Pais deveriam perguntar aos seus filhos se estão fazendo um bom trabalho, diz pesquisador

Por , em 6.06.2013

O psicólogo Jeff Cookston, da Universidade Estadual de São Francisco (EUA), diz que os pais devem pedir feedback a seus filhos constantemente. Para ele, ser um bom pai pode não ser bom o suficiente. “Há uma necessidade dos pais de, por vezes, perguntar a seus filhos: ‘Como estou me saindo? Eu sou o pai que você precisa que eu seja?’”, argumenta.

O psicólogo, que estudou extensivamente o assunto, explica que as crianças estão sempre tentando fazer sentido da paternidade que recebem. O significado que as crianças tomam das atitudes de seus pais pode ser tão importante, ou mais importante, do que o comportamento dos pais em si.

“Você pode pensar que você está sendo um bom pai por não ser tão duro com seu filho, por exemplo, mas seu filho pode ver isso como uma falta de investimento nele, de engajamento com sua vida”, conta Cookston.

Os significados que os adolescentes, em particular, atribuem ao comportamento dos seus pais pode variar de acordo com o sexo da criança, sua etnia e a presença de um padrasto na sua vida.

Em seu estudo, Cookston e seus colegas examinaram como os adolescentes veem as ações de seus pais, especialmente se eles atribuem estas ações ao caráter geral do pai ou se sua reação depende da situação em particular.

Por exemplo, uma filha pode acreditar que seu pai a levou para assistir a uma partida de futebol porque é um bom pai, ou pode acreditar que ele a levou para o jogo porque ele gosta de ir para o jogo.

O estudo sugere que as meninas tendem a acreditar mais que são as características de seu pai as responsáveis por suas boas ações, enquanto os meninos são mais propensos a pensar que os pais fazem boas ações dependendo da situação.

As razões para estas diferenças não são claras, embora os cientistas especulem que, no caso de meninos e meninas, pode ser que elas são mais propensas socialmente a interpretar o comportamento de outras pessoas em uma luz mais positiva. Nas famílias mexicanas-americanas, o processo de adaptação à cultura dos EUA pode aumentar conflitos familiares, levando as crianças a ter uma visão menos otimista das boas ações de seus pais.

Repensando suas atitudes

Cookston queria entender como crianças percebem e constroem suas relações com seus pais. Sua pesquisa mostrou que a relação entre pai e filho pode ter um impacto significativo sobre as tendências da criança à depressão e problemas de comportamento.

Para repensar e adequar seu relacionamento com seus filhos, confira as dicas do psicólogo:

  • Cheque seu comportamento e sua relação com o seu filho. Pais podem se surpreender com as interpretações que seus filhos fazem das suas atitudes, tornando-se importante para os pais pedir feedback regularmente sobre esse relacionamento. As crianças, particularmente as adolescentes, devem ser capazes de dizer do que precisam.
  • Mostre seu apoio emocional. Pais precisam disciplinar e dar bons exemplos, mas, segundo Cookston, são os pais que enfatizam suas relações emocionais com os seus filhos que têm filhos menos propensos a se comportar de forma agressiva e delinquente.
  • Não tenha medo de mudar o seu estilo de paternidade. Se você não foi sempre um pai acolhedor e apoiador, não é tarde demais para se tornar um. “Os pais podem mudar, e as crianças podem aceitar isso. Pais precisam estar constantemente se adaptando ao desenvolvimento e as necessidades individuais da criança”, explica Cookston.
  • Saiba “jogar” em equipe. A pesquisa atual de Cookston incidiu sobre os pais, mas seu trabalho com famílias divorciadas lhe ensinou o quão valioso é quando os pais trabalham juntos como uma equipe. As crianças são mais susceptíveis a conversar com os pais sobre relações familiares se elas percebem que eles concordam em suas decisões. “Os pais desempenham papéis únicos, aditivos na vida de seus filhos”, diz Cookston.
  • Tenha grandes objetivos. “Precisamos elevar a expectativa para a paternidade. Se um homem está por perto e é um bom provedor, não grita com seus filhos e vai a seus jogos de futebol, podemos dizer que é o suficiente”, afirma Cookston. “Mas precisamos esperar mais em termos de engajamento, envolvimento e interação de qualidade”, opina. [MedicalXpress]

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