Cientistas encontraram primeira tetracromata

Por , em 26.07.2016

Depois de mais de 25 anos de busca, neurocientistas do Reino Unido anunciaram ter descoberto uma mulher que tem um tipo de célula cone extra, o que a torna a primeira tetracromata identificada pela história.

Segundo as estimativas, ela consegue ver incríveis 99 milhões de cores a mais que o resto dos mortais, e provavelmente ela não é a única tetracromata do mundo, provavelmente deve ter mais.

Nós, os tricromatas

cones olhos

A maioria dos seres humanos são tricromatas, o que significa que eles tem três tipos de células cone na retina.

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Cada tipo de cone é capaz de distinguir cerca de 100 tonalidades, o que, se você fizer a fatoração, resulta em cada um de nós sendo capaz de perceber cerca de 1 milhão de cores diferentes.

Entre nós existem aqueles que são daltônicos, que tem apenas dois tipos de células cone funcionais, e que portanto conseguem ver apenas 10.000 tons. E entre os mamíferos, incluindo cães e macacos do Novo Mundo, a maioria também é dicromata.

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Mas há uma doutora no norte da Inglaterra que tem quatro tipos de células cone, o número de cores que ela potencialmente pode distinguir chega a 100 milhões, cores que nenhum de nós jamais imaginou.

“Falsos” tetracromatas

Identificada como cDa29, os cientistas encontraram esta mulher dois anos atrás, mas isto depois de uma busca de mais de 25 anos.

Encontrada mulher que vê 99 milhões de cores a mais do que nós. Faça o teste e descubra se também é um tetracromata

A ideia de tetracromatas foi sugerida primeiro pelo cientista holandês HL de Vries, que descobriu um fato interessante sobre os olhos de pessoas com daltonismo.

Segundo ele, homens daltônicos possuem somente dois cones normais e um cone mutante que é menos sensitivo para a luz verde ou vermelha, mas as mães e filhas dele tinham um cone mutante e três cones normais.

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Ou seja, as mulheres da família tinham quatro tipos de cones, apesar de somente três estarem funcionando normalmente.

A descoberta não chamou muita atenção até o fim dos anos 1980, quando John Mollon, da Universidade Cambridge, resolveu procurar por mulheres que tinham quatro cones funcionais.

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Pelas contas de Mollon, pelo menos 12% da população feminina deveria ser de tetracromatas, só que em testes estas mulheres podiam perceber a mesma quantidade de cores que o resto dos humanos. Ou seja, só três dos cones estavam funcionando, elas não eram tetracromatas de verdade.

Encontrando a tetracromata

Em 2007 a neurocientista Gabriele Jordan, da Univesidade Newcastle, UK, decidiu fazer um teste diferente para encontrar as tetracromatas.

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Ela selecionou 25 mulheres que tinham um quarto tipo de cone, e colocou-as em uma sala escura. Lá um dispositivo mostrava três círculos de luz para as mulheres.

Para um tricromata comum, os círculos deveriam parecer iguais, mas pela hipótese de Jordan, uma verdadeira tetracromata seria capaz de notar a diferença.

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Incrivelmente, uma das mulheres testadas, cDa29, era capaz de diferenciar as cores nos círculos todas as vezes.

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Mas se as filhas de homens daltônicos tem quatro cones, por que só agora encontramos uma verdadeira tetracromata?

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Um dos detalhes é que os cientistas estavam procurando apenas no Reino Unido. Outro problema maior é que a maioria dos verdadeiros tetracromatas nunca precisaram usar seu quarto cone, e nunca perceberam que sua visão era especial.

“A maioria das coisas que são coloridas são feitas por pessoas que tentam criar cores que funcionam para tricromatas” comentou Jai Neitz, pesquisador da visão da Universidade de Washington, não envolvido na pesquisa. “talvez todo o mundo esteja afinado para o mundo dos tricromatas”. Em outras palavras, as cores que usamos são tão limitadas que um quarto cone nunca é colocado a trabalhar.

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A pesquisa ainda não foi revista ou mesmo publicada, e Jordan continua em sua busca por mais tetracromatas. O trabalho precisa ainda ser replicado e verificado, mas espera-se que ele ajude cientistas a desenvolver melhores sensores, e também a entender como funciona a visão.

Mas o que nunca seremos capazes de entender, infelizmente, é exatamente como se parece o mundo aos olhos de cDa29, já que é o nosso cérebro que realmente percebe a cor, nossos olhos apenas recebem dados a serem processados. [ScienceAlert]

7 comentários

  • Ary Luiz Bon:

    Técnicamente incorreto – daltonicos ñ sao “dicromatas”
    Teórico – ñ é possível isolar células cone
    Ignora que cores = fenomeno psicofisico

  • Tiago Alves:

    Texto otimo mas cansativo com essa enxurrada de hyperlink no meio. Cortando no meio do parágrafo…

  • Мариналдо Барбоса:

    E… Por que não disponibilizar os teste pra que os outros países possam identificar os seus tetracromatas?

  • individuotipo:

    Vim corrigir seu último comentário: a mutação dela é nos cones, não no cérebro; se o cérebro dela consegue interpretar, o nosso também.

    • Cesar Grossmann:

      Não necessariamente. Pessoas que ganharam a visão na idade adulta tem bastante dificuldade em se adaptar.

  • Eduardo Carneiro:

    100 bilhões de galáxias e cada uma com 100 bilhões de sóis e sistemas orbitais. Se estamos sós é um grande desperdício de espaço.

    • Cesar Grossmann:

      Com certeza.

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