Alimentos ultraprocessados: eles podem afetar sua saúde mental?

Por , em 14.11.2023

Frequentemente, ao fazer compras em supermercados, as pessoas acabam adquirindo lanches embalados, bebidas adoçadas e produtos de carne reconstituída, conhecidos como alimentos ultra-processados. Nos Estados Unidos, esses itens representam mais de 70% de todos os alimentos embalados e correspondem a cerca de 60% do consumo calórico médio da população.

Estudos têm demonstrado os efeitos negativos dos alimentos ultra-processados na saúde física. Mas qual é o impacto na saúde mental?

Definição de Alimentos Ultra Processados

Os alimentos ultraprocessados são populares pela sua praticidade, facilidade de consumo e custo geralmente mais baixo. No entanto, eles são ricos em açúcares adicionados, sal e gorduras saturadas, e o processo de fabricação reduz significativamente o seu valor nutricional.

Diferença Entre Alimentos Ultraprocessados e Processados

Os alimentos processados são aqueles que sofreram alterações em relação ao seu estado natural, através de métodos como limpeza, cozimento, enlatamento ou congelamento. Eles podem conter aditivos como conservantes (para prolongar a durabilidade), especiarias (para adicionar sabor) e até aditivos benéficos como vitaminas.

Já os alimentos ultra-processados incluem ingredientes adicionais para melhorar o sabor, prolongar a vida útil, melhorar a aparência ou alterar a textura. Estes incluem açúcares adicionados, sal, corantes artificiais e outros modificadores. Eles são compostos principalmente de componentes derivados e modificados de outros alimentos, como óleos, açúcares, gorduras e proteínas.

Impacto da Dieta na Saúde Mental

Um estudo notável de 2017, conhecido como o ensaio ‘SMILES’, descobriu que a melhoria da dieta é um método eficaz para tratar depressão moderada a severa. Este estudo pioneiro, o primeiro do seu tipo, visou determinar se melhorias na dieta poderiam aprimorar a saúde mental. Ele comparou dois grupos: um recebendo orientação nutricional e outro recebendo apoio social. O grupo com orientação dietética mostrou melhorias mais significativas na saúde mental do que o grupo de apoio social.

Alimentos Ultraprocessados e Saúde Mental

Em um estudo mais recente, de 2022, publicado em Public Health Nutrition, pesquisadores analisaram dados de uma amostra representativa da população dos EUA. Eles descobriram que indivíduos com maior consumo de alimentos ultraprocessados tendiam a relatar mais dias de saúde mental precária, ansiedade e sintomas leves de depressão. Tais estudos sublinham a influência substancial da dieta no bem-estar mental.

Conexão Entre Alimentação e Crise de Saúde Mental

Eric Hecht, professor associado afiliado na Faculdade de Medicina Charles E. Schmidt na Universidade Atlântica da Flórida e participante do estudo de 2022, enfatiza a importância desta área de pesquisa, especialmente considerando a crise atual de saúde mental. Ele sugere que o consumo prevalente de alimentos ultraprocessados deve ser investigado como um fator potencialmente contribuinte para esta crise.

Saúde do Intestino, Cérebro e Alimentos Ultraprocessados

Uma Naidoo, psiquiatra nutricional no Massachusetts General Hospital e autora de “This is Your Brain on Food”, que não participou do estudo, observa que os alimentos ultraprocessados podem causar inflamação no intestino e no corpo. Esta inflamação está associada a sintomas de depressão e ansiedade.

Dieta, Saúde do Intestino e Bem-Estar Emocional

Embora uma relação direta de causa e efeito não tenha sido estabelecida, consumir menos alimentos ultraprocessados pode diminuir a probabilidade de depressão e ansiedade. O microbioma intestinal e o cérebro estão interconectados através do nervo vago, facilitando uma comunicação bidirecional rápida. Naidoo aponta que mais de 90% da serotonina do corpo, juntamente com outros neurotransmissores que regulam o humor, é produzida no intestino, onde o alimento é metabolizado em nutrientes essenciais. Isso sublinha uma interação natural entre dieta e química cerebral.

Melhorando a Saúde Mental Através da Dieta

Segundo Naidoo, mudanças na dieta para melhoria da saúde mental devem ser adaptadas às necessidades únicas de cada indivíduo, pois o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra. A recomendação geral é consumir mais alimentos integrais, frutas e verduras, com ênfase na consistência e equilíbrio para benefícios a longo prazo.

Reduzindo o Consumo de Alimentos Processados para Bem-Estar Mental

Hecht sugere evitar itens altamente processados, como os nuggets de frango de 10 peças dos Happy Meals para adultos do McDonald’s, pois alimentos ultraprocessados muitas vezes contêm açúcar e vários produtos químicos que afetam negativamente a saúde mental. Um estudo de 2017 em Scientific Reports liga o consumo de açúcar de doces e bebidas a problemas de saúde psicológica a longo prazo.

Dieta Mediterrânea e Saúde Mental

Adotar uma dieta mediterrânea, caracterizada pelo alto consumo de vegetais, grãos integrais e gorduras saudáveis, e baixo consumo de carne vermelha, mostrou reduzir o risco de depressão. Eliminar completamente a comida lixo também é aconselhável. Hecht observa que dietas baseadas em alimentos integrais, em comparação com alimentos processados embalados, podem ajudar a reduzir os sintomas negativos de saúde mental. [Discover Magazine]

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