Phaethon: Desvendando os Mistérios do Asteroide Enigmático

Por , em 30.11.2023

Durante um longo tempo, o asteroide Phaethon tem sido um verdadeiro mistério para os cientistas espaciais. Sua trajetória, próxima ao sol, revela um detalhe intrigante: um rastro de detritos se desprende deste corpo celeste, que tem cerca de três milhas (ou cinco quilômetros) de diâmetro. Essa característica desafia a compreensão convencional, pois, se o rastro de Phaethon fosse constituído de elementos comuns a cometas, como gelo e dióxido de carbono, ele deveria ser visível mesmo quando o asteroide estivesse tão distante quanto Júpiter, o que não ocorre.

Diante desse enigma, pesquisadores têm especulado sobre a composição de Phaethon, buscando explicações para o material que o asteroide deixa para trás durante sua aproximação solar. Estudos recentes focaram nas emissões infravermelhas de Phaethon, captadas pelo Telescópio Espacial Spitzer da NASA. Estas foram comparadas com emissões de meteoritos analisados em laboratórios. As evidências apontam que Phaethon provavelmente pertence a uma rara classe de meteoritos, da qual apenas seis exemplares são conhecidos.

Este asteroide, especificamente, tem um espectro de emissão que se alinha ao de um tipo de meteorito chamado “condrito carbonáceo CY”. Por outro lado, asteroides como Ryugu e Bennu, alvos recentes de missões de retorno de amostras da JAXA e da NASA, são classificados como meteoritos CI e CM, respectivamente.

Acredita-se que todas essas classes de meteoritos tenham se originado no início do sistema solar. Elas mostram sinais de um processo químico no qual a água se combina com outras moléculas para formar materiais de filossilicato e carbonato. Entretanto, apenas a classe CY mostra sinais de secagem e decomposição devido ao aquecimento, além de um alto conteúdo de sulfeto de ferro, sugerindo uma origem única.

A análise do espectro de emissão de Phaethon revelou a presença de olivina, carbonatos, sulfetos de ferro e minerais de óxido. Esses elementos corroboram a conexão do asteroide com a classe CY. Os carbonatos no asteroide indicam mudanças no conteúdo de água (o processo de secagem), enquanto a olivina é consistente com a decomposição térmica de filossilicatos em altas temperaturas.

Utilizando modelagem térmica, os pesquisadores mostraram como temperaturas extremas, como as encontradas na proximidade do sol, podem afetar os minerais no asteroide, levando-os a liberar gases. À medida que Phaethon se aproxima do sol, suas temperaturas superficiais podem atingir 800°C. Esta intensidade de calor é suficiente para que os carbonatos produzam dióxido de carbono, os filossilicatos liberem vapor de água e os sulfetos emitam gás de enxofre.

Estudos adicionais sobre asteroides, aliados aos novos modelos térmicos de Phaethon, levam os cientistas a acreditar que a pressão do gás liberado pelo aquecimento do asteroide pode causar a desintegração de sua superfície, resultando na ejeção de partículas de poeira fina. Este mecanismo é uma explicação plausível para o rastro de Phaethon durante seu voo próximo ao sol.

Mikael Granvik, da Universidade de Helsinque e coautor do estudo, expressou em um comunicado à imprensa sua satisfação ao ver como cada mineral identificado ajudou a esclarecer o comportamento do asteroide e, sobretudo, quais os próximos passos que essa descoberta reveladora pode proporcionar. [Space]

Deixe seu comentário!