5 fatos estranhos sobre o Big Bang

Por , em 8.03.2014

Faz 50 anos que dois cientistas, que estavam trabalhando em um projeto não relacionado, descobriram a radiação cósmica de fundo, na faixa do micro-ondas.

Robert Wilson e Arno Penzias estavam tentando otimizar uma antena para captar o eco de rádio refletido por balões-satélite, e foram perturbados por um ruído que aparecia sempre, não importando para que lado a apontassem.

Atualmente, sabemos que esta radiação é uma das evidências da expansão do universo, que começou cerca de 13,75 bilhões de anos atrás, com o fenômeno conhecido como “Big Bang”.

Dois pombos foram sacrificados para a descoberta acontecer

Quando Wilson e Penzias começaram a usar a antena em forma de funil, ela registrou temperaturas maiores do que o esperado. Mesmo depois de descontar a temperatura da antena e de resfriar o receptor, eles ainda recebiam o mesmo sinal de micro-ondas.

A princípio, eles acharam que talvez o ruído fosse causado pelas fezes de alguns pombos que moravam dentro da antena, e mandaram os animais embora. Não adiantou. Eles retornaram à antena e começaram a fazer um ninho lá; para evitar que continuassem, foram eliminados.

Quando ficou claro que as fezes dos pombos não eram a causa da temperatura observada, Wilson e Penzias acabaram criando sua teoria de que se tratava da radiação cósmica de fundo, uma espécie de fóssil do Big Bang.

Não houve um momento ‘Eureka’

Muitos cientistas relatam aquele momento em que fazem uma grande descoberta, o “momento Eureka”, mas, segundo Wilson, eles nunca tiveram este momento. A princípio, eles nem mesmo levavam a cosmologia do Big Bang muito a sério, por que ela não havia produzido nenhum resultado sólido, mas após se encontrar com vários cientistas, eles acabaram abraçando a ideia.

“Não houve um momento ‘aha’ com esta descoberta. Houve um longo período em que estávamos tentando nos aprofundar no problema”, contou Wilson no Harvard Smithsonian Center for Astrophysics. “A importância da descoberta só se tornou clara com o passar do tempo, à medida que a teoria foi desenvolvida e os receptores se tornaram melhores a ponto que qualquer um pudesse examinar a radiação de fundo e ver algo mais que uma imagem sem qualquer detalhe”.

O universo primevo poderia ser todo habitável

O universo inteiro poderia ter se tornado uma gigantesca zona habitável, segundo alguns cientistas. A certo ponto logo após a morte explosiva das primeiras estrelas, a vida poderia ter surgido no universo, que tinha uma temperatura mais confortável, de acordo o astrônomo Avi Loeb, da Universidade Harvard.

Alguns planetas podem ter hospedado vida microbiana em apenas 15 milhões de anos após o Big Bang, um tempo curtíssimo em termos cosmológicos.

“Big Bang” não se refere necessariamente ao início do universo

A expressão “Big Bang” não se refere sempre ao mesmo período na história do universo. Muitos cientistas acreditam que o Big Bang é o violento início do universo e tudo nele, mas em termos mais complicados que isto, conta o físico teórico Alan Guth.

Segundo Guth, “Big Bang é uma expressão um tanto vaga”. Ele acrescenta que as pessoas usam esta expressão de várias forma diferentes. “Alguns usam a expressão ‘Big Bang’ para se referir à origem do universo, seja lá qual tenha sido. Ou seja, algo que veio antes da inflação. Eu costumo pensar na inflação como a precursora do Big Bang, definindo-o como o período de enorme expansão que estudamos”.

As outras galáxias vão desaparecer

Como o universo parece estar expandindo em uma taxa crescente, finalmente os observadores não vão conseguir ver outras galáxias da Terra ou de qualquer outro ponto da Via Láctea. Elas estão se afastando, e as mais distantes estão se afastando mais rapidamente que as que estão próximas.

As galáxias mais distantes devem se afastar à velocidade da luz, o que significa que a luz delas não será capaz de atravessar o espaço até nós. Nenhum sinal partindo daquelas galáxias jamais irá chegar até nós.

Com o passar do tempo, todas as galáxias estarão além do horizonte visível, além da distância pode ser vista da Terra. Neste ponto, elas não poderão ser observadas pelos cientistas. Será o fim da cosmologia do Big Bang – não haverá nenhum sinal do mesmo, nem mesmo a radiação cósmica de fundo. [Space.com, en.Wikipedia, New Scientist]

17 comentários

  • GUSTAVO IBRAIM CERON:

    Gostei dos comentários. Mas, como é o universo a uma distância de um centilhão de centilhões de anos luz de distância da nossa Terra?

    • Cesar Grossmann:

      Gustavo, há galáxias em todas as direções, e a todas as distâncias que podemos ver, exceto quando chegamos muito próximo do Big Bang.

  • José Antônio Alves Tabajara:

    Cesar: Permita-me discordar: “Big Crunch” era apenas uma especulação maniqueista, ainda baseada num início do Universo, a partir do Big Bang. E se o Universo for eterno, no tempo e no espaço, porque não admitir a hipótese de que ele é a própria expressão justificativa do Panteismo? Insisto na tese de que as galáxias são a macro expressão do átomo; Que compõem macro moléculas, e estas compõem células vivas. Se você conhecesse toda a minha exposição sobre o tema, não seria tão radical em sua…

    • Cesar Grossmann:

      Maniqueísta? Por que maniqueísta?

      A propósito, discordo que galáxias sejam “a macro expressão do átomo”. Esta frase é muito vaga e dá para colocar um monte de conceitos aí dentro, tanto científicos quanto pseudo-científicos.

      E eu não sou radical, estou apenas apontando o que a ciência descobriu…

  • José Antônio Alves Tabajara:

    A teoria do “Big Bang” foi desenvolvida a partir de uma observação episódica. Explico: As galáxias ESTAVAM se afastando mutuamente, mas nada pode garantir que, em outra observação, elas estejam se aproximando. Cientistas renomados, como Stephen Hawking, admitem essa possibilidade, denominando-a “oscilação”. Prefiro a expressão “pulsação”, pois creio firmemente que galáxias são a expressão macro dos átomos, compondo moléculas, células e organismos, em seu patamar dimensional.

    • Cesar Grossmann:

      José, da mesma forma que se você jogar uma pedra para cima, ela pode cair de volta na Terra ou se perder no espaço, se ela atingir a velocidade de escape, o Universo também está em expansão, e se ele tiver atingido a “velocidade de escape”, ele não vai contrair mais. Esta dúvida perdurou até pouco tempo (meados da década de 1990), quando a medição da velocidade de galáxias distantes apontou que elas estavam acelerando, em vez de desacelerar.

      Foi, então, descartado o Big Crunch.

  • Walter Paixão:

    Muito interessante essa matéria. Porém fiquei com um dúvida ao final dela.
    Lembro-me de ter lido que a velocidade da luz é absoluta, ou seja, se pudéssemos viajar a velocidade da luz e com uma lanterna em mãos apontando no mesmo sentido e direção ao qual caminhamos na velocidade da luz e então acendêssemos a lanterna. O resultado seria que a lanterna não acenderia pois não somaria os 300.00 Km/s da minha velocidade com os 300.000 km/s da luz da lanterna.

    • Walter Paixão:

      Continuando…
      Partindo do principio acima, acredito que este efeito seja para qualquer sentido. Então a velocidade da luz não poderia zerar pelo fato do objeto emissor estar a 300.000 km/s no sentido oposto. Portanto acredito que poderíamos observar.
      Mas por favor, não sou físico teórico, só um curioso pensante analisando o que li até hoje, então não me martelem se eu disse muita besteira. Rsrss..

    • Cesar Grossmann:

      Walter, não tem nenhum objeto viajando à velocidade da luz, emitindo ou não luz.

      Entretanto, quando você acelera e sua velocidade se aproxima da velocidade da luz, o tempo corre mais devagar para você, de modo que, se você tiver uma lanterna e medir a velocidade da luz emitida por ela, no vácuo, vai encontrar “c”. E se medir a luz das estrelas que estão à frente ou atrás da tua nave, também vai encontrar “c”.

    • Walter Paixão:

      Mas e esta referencia Cesar
      “As galáxias mais distantes devem se afastar à velocidade da luz, o que significa que a luz delas não será capaz de atravessar o espaço até nós.” ?
      Foi o que me gerou as duvidas acima…

    • Cesar Grossmann:

      É velocidade relativa à nós, causada pela expansão do espaço. A galáxia, em si, está imóvel, ela não está sendo acelerada, o que está acontecendo é que o espaço entre ela e outras galáxias está aumentando, expandindo.

      Coloque 10 soldados em linha, fixe o primeiro soldado no lugar, e ordene aos outros a aumentarem em 1 metro a distância entre eles e você vai ver que o último soldado vai ter que correr para não ser atropelado.

      Agora, imagine que eles fiquem imóveis, mas a distância entre eles aumente em 1 metro. Da mesma forma, você vai ver o último soldado voando 9 metros adiante, enquanto o segundo soldado se move apenas 1 metro.

    • Walter Paixão:

      Muito obrigado pelo esclarecimento Cesar… Excelente analogia com os soldados!

  • Gabriel Costa:

    O universo é um mistério e sempre será! Nós humanos somos apenas um átomo de um grão de areia em uma praia, perto do universo!

    • Marcelo Ribeiro:

      A vantagem é que somos um grão de areia especial que faz o máximo de esforço para compreender o universo. O que era enigma anos atrás já não é mais, e novos enigmas surgem implorando para serem desvendados.

    • Gabriel Costa:

      Marcelo Ribeiro, sim! Mais como nós pode, e provavelmente haverá outros. Talvez mais evoluídos, talvez mais atrasados, lembrando que há toda uma praia a ser explorada!!

  • Saprugo:

    “Alguns planetas podem ter hospedado vida microbiana em apenas 15 milhões de anos após o Big Bang” Em 15 milhões de anos poderia toda a sequência de eventos que culmina em um planeta em condições habitáveis acontecer? Uma estrela com massa o suficiente para produzir elementos pesados se formar, esgotar seu combustível nuclear, explodir, formar um disco de acresção, a partir desse disco um planeta se formar e reunir as condições necessárias para o surgimento de vida. Daria tempo? Sei que (cont…

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