O bizarro e potencialmente perigoso material do asteroide Bennu deixa cientistas embasbacados

Por , em 15.12.2023
Uma visão do lado de fora do coletor de amostras OSIRIS-REx. Material de amostra do asteroide Bennu pode ser visto no meio à direita. Cientistas encontraram evidências de carbono e água na análise inicial deste material. A maior parte da amostra está localizada no interior. (Crédito da imagem: NASA/Erika Blumenfeld & Joseph Aebersold)

A missão da sonda espacial OSIRIS-REx da NASA, encarregada de desvendar os segredos da origem da vida na Terra, alcançou um marco importante no final de 2020. Esta sonda coletou amostras de um asteroide chamado Bennu, conhecido por seu terreno acidentado e cheio de pedregulhos. Estas amostras foram transportadas para a Terra há cerca de dois meses. Em uma segunda-feira recente, 11 de dezembro, os cientistas receberam a primeira análise detalhada de parte desse material extraterrestre.

Dante Lauretta, o investigador principal da missão, expressou sua satisfação durante a conferência da União Geofísica Americana (AGU), que ocorreu na Califórnia e online. “Com certeza temos resíduos hidratados e ricos em matéria orgânica do início do sistema solar, que era exatamente o que esperávamos quando concebemos essa missão há quase 20 anos”, disse ele. Lauretta espera que a comunidade de cosmoquímica explore profundamente essas descobertas.

Lauretta, que é professor de ciência planetária e cosmoquímica na Universidade do Arizona, informou que as amostras do asteroide antigo que foram recuperadas até agora são da tampa superior do recipiente de amostras. Elas são ricas em carbono e moléculas orgânicas. As partículas são todas muito escuras e variam em tamanho, de centímetros a milímetros, parecendo “rochas irregulares” com uma textura áspera semelhante à de uma “couve-flor”. Elas aderem a qualquer superfície com a qual entram em contato.

A sonda OSIRIS-REx foi programada para tocar o asteroide Bennu por apenas seis segundos, mas acabou penetrando 0,5 metros na superfície do asteroide por 17 segundos. Devido a este sucesso inesperado, a sonda coletou uma quantidade tão grande de material que algumas partículas começaram a vazar da cabeça do coletor de amostras. No entanto, elas ainda estavam protegidas sob a tampa externa. Na segunda-feira, Lauretta atribuiu esse vazamento a uma pedra de Bennu de 3,5 cm que parece ter travado uma pequena aba na cabeça do coletor, permitindo que o material escapasse para a tampa.

Atualmente, dois fixadores defeituosos estão impedindo os técnicos de abrir a tampa para acessar e catalogar a maior parte da amostra coletada, ainda presa dentro da cabeça do coletor. Enquanto aguardam a aprovação de novas ferramentas para manusear essas rochas preciosas, estão usando pinças para retirar pequenas pedras através da aba parcialmente aberta, totalizando 70,3 gramas (0,07 kg) de material coletado — um valor superior ao mínimo de 60 gramas (0,06 kg) estipulado pela missão.

Parte desse material foi enviada para análise espectral no Laboratório de Experimento de Reflectância (RELAB) apoiado pela NASA, em Rhode Island, e outra parte para o Museu de História Natural em Londres. Os resultados iniciais da espectroscopia, técnica que identifica a composição de uma substância ao estudar como ela reflete diferentes comprimentos de onda de luz, revelaram uma assinatura espectral dominante em azul. Esta tonalidade azul, ainda sem explicação, pode indicar que as rochas espaciais contêm mais água do que os cientistas inicialmente previam, segundo Lauretta. Ele espera compartilhar mais resultados em uma reunião científica na próxima primavera.

Além disso, as amostras apresentam altos níveis de magnésio, sódio e fósforo, uma combinação que atualmente deixa a equipe intrigada.

“Estudo meteoritos há muito tempo e nunca me deparei com nada assim”, disse Lauretta. “No momento, é um verdadeiro enigma. O que é este material?” [Space]

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