Encontramos fósseis com as primeiras formas de vidas complexas da Terra, aqui no Brasil

Por , em 14.09.2017

Um novo conjunto de fósseis com rastros do que parecem ser as mais antigas formas de vida complexa da Terra foi descoberto em Corumbá, no Mato Grosso do Sul.

O achado contém pistas sobre os primórdios da evolução em nosso planeta.

Importância

A descoberta compreende, na verdade, o que se conhece como “vestígios de fósseis” – trilhas e tocas deixadas por organismos vivos.

Os fósseis remontam a cerca de 555 a 542 milhões de anos atrás, à medida que o Período Ediacariano acabava e o Cambriano começava, logo antes da explosão cambriana – um momento crucial na história da Terra, no qual muitos dos grandes grupos animais, ou filos, que existem hoje surgiram.

Em outras palavras, a explosão cambriana viu a vida deflagrar por todo o planeta, e esses fósseis nos dão um novo conhecimento dos milênios que levaram a ela.

“Esses fósseis foram encontrados em camadas de rocha que, de fato, datam dos fósseis mais antigos de animais complexos – pelo menos isso é o que todos os registros fósseis atuais sugeririam”, explica um dos autores do estudo, Russell Garwood, da Universidade de Manchester, no Reino Unido.

Criaturas minúsculas

Os novos fósseis foram desenterrados de sedimentos e medem entre 50 e 600 micrometros (um micrometro é um milésimo de milímetro) – o que significa que os seres que deixaram esses rastros tinham a largura de um cabelo humano.

Para encontrar os fósseis, a equipe usou uma técnica chamada microtomografia de raios-X, onde o interior dos objetos é escaneado e analisado em 3D sem precisarmos abri-los, o que potencialmente prejudica os fósseis.

“Os novos fósseis mostram que animais complexos com controle muscular existiam cerca de 550 milhões de anos atrás, e eles podem ter sido ignorados anteriormente porque são muito pequenos”, afirmou um dos pesquisadores, Luke Parry, da Universidade de Bristol, no Reino Unido.

Os pesquisadores compararam as criaturas que fizeram essas trilhas com vermes nematódeos modernos, e dizem que elas teriam sido alguns dos primeiros organismos capazes de se locomover intencionalmente, usando um movimento ondulante.

Bilaterianos

Esses animais são conhecidos como bilaterianos, porque têm cabeça, cauda, costas, barriga, lado esquerdo e lado direito identificáveis. Porém, a maioria dos fósseis de bilaterais aparecem somente no período cambriano.

Cientistas já haviam suspeitado que a bilaterianos surgiram anteriormente na história, e esse achado apoia tal visão.

Na verdade, de acordo com análises e estimativas nas quais a história das espécies é rastreada através da taxa de mutação e evolução das biomoléculas, essas formas de vida podem ter se formado mesmo antes do que a nova descoberta sugere.

Se encontrarem mais fósseis similares, os especialistas poderão entender melhor como era a vida há meio bilhão de anos, e como chegamos aqui.

A pesquisa foi publicada na revista científica Nature Ecology & Evolution. [ScienceAlert]

1 comentário

  • Roberto Monteiro:

    Eu usaria um neologismo: ao invés de escrever milênios para determinar o tempo de evolução, usaria “milhênio”. São tantos milhões de anos…

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