7 experimentos mentais que farão você questionar tudo ao seu redor

Por , em 21.04.2018

A filosofia utiliza experimentos mentais para colocar ideias complexas em um contexto compreensível. Eles geralmente são úteis para fazer com que nós questionemos o mundo ao nosso redor e a nossa própria conduta. Além disso, os experimentos mentais permitem que situações complexas sejam exploradas e questões a serem levantadas. A lista abaixo contém sete experimentos mentais, com explicações sobre o que eles significam e quais perguntas eles levantam.

7. O véu da ignorância


Esta experiência foi concebida pelo professor de filosofia política John Rawls em 1971 para explorar noções de justiça em seu livro A Theory of Justice.

8 experimentos mentais filosóficos desenhados para expandir sua mente

Nela, você e um grupo de pessoas precisam decidir os princípios que estabeleceriam uma nova sociedade. No entanto, nenhum de vocês sabe nada sobre quem será nessa sociedade. Elementos como raça, nível de renda, sexo, gênero, religião e preferências pessoais são todos desconhecidos para você. Depois de decidir sobre esses princípios, você será colocado na sociedade que estabeleceu.

Como seria essa sociedade? O que isso significa para a nossa sociedade agora?

Rawls argumenta que nesta situação, em que não podemos saber qual é o nosso interesse próprio, não podemos tomar nossas decisões baseados neles. Sem essa orientação, ele sugere que todos nós tentaríamos criar uma sociedade justa com direitos iguais e segurança econômica para os pobres, tanto por considerações morais quanto como um meio de garantir o melhor cenário possível caso estejamos nessa situação assim que o véu for retirado. Outros discordam, argumentando que buscaríamos apenas maximizar nossa liberdade ou assegurar a perfeita igualdade.

Isso levanta questões para o estado atual de nossa sociedade, pois sugere que permitimos que o interesse próprio atrapalhe o progresso em direção a uma sociedade justa.

6. A máquina da experiência


Essa experiência foi criada pelo filósofo americano Robert Nozick, em seu livro Anarchy, State, and Utopia.

Imagine que super neurocientistas criaram uma máquina que pode simular experiências agradáveis ​​para o resto de sua vida. A simulação é ultra-realista e indistinguível da realidade. Não há efeitos colaterais adversos e experiências prazerosas específicas podem até ser programadas na simulação. Em relação ao prazer experimentado, a máquina oferece mais do que é possível em várias vidas.

Teríamos algum motivo para não entrar nessa máquina? Nozick argumenta que, se temos alguma razão para não entrar na máquina, o utilitarismo hedonista, a ideia de que o prazer é o único bem e de que devemos maximizá-lo, é uma teoria falsa. Muitas pessoas valorizam ter experiências reais ou ser uma pessoa que faz coisas em vez de sonhar em fazê-las. Não importa qual seja a razão, se você não entrar, não poderá alegar que o prazer é o único bem, e Nozick acha que a maioria das pessoas não entraria.

Há contra-argumentos, no entanto. Alguns hedonistas argumentam que as pessoas realmente entrariam na máquina ou que temos um viés de status quo que nos leva a tratar a realidade em que estamos atualmente como mais importante do que outras melhores. Em ambos os casos, o experimento nos apresenta um problema para aqueles que argumentam que só queremos prazer.

5. O quarto de Mary


O filósofo Frank Jackson propôs este experimento mental que levanta questões sobre a natureza do conhecimento em 1982.

Mary mora em uma sala em preto e branco, lê livros em preto e branco e usa telas que exibem apenas imagens em preto e branco. Mas ela estes acessos à informação para aprender tudo o que há para aprender sobre as cores em física e biologia. Um dia, a tela do computador se quebra e exibe a cor vermelha. Pela primeira vez, ela vê cor.

Neste momento, ao ver a cor vermelha pela primeira vez, ela aprende alguma coisa nova?

Se o faz, então mostra que a qualia, um termo usado na filosofia para descrever ocorrências individuais de elementos subjetivos da experiência, existe: ela teve acesso a todas as informações possíveis além da experiência antes de ver a cor, mas ainda assim aprendeu algo novo.

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Isso tem implicações para o conhecimento e estados mentais. Porque se ela aprende algo novo, então estados mentais, como ver cor, não podem ser descritos inteiramente por fatos físicos. Teria que haver mais, algo subjetivo e dependente da experiência.

Se ela não aprender nada de novo, teríamos que aplicar a ideia de que conhecer os fatos físicos é idêntico a experimentar algo. Por exemplo, teríamos que dizer que saber tudo sobre a ecolocalização é semelhante a saber como usá-la.

Este experimento é único entre os que constam dessa lista, pois o autor mais tarde mudou de ideia e argumentou que o fato de Mary ver a cor vermelha não conta como evidência da existência do qualia. Os problemas colocados pelo experimento permanecem amplamente debatidos até hoje.

4. Burro de Buridan


Variações sobre este experimento remontam à antiguidade, mas ele foi nomeado em “homenagem” ao filósofo Jean Buridan, cujas visões sobre o determinismo o experimento ridiculariza.

Imagine um burro colocado precisamente entre dois fardos idênticos de feno. O burro não tem livre arbítrio e age sempre da maneira mais racional. No entanto, como os dois fardos estão equidistantes do burro e oferecem o mesmo alimento, nenhum é melhor que o outro.

Dessa forma, como o burro escolheria qual feno comer? Ele escolhe ou fica parado até morrer de fome?

Se as escolhas são feitas com base na ação que é mais racional ou em outros fatores ambientais, o burro vai morrer de fome tentando decidir sobre o que comer, já que ambas as opções são igualmente racionais e indistinguíveis entre si. Se o burro faz uma escolha, então o resultado não poderia ter sido completamente baseado em fatos: algum elemento de ordem aleatória ou livre arbítrio pode ter sido envolvido.

Isso representa um problema para as teorias deterministas, já que parece absurdo supor que o burro ficaria tentando se decidir para sempre. Os deterministas continuam divididos sobre o problema. Alguns descartaram o problema, enquanto outros aceitaram que o burro morreria de fome. Outros argumentam que há sempre algum elemento de escolha que diferencia uma opção de outra.

3. A vida que você pode salvar


Este experimento foi escrito pelo famoso pensador utilitarista Peter Singer em 2009.

Imagine que você está andando na rua e observe uma criança se afogando em um lago. Você sabe nadar e está perto o suficiente para salvá-la se agir imediatamente. No entanto, isso estragaria seus sapatos caros. Você ainda tem a obrigação de salvar a criança?

Singer diz que sim, você tem a responsabilidade de salvar a vida de uma criança sem pensar nos custos. Se você concorda com ele, isso leva a um questionamento: se você é obrigado a salvar a vida de uma criança necessitada, existe uma diferença fundamental entre salvar uma criança à sua frente e outra do outro lado do mundo?

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Em The Life You Can Save, Singer argumenta que não há diferença moral entre uma criança se afogando na sua frente e outra morrendo de fome em algum país distante. O custo dos sapatos arruinados no experimento é análogo ao custo de uma doação, e se o valor dos sapatos for irrelevante, o preço da caridade também é. Se você salvasse a criança próxima, ele raciocina, você tem que salvar a criança distante também. O pensador coloca sua teoria em prática e começou um programa para ajudar as pessoas a doarem para instituições de caridade.

Existem contra-argumentos, claro. A maioria deles baseia-se na ideia de que uma criança que está se afogando está em um tipo diferente de situação do que uma criança que está morrendo de fome e que elas exigem soluções diferentes que impõem obrigações diferentes.

2. O pântano


Escrito por Donald Davidson em 1987, este experimento mental levanta questões sobre a nossa identidade.

Suponha que um homem saia para passear um dia quando um relâmpago o desintegra. Simultaneamente, um raio atinge um pântano e faz com que um monte de moléculas se reorganize espontaneamente no mesmo padrão que constituiu o homem que foi desintegrado alguns momentos atrás. Este “Pântano” tem uma cópia exata do cérebro, memórias, padrões de comportamento do que o homem que desapareceu. Ele passa a viver o dia a dia, trabalhar e interagir com os amigos do homem e é indistinguível dele.

A pergunta é: este ser que surgiu do pântano é a mesma pessoa que o sujeito desintegrado? Davidson diz que não. Ele argumenta que, enquanto eles são fisicamente idênticos e ninguém notaria a diferença, eles não compartilham uma história casual e não podem ser o mesmo. Por exemplo, mesmo que o homem do pântano se lembre dos amigos do homem desintegrado, nunca os viu antes. Outra pessoa os viu e o homem do pântano só tem suas memórias.

Há objeções à ideia de que os dois personagens da história são diferentes. Alguns argumentam que as mentes idênticas de dos dois homens significam que eles são a mesma pessoa. Outros, como o filósofo Daniel Dennett, argumentam que todo o experimento está muito longe da realidade para ser significativo.

Isso levanta questões em relação, por exemplo, ao teletransporte e para aqueles que querem baixar seus cérebros em um computador. Ambos os casos dependem de uma versão de você ser criada e outra desaparecendo. Esta segunda versão de você ainda é você?

1. O violinista de Thompson


Este teste foi escrito por Judith Thomson em seu ensaio de 1971, “A Defense of Abortion”.

“Você acorda de manhã e se vê de costas na cama com um violinista inconsciente. Um famoso violinista inconsciente. Descobriu-se que ele tem uma doença renal fatal, e a Sociedade dos Amantes da Música examinou todos os registros médicos disponíveis e descobriu que só você tem o tipo de sangue certo para ajudar. Eles, portanto, sequestraram você, e ontem à noite o sistema circulatório do violinista foi conectado ao seu, para que seus rins possam ser usados ​​para extrair venenos do sangue dele e também do seu próprio. Se ele estiver desconectado de você agora, ele morrerá; mas em nove meses ele terá se recuperado de sua doença e poderá seguramente ser desconectado de você”.

Você é obrigado a manter o músico vivo, ou você o solta e deixa ele morrer porque você quer?

Thompson, que tem vários excelentes experimentos mentais com seu nome, diz que você não é obrigado. Não porque o violinista não seja uma pessoa com direitos, mas sim porque ele não tem direito ao seu corpo e às funções de preservação da vida que ele proporciona. Thompson, em seguida, expande seu raciocínio para argumentar que um feto também não tem os direitos do corpo de outra pessoa e pode ser despejado a qualquer momento.

Seu argumento é sutil, no entanto. Ela não diz que você tem o direito de matá-lo, apenas de impedi-lo de usar seu corpo para se manter vivo. A morte resultante é vista como um evento separado, porém relacionado, que você não tem obrigação de prevenir. [Big Think]

1 comentário

  • Wesley Alves Lemos:

    Eu acho que pessoas em coma ou em estado terminal, deveriam entrar na máquina

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