8 falhas no comportamento animal que podem acabar em catástrofe

Por , em 4.11.2013

Instintos são ótimos e essenciais para a sobrevivência de todas as espécies. Como tudo na vida, no entanto, existem exceções – que podem ter resultados desastrosos. Confira oito falhas bizarras que fazem com que animais se comportem de maneira muito estranha (ou fatal):

1. O vórtice mortal das formigas


A espiral da morte das formigas é o exemplo perfeito do que pode acontecer quando os instintos dão errado. Formigas carnívoras cegas, principalmente formigas operárias, dependem de trilhas de feromônios deixadas pela formiga líder. Conforme a expedição de milhares de indivíduos se move, eles reforçam as trilhas. Entretanto, se uma delas se desviar do caminho estabelecido, pode se prender em um loop ao redor do grupo, levando as outras atrás dela. Isso às vezes leva a grandes vórtices giratórios.

Uma situação destas só pode ter um final feliz caso este vórtice seja interrompido. Do contrário, as formigas vão manter esta rotina até morrerem de exaustão ou fome.

2. A repetição constante das vespas-cavadoras

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Vespas-cavadoras são conhecidas por serem autômatas – insetos com rotinas genéticas hiperespecializadas, que resultam em comportamentos extremamente previsíveis, como a construção de um ninho e o acúmulo de recursos (comportamentos dos quais naturalistas podem tirar proveito).

Essas vespas foram notoriamente observadas chegando em casa com um inseto paralisado, que deixam cair perto da entrada de seu ninho. Antes de levar o inseto capturado para dentro do ninho, a vespa entra e realiza uma inspeção, deixando a sua refeição ao ar livre.

Porém, durante a inspeção, um pesquisador pode mover a presa a poucos centímetros de distância da abertura. Quando a vespa sai, ela está pronta para levar inseto para dentro, mas a sua refeição foi deslocada. Depois de reencontrar o inseto e arrastá-lo de volta para a abertura, a vespa passa mais uma vez pela rotina de inspeção, deixando o inseto para fora. E mais uma vez, se alguém mover o inseto, ela voltaria a relocalizá-lo e realizaria outra inspeção. E assim infinitamente.

Anos atrás, tanto Douglas Hofstadter quanto Daniel Dennett utilizaram este comportamento roteirizado como um exemplo de como o aparente comportamento realizado a partir de muito raciocínio pode ser, diferentemente do esperado, algo muito estúpido, ou o exato oposto do livre-arbítrio.

3. A estampagem aviária incorreta

Também chamado de estampagem filial, é o processo por vezes peculiar através do qual a preferência social precoce (chamada também de “imprinting”) entre as aves mais jovens torna-se restrita a um indivíduo, objeto ou a uma categoria específica de objetos. Este vínculo acontece durante um tempo breve, mas sensível (muitas vezes no primeiro dia de vida). Normalmente, um pintinho se vincula a sua mãe, resultando em uma ligação. Mas às vezes esse processo pode dar errado e o filhote pode se ligar com outra coisa que não um membro de sua própria espécie.

Vídeo incrivelmente fofo de um ganso que “estampou” um filhote de cachorro:

Este pobre jack russell terrier agora tem um companheiro para a vida:

O biólogo Konrad Lorenz já teve este problema com um par de suas botas. Depois do “imprinting”, um ganso seguia qualquer pessoa que usasse o calçado. Já o naturalista Joe Hutto tornou-se uma “mãe” para um bando de perus selvagens. Isso pode ser catastrófico para certas aves, sobretudo quando o acasalamento está em questão. Um caso famoso é o de George Archibald, que precisou realizar uma dança de acasalamento com sua fêmea de grou-americano para prepará-la para uma inseminação artificial.

4. Ovelhas pulando de um penhasco

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Algo semelhante à espiral das formigas, ovelhas seguem cegamente os membros à frente delas. Isso pode levar a consequências desastrosas – como a vez que um rebanho se atirou de um precipício de 15 metros, causando a morte de 400 indivíduos. Cerca de 1.100 ovelhas sobreviveram ao terem a sua queda amortecida pelas ovelhas mortas que já estavam no fundo do penhasco. Sinistro!

5. Baleias e golfinhos encalhados

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Os encalhamentos em massa de cetáceos são um pouco misteriosos para os cientistas. Estes eventos podem ocorrer com um animal ou mesmo dezenas à cada vez.

Uma possibilidade levantada é de que as espécies de baleias de grande porte, como as encontrados perto de Madagascar, muitas vezes acabam encalhando em conjunto, devido à sua natureza matriarcal. Quando o líder fica doente e vai para a costa, os outros tendem a seguir. Uma segunda possibilidade é que o sonar humano está afetando de forma negativa as baleias e golfinhos. Outras teorias sugerem que estes animais estavam perseguindo um cardume de peixes ou sendo perseguidos por predadores e não conseguiram voltar para águas mais profundas. Por fim, os animais também podem seguir um membro do grupo que acabou se metendo em algum tipo de problema. Um exemplo disto foi a vez que um golfinho bebê perdido levou 150 membros de seu cardume para águas rasas na Austrália.

6. Comportamento homossexual em insetos

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Insetos às vezes se envolvem no que parece ser um comportamento homossexual. Para outros subtipos, como mamíferos e aves, este não é um problema; comportamentos homossexuais nestas espécies são muitas vezes entendidos como “treino” para os jovens, como forma de manter alianças de grupos. Mas, para os insetos, este não é o caso.

Na verdade, estes esforços de acasalamento falhos são extremamente perigosos e desgastantes. Não há simplesmente nenhum propósito para eles. A razão para o comportamento, dizem os cientistas, é que os insetos simplesmente não evoluíram a capacidade de ser mais exigentes em suas escolhas de acasalamento. Isto leva à “confusão de acasalamento”, no qual alguns insetos tentam acasalar com membros de outras espécies – e até mesmo objetos inanimados, como garrafas de cerveja. Biólogos acreditam que o comportamento homossexual “vale a pena” para os machos, porque “o custo de rejeitar uma oportunidade válida para acasalar com uma fêmea é maior do que o de um acasalamento com um macho”.

7. A atração de mariposas para uma chama

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Surpreendentemente, não há nenhuma boa teoria para explicar por que as mariposas são irremediavelmente atraídas por luzes. É amplamente sabido, por exemplo, que as mariposas voam para a luz natural, pois ela afeta seus sistemas de navegação interno. Mariposas não evoluíram perto de luzes brilhantes. Assim, se adaptaram somente ao sol distante, à lua e às estrelas. Usando a orientação transversal, mariposas e outros insetos podem voar em um ângulo constante em relação a uma fonte de luz à distância, como a lua. Porém, essa teoria não se sustenta quando se considera que os incêndios já existem há muito tempo, e que as mariposas podem nem sequer usar a orientação transversal.

Outra teoria é que o espectro de luz infravermelha emitida por uma chama contém algumas das mesmas frequências de luz emitida por feromônios de mariposas fêmeas. Desta forma, os machos seguem para a luz na esperança de sexo, mas são recebidos por uma morte ardente. Mas esta teoria também não é boa, já que mariposas são mais atraídas por luz ultravioleta.

8. Cervos são hipnotizados por faróis

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Os cervos são notórios por ficarem totalmente paralisados ao avistar faróis de carros. Em vez de fugir, eles congelam no lugar em que correm mais perigo. Por quê? “Cervos são crepusculares”, disse David C. Yancy, biólogo do Departamento de Pesca e Vida Selvagem do Kentucky (EUA). “Seus picos de atividade acontecem dentro de uma hora ou menos de antes e depois do nascer e do pôr-do-sol, então sua visão é otimizada para muito pouca luz. Quando um feixe de farol atinge olhos que estão completamente dilatados para capturar o máximo de luz possível, os cervos não conseguem ver nada, e congelam até que os olhos possam se ajustar. Eles não sabem o que fazer, por isso não fazem nada”.

Esta não é tanto uma “falha” animal quanto uma consequência das ações humanas. Cervos simplesmente não tiveram tempo suficiente para se adaptar. [iO9]

5 comentários

  • Dressa Oliver:

    Vespas com TOC?

  • Aristóteles Benício:

    Bem interessante.

    Duas observações:

    – no início do 2: não existe a forma feminina de autômato;

    – no fim do 2: Livre-arbítrio é um conceito religioso de dicotomia/oposição entre bem e mal, certo e errado, bom e mau. É uma escolha com a espada de Dâmocles sobre a cabeça e um olho na inexistente pós-vida. Não se aplica à biologia ou à ciência.

    Fica a dica.

    • Cesar Grossmann:

      Qual o nome que se dá a um comportamento ou uma resposta que não é automática, que não faz parte de um circuito de estímulo-resposta, que não esteja pré-programada nos genes?

  • Cesar Grossmann:

    Em um artigo antigo do Seleções do Reader’s Digest eu vi uma menção ao comportamento de certas aves, que possuem um ritual a seguir antes de entrar no ninho, e se o ritual não puder ser cumprido no horário certo, e ficar muito escuro para que eles façam o ritual, eles não entram no ninho, ficam paralisados sem poder completar o ritual.

    Algum ornitologista de plantão para confirmar ou corrigir a informação?

  • Thiago Da Silva:

    O caso 3 me lembra o desenho do “Tom e Jerry” o antigo, o que era bom, não esse lixo de hoje em dia “Tom e Jerry Tales”. Um episódio que o patinho acha que o Tom é a mãe dele kkkkkkkkkkkk, mt engraçado!

    É só pesquisa no google o episódio “Essa é a minha mamãe” que vcs acham pra baixar, mt bom!

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