a amperagem e a voltagem nas células, na transmissão nervosa? Eu não sei. Pode ser que tudo gire em torno da eletricidade utilizada por uma consciência – a alma ?, não sei – para produzir o fenômeno da vida. As células seriam chips? Como evoluirão os chips no futuro? A que grau de tecnológica poderá chegar a sua construção? Somente o futuro dirá. Poderão se tornar tão sensíveis que a alma, caso exista, se acoplará aos mesmos? Creio que sim. E daí em diante, como será a evolução daquilo que chamamos máquina?

    • Robermar Vieira:

      Em relação à famosa síntese cartesiana, poderíamos dizer: penso e sinto, logo existo? ou percebo, sinto e penso, logo, existo? Seria o pensar que tenta dar coerência ao sentir e ao perceber, estruturando a nossa realidade, o nosso mundo, o nosso universo, à condição humana?

  • Sagas:

    Eu sempre conto o vermelho antes de preto e branco ^^

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