5 experimentos psicológicos que pareciam divertidos (até começarem)

Por , em 22.04.2014

Digamos que você veja um anúncio no jornal sobre um laboratório que está em busca de cobaias para um teste. Ele diz que vai pagar você para estudar os efeitos de ficar chapado, ou comer demais, ou ter relações sexuais.

Absurdo, não é? Só pode ser algum tipo de pegadinha muito bem elaborada. Porém, essas experiências são reais, e existiram. E, ah, todas elas provaram cientificamente que é terrivelmente possível exagerar em uma coisa que parece boa.

5. O experimento de fazer sexo por dinheiro

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Procura-se um homem sexualmente funcional saudável para ter relações sexuais com uma mulher. Você será pago. Nós vamos assistir.

Sim, esse anúncio existiu. Nos anos 1950 e 1960, o pesquisador do sexo William Masters estava determinado a descobrir tudo o que havia para se saber sobre transar. Até esse ponto, a pesquisa havia sido realizada por meio de questionários, que foram contaminados pelo fato de que as pessoas mentiam sem parar (o que pode explicar porque na época acreditava-se que o comprimento médio do pênis era em torno de 30 centímetros).

Masters precisava estudar o ato sexual em primeira mão. Ele contratou Virginia Johnson, uma atraente assistente, e começou a pagar as pessoas para fazer sexo com estranhos.

Para os indivíduos, ofereceu todos os benefícios da prostituição sem a ameaça constante de feridas genitais ou de ser trancado em um calabouço e estuprado. Não poderia existir uma desvantagem para isso, certo?

A dura realidade

Em primeiro lugar, Masters e Johnson iriam assistir. Claro, só observar não era suficiente. Ciência também exige sensores ligados a você e seu parceiro que iriam medir a resposta sexual, monitorando seu sex appeal da mesma forma que um teste do polígrafo detecta quando você está mentindo. Só que em vez de medir as suas mentiras, eles medem o quão ruim você está se saindo em excitar um estranho completo.

Para garantir que o sexo fosse mesmo com um total desconhecido, os parceiros foram combinados de forma aleatória (se você ainda acha que isso soa incrível, a próxima vez que estiver na fila do Burger King, imagine ser combinado aleatoriamente para fazer sexo com qualquer uma das pessoas ao seu redor). Ah, a propósito, os participantes tinham idades de 18 a 89 anos.

Vamos deixar você absorver essa informação.

Voltando, nós não estamos criticando o trabalho de Masters e Johnson. Ele era absolutamente revolucionário e mudou totalmente a forma como o mundo moderno pensa em sexo. Estamos apenas dizendo que não era o carnaval erótico da carne que os participantes provavelmente tinham em mente ao entrar em um laboratório de sexo. E caso não seja óbvio o bastante que esta era uma situação ainda pior para as mulheres envolvidas, elas tinham o adendo de ter seus orgasmos estudados através de uma prótese de pênis com uma câmera de vídeo acoplada.

4. O estudo da NASA sobre o descanso

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Se você pudesse criar o seu emprego perfeito, o que seria? Ficar na cama o dia todo, navegar na web e jogar videogame em um laptop? Você é a maioria das pessoas em nosso público-alvo. Você também está atrasado em alguns anos.

Em 2008, a NASA estava recrutando pessoas comuns usando anúncios de rádio e TV para um estudo de 90 dias, que envolveu ganhar US$ 17 mil (cerca de R$ 34 mil) para fazer pouco mais do que ficar confinado a uma cama (sim, você poderia jogar World of Warcraft se quisesse). O único porém é que você tinha que ficar na instalação de testes deles e ser retirado da cama de vez em quando para testes simples. Os US$ 17 mil mais fáceis do mundo, certo?

A dura realidade

A menos que você esteja planejando comprar coisas na internet, pode demorar um pouco para que você possa realmente sair e gastar algum dos seus US$ 17 mil. O propósito do estudo era determinar os efeitos da exposição prolongada a ambientes de gravidade zero sobre o corpo. Mais especificamente, eles queriam saber quão molenga ficariam as pernas de um astronauta depois de completar um voo de seis meses a Marte. Os cientistas sabem que pelo que vimos de caras que passam muito tempo no espaço, os resultados não são muito bonitos.

Depois de um tempo muito curto em baixa ou nenhuma gravidade (situação replicada no estudo com camas que deixavam sua cabeça ligeiramente mais baixa do que seus pés) seus músculos começam a atrofiar. Pior ainda, sua massa óssea cai e pode levar anos para voltar ao normal, mesmo em gravidade regular, lhe deixando aproximadamente tão resistente quanto um octogenário intolerante à lactose. Sua pressão arterial também fica completamente estragada, chegando ao ponto em que é maior em seus pés do que na sua cabeça.

O estudo incluiu um período de 14 dias após o teste onde você teria que fazer reabilitação para se tornar forte o suficiente apenas para fazer as tarefas diárias novamente. Além disso, a descrição do estudo evita firmemente mencionar se você tem ou não de fazer cocô na cama.

3. O experimento de comer tanto quanto você conseguir

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Já imaginou se você pudesse engordar pela ciência? E melhor ainda, se os cientistas prometessem tirá-lo da prisão mais cedo para isso? Este seria um bom momento para mencionar que, neste cenário, você está na prisão. Provavelmente por um crime hediondo.

Na década de 1970, pesquisadores combinaram dois pilares da sociedade norte-americana, a obesidade e as prisões superlotadas, em um estudo fantástico. Um seleto grupo de presidiários receberiam libertação antecipada sob a alegação de terem concordado adquirir 25% do seu peso corporal.

Não dá para ficar melhor do isso! Ganhe alguns quilos extras e antes que você perceba você vai estar em casa a tempo de pegar o seu melhor amigo criando seus filhos e morando com a sua namorada!

A dura realidade

Alguma vez você já tentou comer 10 mil calorias em um dia? Claro que não. Esses são números do Michael Phelps e ele só faz isso porque se exercita o dia todo. Mas é isso que esses prisioneiros estavam fazendo todos os dias, e os efeitos colaterais quase fazem prisão soar como a opção mais agradável. Além disso, eles tinham que ganhar peso comendo a comida da prisão, que não é, nem de longe, uma seleta de pratos franceses.

As consequências não foram nada bonitas: houve vômito, depressão, dificuldades de movimento do intestino e uma infinidade de outros problemas de saúde que vêm quando você come tantas calorias por dia. Existe também um entorpecimento que vem com a ingestão de tantos alimentos que pode levar ao vício e, eventualmente, a sintomas de abstinência. Ah, e você também fica muito gordo.

Ainda pior é o que aconteceu com 33% dos participantes. O que os cientistas estavam realmente estudando foi se havia genes que fazem com que algumas pessoas não engordem. Acontece que eles existem. Três entre nove presos literalmente não conseguiam comer o suficiente para ganhar o peso necessário para a liberação antecipada. Como se estar na prisão não fizesse você se sentir como um fracassado o suficiente, agora você descobre que não pode nem ficar gordo quando sua própria liberdade está contando com isso.

2. O experimento do diga “sim” às drogas

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No passado, drogas como o LSD eram novas, excitantes e aparentemente cheias de potencial. Os exércitos norte-americano e britânico achavam que essas novas drogas poderiam ser úteis na guerra (presumivelmente nos inimigos, uma vez que a precisão de um homem com uma metralhadora tende a cair bastante quando ele está chapado).

Então, eles recrutaram seus próprios soldados para usar grandes quantidades de ácido e de maconha, a fim de monitorar os efeitos.

A dura realidade

Um conselho: se alguém chega até você e diz, “ei, se importa se eu testar isso em você para ver se daria uma boa arma?”, corra como nunca. Não importa se eles estão segurando um punhado de marshmallows. Dê no pé imediatamente, pois algo terrível está para acontecer.

Neste caso, uma das teorias que os militares queriam testar era se poderiam dar a seus próprios recrutas drogas suficientes para levá-los ao suicídio. E eles não estavam lhes dando substâncias recreativas; estamos falando de alucinógenos usados como armas militares.

O exército insiste que ninguém sofreu danos a longo prazo devido à experiência, embora seus arquivos indiquem que um cara conversou com amigos imaginários por dias e outro ficou brincando com gatinhos invisíveis por horas. A principal coisa que os militares queriam saber era se os soldados ainda poderiam lutar sob a influência do LSD e determinou que, sim, os soldados dopados ainda eram capazes de violência.

Além disso, alguns soldados processaram os militares anos mais tarde, alegando que o experimento com LSD do governo lhes causou perda de memória, alucinações e “impulsos homicidas”. Os tribunais decidiram contra eles, com base em que, se alguém lhe pede para ingerir um monte de ácido para que eles possam ver o que acontece e você diz sim, você merece o que acontece.

1. O experimento da riqueza súbita

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E se alguém lhe dá US$ 100 mil (mais de R$ 200 mil), com a condição de que eles possam filmar o que acontece em seguida? E se você estivesse vivendo debaixo de uma ponte naquele momento?

A equipe do documentário “Reversal of Fortune” plantou uma mala com US$ 100 mil para o sem-teto Ted Rodrigue encontrar e o seguiu com uma câmera para documentar os resultados. Inicialmente, Ted fez exatamente o que o resto de nós faria se alguém nos desse US$ 100 mil. Ele comprou uma bicicleta nova, pegou seu amigo Mike em uma usina de reciclagem local e foi para o parque de diversões.

Ah, ele também encontrou um lugar para viver, voltou a ter contato com sua família e arrumou uma namorada. Nós provavelmente faríamos essas coisas também, mas depois do parque de diversões.

A dura realidade

As pessoas que foram pobres durante anos ficam muito boas no que fazem. Se você ganha um salário mínimo, você aprende a viver com um salário mínimo. Se você é sem-teto, você se adapta à vida na rua.

Mas dê a um mendigo uma tonelada de dinheiro e ele não vai continuar a viver como um mendigo. Porém, ele também não vive como um cara com US$ 100 mil. Ele tenta viver como um milionário, porque ele não tem ideia de como é viver com US$ 100 mil.

As pessoas que estão acostumadas a ter tanto dinheiro não compram carros para os seus amigos e novas namoradas, nem gastam todo o seu tempo livre enchendo a cara em bares locais. Entretanto, isso é exatamente o que Ted fez. E eles tendem a manter seus empregos, o que Ted se recusou a fazer, apesar de ser aconselhado a encontrar um por amigos, família, um defensor dos sem-teto e um planejador financeiro. Nas palavras de Ted, ele estava “feito por toda a vida”.

Depois de comprar para si mesmo um caminhão de US$ 35 mil, comprar carros adicionais para sua nova namorada e Mike da usina de reciclagem (você provavelmente pensou que nós inventamos aquele cara) e gastar cerca de US$ 10 mil por semana no bar, Ted tinha menos de US$ 5 mil depois de apenas seis meses.

É claro que este foi apenas o caso de um mendigo. Você, obviamente, lidaria com essa oportunidade de forma mais responsável, certo? Não, provavelmente não. Acontece que mesmo vencedores da loterias de classe média e bem ajustados passam exatamente pela mesma coisa antes de finalmente perderem tudo e acabarem pior do que antes.

Ainda assim, eles conseguiram um grande documentário. E presumimos que Ted conseguiu ficar com a bicicleta. O resto de nós, no entanto, aprendeu a lição valiosa que nos dar um pouco de riqueza súbita é semelhante a dar um helicóptero a um cachorro: é incrível por alguns minutos até que tudo vira um inferno. [Cracked, Boston.com, IMDB]

5 comentários

  • Genioso Irreligioso:

    “1. O experimento da riqueza súbita ”

    Consigo imaginar o que a grande maioria faria se ficasse subitamente rica… ficaria pobre de novo! 😉

  • Julio Reis:

    Eu aposto que gastaria o dinheiro muito mais rápido e com muito mais maluquices que o nosso amigo mendigo. Alguém quer apostar comigo ?

  • Waltenydsam Câmara:

    Grandes coisa o experimento 2: conheço uns adolescentes ai que PAGAM por isso. Aparentemente se sentem a vontade em ficar viajando por horas em mundos imaginários.

  • Cesar Grossmann:

    Eu aposto que eu não terminaria pior do que comecei depois de ganhar na loteria. Alguém está a fim de apostar comigo?

  • Débora Brandão:

    A matéria é bem interessante, mas o que mais me chamou atenção foi a forma como está escrita… gostei bastante do texto fácil e das sacadas…

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