Usar cinto apertado pode aumentar o risco de câncer

Por , em 3.10.2013

Pesquisadores das Universidades de Glasgow e de Strathclyde e do Hospital Geral Austral em Glasgow (todos na Escócia) acreditam que usar cinto pode forçar ácido para o esôfago, danificando as células e aumentando o risco de câncer de esôfago. Pessoas com sobrepeso estão em maior risco.

24 pessoas sem histórico de refluxo de ácido participaram do estudo. Eles engoliram uma sonda, que coletou dados antes e depois de cada pessoa comer uma refeição. Metade dos participantes tinham tamanhos de cintura normais e outra metade tinha excesso de peso. As leituras da sonda foram feitas com os participantes usando e não usando um cinto.

Os cientistas descobriram que o cinto causou uma hérnia de hiato parcial mesmo em pessoas saudáveis, o que torna mais provável que elas tenham refluxo de ácido. A hérnia de hiato ocorre quando parte do estômago se “espreme” no peito através de uma abertura no diafragma, o que por sua vez pode causar vazamento de ácido para o esôfago.

Isso está ligado ao câncer, porque o ácido empurrado para dentro do esôfago pode danificar suas células, levando-os a mutar. Por fim, os pesquisadores notaram que o incidente era mais acentuado nas pessoas acima do peso.

“Usar um cinto apertado, especialmente se você estiver com sobrepeso, coloca pressão sobre a válvula entre o estômago e o esôfago. Isso faz com que o ácido do estômago vaze para o esófago”, resume o pesquisador Kenneth McColl, da Universidade de Glasgow. “Ao contrário do estômago, que é concebido para resistir a isto, o esôfago é danificado pelo ácido. Isto provoca azia e, a longo prazo, possivelmente câncer esofágico”.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de esôfago é o 6º mais frequente entre os homens e 15º entre as mulheres no Brasil. Em 2012, foram registrados 10.420 novos casos. Em 2010, o câncer ocasionou 7.645 mortes.

Os pesquisadores escoceses expressaram sua preocupação com o uso do cinto porque o câncer de esôfago é um dos que mais rapidamente progride. Além disso, o aumento de casos da doença visto nos últimos anos foi associado à obesidade e ao refluxo ácido.

Cientistas descobriram recentemente que crises frequentes de azia podem ser um aviso precoce do câncer de garganta, com refluxo gástrico associado a um risco 78% maior de desenvolver a doença. Tomar antiácidos pode reduzir esse risco em 41%.

Os primeiros sintomas de câncer de esôfago muitas vezes são desprezados como azia, o que leva ao diagnóstico tardio e uma curta expectativa de vida para os pacientes – a maioria vive apenas três meses com a doença. Segundo o Cancer Research UK, apenas 13% das pessoas diagnosticadas com câncer esofágico vivem cinco anos ou mais. Sendo assim, os pesquisadores aconselham qualquer pessoa com sintomas de azia a visitar um médico. [Telegraph, INCA]

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