A Cratera Barringer pode ter sido formada por uma ‘bola curva’ cósmica, mostram simulações de asteroides

Por , em 19.12.2023

Um estudo recente publicado em 22 de novembro na revista “Physical Review E” aponta que asteroides com estruturas frouxas e padrões de rotação peculiares podem ser os responsáveis pela formação de algumas das crateras mais características da Terra, como a cratera Barringer, no Arizona, que se assemelha a uma tigela. A pesquisa revela que as crateras originadas por corpos celestes que giram rapidamente tendem a ser mais largas e menos profundas do que aquelas criadas por objetos que giram mais lentamente. Esse achado desafia a intuição, de forma similar ao impacto inesperado de uma bola rápida num jogo de beisebol.

Marcas de colisões cósmicas são visíveis em todo o sistema solar, deixando crateras em diversas superfícies planetárias, incluindo a nossa. Essas crateras apresentam uma diversidade impressionante de formas.

Por exemplo, na Terra, crateras como a de Barringer, com 49.000 anos de idade no Arizona, exibem um formato que lembra uma tigela encravada no solo, enquanto outras possuem estruturas mais complexas, com picos centrais.

Estudos anteriores já identificaram vários fatores, como a velocidade de um asteroide no momento do impacto, que contribuem para essa variedade. No entanto, o estudo recente concentra-se em dois aspectos frequentemente ignorados: a rotação do asteroide e sua composição.

O estudo sugere que a rotação de um asteroide, que se refere à sua velocidade de giro enquanto atravessa a atmosfera, influencia a profundidade da cratera resultante. Um asteroide em rotação, possuindo mais energia cinética do que um estacionário, poderia, intuitivamente, ser esperado para criar um impacto mais profundo.

A pesquisa também considera a composição dos impactores, como cometas, asteroides ou meteoroides. Missões espaciais recentes, como a missão OSIRIS-REx da NASA ao asteroide Bennu, revelam que nem todos os asteroides são sólidos; muitos dos maiores são aglomerados frouxamente ligados de rochas menores.

Erick Franklin, pesquisador da Universidade de Campinas no Brasil e coautor do estudo, comunicou à Live Science que compreender a rotação e a composição dos asteroides ajuda a decifrar como diferentes tipos de crateras se formam e como os detritos do impacto se dispersam.

Os pesquisadores realizaram múltiplas simulações para examinar esses fatores. Eles usaram modelos virtuais de asteroides do tamanho de uma toranja, compostos por milhares de pequenas esferas. Esses asteroides simulados foram então soltos sobre uma superfície granulada, representando um terreno planetário. As simulações variaram a rotação do asteroide de muito lenta a extremamente rápida.

Os resultados indicaram que asteroides firmemente ligados com rotação rápida formam crateras estreitas e profundas. No entanto, asteroides com estruturas frouxas, semelhantes a Bennu, criam crateras mais largas e rasas quando giram rapidamente. Franklin explicou que a dispersão dos componentes do asteroide no impacto influencia o tamanho e a forma da cratera.

O estudo sugere que crateras como a de Barringer e a cratera Flynn Creek no Tennessee podem ter sido formadas por asteroides giratórios de estrutura frouxa.

Além de analisar a formação das crateras, o estudo abre novas perspectivas sobre a natureza dos asteroides e sua interação com os planetas. Essa pesquisa é crucial para entender melhor as ameaças potenciais que os asteroides representam para a Terra. Em um contexto mais amplo, entender a dinâmica e as consequências dos impactos de asteroides pode ser vital para futuras missões espaciais e para a segurança planetária. [Space]

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