Caranguejos: A Incrível Jornada Evolutiva da Terra ao Mar e de Volta

Por , em 15.11.2023
Zinni-Online/Getty Images

Pesquisadores recentemente descobriram que, ao longo dos últimos 100 milhões de anos, os caranguejos têm alternado repetidamente entre ambientes marinhos e terrestres. Um estudo divulgado em 6 de novembro na revista “Systematic Biology” aponta que os caranguejos verdadeiros, que englobam 7.600 espécies em 109 famílias, migraram do habitat aquático para o terrestre entre sete e 17 vezes. Esses caranguejos são diferentes de outras espécies de crustáceos que possuem aparências semelhantes a caranguejos, mas que pertencem a outros grupos.

Além disso, os pesquisadores observaram que, em algumas ocasiões, os caranguejos migraram do ambiente terrestre de volta para o aquático. Joanna Wolfe, pesquisadora de biologia evolutiva e organismal da Universidade de Harvard e líder do estudo, enfatizou a complexidade dessa transição, declarando: “É 100% mais difícil ir da terra para a água.”

Este estudo apresenta um contraste notável com o padrão comum em artrópodes, que geralmente migraram do mar para a terra apenas uma vez, há mais de 300 milhões de anos, durante um evento conhecido como “terrestrialização”.

Para explorar a frequência e a linha do tempo dessas migrações em caranguejos verdadeiros, o estudo compilou novos dados para 333 espécies de caranguejos verdadeiros de 88 famílias, representando grupos tanto marinhos quanto terrestres. A pesquisa utilizou todo o registro fóssil de caranguejos, adotando dois modelos teóricos de migração: um direto, de ambientes marinhos para a terra através de áreas de transição como praias, e outro indireto, passando por ambientes como estuários, água doce, margens de rios, florestas costeiras e selvas.

Os resultados do estudo permitiram que os pesquisadores categorizassem cada espécie de caranguejo com base em sua adaptabilidade à vida terrestre. Utilizando técnicas originalmente desenvolvidas para estudar a evolução de vírus, como no caso da COVID-19, a equipe conseguiu determinar o momento da evolução dos caranguejos verdadeiros.

As conclusões sugerem que os caranguejos verdadeiros podem ter se originado cerca de 45 milhões de anos antes do que se pensava anteriormente, remontando ao período Triássico Médio (251,9 a 201,3 milhões de anos atrás), contemporâneos a alguns dos primeiros dinossauros conhecidos.

As diversas transições de ambientes marinhos para terrestres realizadas pelos caranguejos verdadeiros são atribuídas à evolução convergente, onde diferentes espécies desenvolvem independentemente características semelhantes. O estudo também descobriu que a maioria dos caranguejos está adaptada a ambientes semi-terrestres, com uma concentração significativa de caranguejos adaptados à terra em um ramo particularmente rico em espécies da sua árvore genealógica. Contrariando a crença popular, Wolfe observou que “é um equívoco comum pensar que os caranguejos estão tentando evoluir para viver permanentemente em terra. A maioria das espécies de caranguejos ainda prospera no oceano.”

Esta pesquisa abre novas perspectivas sobre a incrível capacidade de adaptação dos caranguejos, lançando luz sobre a complexidade de suas trajetórias evolutivas. Essas descobertas não apenas expandem nosso entendimento sobre a biodiversidade marinha e terrestre, mas também desafiam concepções anteriores sobre a evolução dos crustáceos. Através da utilização de técnicas avançadas de pesquisa e análise de dados, os cientistas conseguiram traçar um panorama mais amplo e detalhado da história evolutiva desses organismos fascinantes.

Essencialmente, o estudo destaca a importância da flexibilidade e resiliência na evolução, demonstrando como os caranguejos se adaptaram a uma variedade de ecossistemas ao longo de milhões de anos. Isso não só atesta a sua incrível capacidade de sobrevivência, mas também fornece insights valiosos sobre como diferentes espécies podem responder a mudanças ambientais ao longo do tempo. A pesquisa sobre caranguejos verdadeiros, portanto, não apenas contribui para a biologia evolutiva, mas também oferece pistas importantes para entender melhor as dinâmicas ecológicas e ambientais do nosso planeta. [Live Science]

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