Cientistas Traduziram Teias de Aranha em Música, e É Absolutamente Incrível

Por , em 3.01.2024

Aranhas dependem fortemente do tato para perceber o mundo ao seu redor. Elas possuem inúmeros pelos minúsculos e fendas em seus corpos e patas, capazes de detectar diferentes tipos de vibrações.

Quando uma presa entra acidentalmente em uma teia de aranha, produz um tipo de ruído vibratório diferente do de outra aranha que se aproxima com intenções de acasalamento, ou mesmo de um leve movimento do ar. Cada parte da teia emite um som distinto.

Há alguns anos, pesquisadores transformaram a estrutura tridimensional de uma teia de aranha em sons musicais, em colaboração com o artista Tomás Saraceno, desenvolvendo um instrumento musical chamado “Tela de Aranha”.

Em 2021, essa iniciativa foi expandida com a inclusão de um recurso de realidade virtual interativa, permitindo que as pessoas entrassem virtualmente e interagissem com a teia de aranha.

De acordo com a equipe de pesquisa, esse estudo não só ajuda a entender a estrutura complexa tridimensional das teias de aranhas, mas também pode auxiliar na decodificação da comunicação vibracional das aranhas.

Markus Buehler, engenheiro do MIT, explicou: “As aranhas vivem em um mundo de cordas vibratórias. Elas têm uma visão limitada, então percebem o ambiente através de frequências de vibração diferentes.”

Geralmente, ao imaginar uma teia de aranha, pensa-se na teia do tecelão-orb, que é plana e circular, com linhas radiais e uma rede espiral. No entanto, a maioria das teias de aranha não são assim. Em vez disso, elas têm uma estrutura tridimensional, como teias de folha, teias emaranhadas e teias de funil.

Para estudar a estrutura desses tipos de teias, os pesquisadores mantiveram uma aranha tropical de teia-tenda (Cyrtophora citricola) em um recinto retangular até que ela construísse uma teia tridimensional. Eles usaram um laser para destacar e capturar imagens bidimensionais de alta definição das seções transversais da teia.

Um algoritmo especialmente desenvolvido foi usado para reconstruir a estrutura tridimensional da teia a partir dessas imagens. Para converter essa estrutura em música, diferentes frequências sonoras foram atribuídas a várias partes da teia, sendo tocadas em padrões que refletiam a estrutura da teia.

A equipe também monitorou uma teia durante sua construção, convertendo cada fase em notas musicais. Isso permitiu que mudanças na estrutura da teia fossem refletidas na música, possibilitando que os ouvintes acompanhassem audivelmente a construção da teia. Essa documentação do processo de construção ajuda a entender como as aranhas constroem teias tridimensionais sem estruturas de suporte, uma técnica potencialmente aplicável na impressão 3D.

“Tela de Aranha” permitiu que as pessoas ouvissem a música da teia de aranha, mas a adição de realidade virtual, onde os usuários podiam interagir com as partes da teia, proporcionou uma experiência mais imersiva, conforme descrito pelos pesquisadores.

“O ambiente de realidade virtual é fascinante porque permite perceber detalhes estruturais através da visão e da audição”, disse Buehler.

“Essa percepção dupla ajuda a compreender profundamente o habitat da aranha.”

O ambiente VR, com sua dinâmica realista de teia, também permite que os pesquisadores observem os efeitos de manipular a teia. Alterar uma parte muda seu som, e quebrar uma mostra seu impacto nas partes adjacentes. Isso ajuda a compreender o design arquitetônico das teias de aranha.

O mais intrigante é que o projeto levou ao desenvolvimento de um algoritmo capaz de identificar as vibrações das teias de aranha e categorizá-las em diferentes estados, como “presa capturada”, “teia em construção” ou “chegada de outra aranha com intenções amorosas”. Este trabalho é um passo inicial para potencialmente se comunicar com aranhas, especialmente a aranha tropical de teia-tenda.

“Estamos tentando criar sinais sintéticos para nos comunicar na linguagem da aranha”, mencionou Buehler.

“Estamos explorando se a exposição a padrões rítmicos específicos pode influenciar seu comportamento e abrir possibilidades de interação.”

Essa pesquisa foi apresentada na reunião de primavera de 2021 da Sociedade Americana de Química, e suas descobertas anteriores foram publicadas em 2018 no Journal of the Royal Society Interface. [Sciece Alert]

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