Cientistas descobrem com nova espécie de ave-do-paraíso, com ainda mais habilidade de dança

Por , em 19.04.2018

É difícil encontrar uma ave mais soberba do que a “soberba ave-do-paraíso”, mas os pesquisadores descobriram que existem na verdade duas espécies desse pássaro incrível, com um ritual de acasalamento muito curioso.

Soberba ave-do-paraíso Vogelkop

A pena destas aves tem pigmentos muito escuros, entre os mais negros do mundo.

Para atrair uma parceira, os machos realizam um ritual elaborado, durante o qual estendem sua capa preta (como um pavão), estufam seu peito azul brilhante e iniciam uma dança em torno da fêmea, em movimentos semicirculares.

Até recentemente, os cientistas pensavam que a “soberba ave-do-paraíso” (Lophorina superba) era única entre as 43 aves-do-paraíso que compõem a família Paradisaeidae.

Agora, o ornitólogo Edwin Scholes e o fotógrafo da National Geographic Tim Laman detalham uma nova espécie, a “soberba ave-do-paraíso Vogelkop”, em um artigo publicado na revista científica PeerJ.

Em comum

Uma combinação de trabalho de campo e análise de museu levou à conclusão de que a Vogelkop é uma ave geneticamente distinta da soberba ave-do-paraíso.

O nome alemão da nova espécie, que se traduz como “cabeça de pássaro”, foi inspirado por uma região isolada da Nova Guiné indonésia – sua casa – que se assemelha a uma cabeça de pássaro no mapa, e que já foi uma colônia alemã.

Como sua prima, a Vogelkop tem algumas das cores mais negras da Terra. A estrutura microscópica de suas penas absorve quase 100% da luz que a atinge. Ambas as aves têm marcas azuis brilhantes que formam o que parecem rostos caricatos quando tentam seduzir as fêmeas.

Mas as espécies também possuem diferenças.

Peculiaridades

Por exemplo, durante a dança de acasalamento, a soberba dobra profundamente os joelhos e pula de um lado para o outro. A Vogelkop, no entanto, faz pequenos movimentos rápidos com os pés, deslizando de um lado para o outro.

Os pássaros também cantam músicas ligeiramente diferentes: enquanto a soberba é mais barulhenta, a Vogelkop tem um tom mais agradável.

Scholes e Laman notaram as vocalizações incomuns da Vogelkop pela primeira vez em 2009. A música era “radicalmente diferente daquela com a qual estávamos familiarizados”, disse Scholes, ligado ao laboratório de ornitologia da Universidade de Cornell (EUA).

Suas suspeitas ganharam força quando, em 2016, um grupo de pesquisadores independentes encontrou variações genéticas em diferentes soberbas aves-do-paraíso, indicando a presença de espécies distintas.

Diferenciação

Armados com a descoberta genética, Scholes e Laman foram em busca de evidências de campo na Nova Guiné.

Vivendo em acampamentos florestais por meses a fio, a equipe registrou diferenças físicas observadas entre as soberbas e as Vogelkop, que confirmaram a separação das espécies.

Por exemplo, a capa de pena da Vogelkop tem uma forma diferente da soberba, que é mais oval.

A equipe espera encontrar mais espécies de aves-do-paraíso na ilha, em regiões tão isoladas e remotas que o desenvolvimento humano ainda não invadiu demais seu habitat.

Conservação

Na última década, o ecoturismo responsável na Nova Guiné decolou, uma vez que a soberba ave-do-paraíso é uma espécie de Mona Lisa da observação de pássaros.

Scholes espera que o desenvolvimento futuro deixe a região intacta. “Antes, encontrávamos um mochileiro intrépido a cada cinco anos; agora há caravanas chegando, com pequenos grupos, procurando pássaros intensamente”.

A dupla planeja continuar pesquisando aves-do-paraíso na área. “Estamos comprometidos a longo prazo”, concluiu o ornitólogo. [NatGeo]

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